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Israel manterá tropas no Líbano após prazo de retirada, diz Exército

Porta-voz das Forças Armadas israelenses declarou que decisão visa defender os moradores da região e garantir que não existam ‘ameaças iminentes’

Exército de Israel: tropas permanecerão em cinco posições estratégicas no Líbano (Jack GUEZ/AFP)

Exército de Israel: tropas permanecerão em cinco posições estratégicas no Líbano (Jack GUEZ/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 19h03.

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O Exército de Israel anunciou nesta segunda-feira, 17, que permanecerá em cinco “posições estratégicas” no Líbano após esta terça-feira, prazo final para a retirada de suas tropas do país, conforme estabelecido pelo acordo de trégua entre o Estado judeu e o grupo xiita Hezbollah. Segundo o porta-voz das Forças Armadas israelenses, Nadav Shoshani, a decisão visa “continuar defendendo os residentes” da região e garantir que não haja uma “ameaça iminente”.

"Dada a situação, deixaremos pequenos contingentes de tropas temporariamente implantados em cinco pontos estratégicos ao longo da fronteira com o Líbano", disse Shoshani a jornalistas.

O movimento teria sido coordenado com os Estados Unidos, embora as discussões sobre uma retirada completa de Israel da área ainda estejam em andamento, publicou o jornal israelense Haaretz. Washington estaria pressionando o Estado judeu para abandonar as cinco posições remanescentes em breve, argumentando que isso não comprometeria sua capacidade de realizar ataques aéreos contra alvos do Hezbollah.

Pressão internacional pela retirada

Já a França, que também atuou para o cessar-fogo, continua insistindo que Israel deve retirar suas tropas da área. Após uma reunião com seu homólogo libanês em Paris na semana passada, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barreau, reafirmou que ambos os países insistem para que Israel deixe o Líbano até a data acordada. Autoridades francesas acreditam que soluções alternativas podem ser encontradas.

A França acredita que a presença contínua de Israel no Líbano pode servir como um fator de mobilização para o apoio popular ao Hezbollah. E argumenta que uma maior cooperação entre o Exército libanês e a Unifil (força de paz da ONU), caso recebam os recursos necessários e sejam capacitadas para tomar medidas proativas contra o Hezbollah, poderia testar a capacidade do governo libanês de enfrentar o grupo.

Hezbollah enfraquecido e segurança reforçada

O Exército israelense afirmou que suas forças permanecerão na região até que Israel tenha certeza de que o Hezbollah não retornará à área ao sul do rio Litani. As Forças Armadas também afirmaram que o número de tropas posicionadas na fronteira será quase três vezes maior do que antes da guerra e que suas forças inspecionaram “quase todos os edifícios e áreas abertas” dentro de um raio de 8 km da fronteira.

As autoridades israelenses também disseram que estão se preparando para um cenário em que moradores libaneses que retornaram às suas aldeias possam tentar confrontar as tropas de Israel. Foi determinado que uma área próxima à fronteira será considerada proibida para aproximação. Ainda assim, as Forças Armadas destacaram que o Exército libanês tem tomado medidas contra os membros do Hezbollah.

“O Hezbollah foi severamente enfraquecido em termos de capacidade, e as rotas de contrabando a partir da Síria foram duramente atingidas devido ao colapso do regime”, diz a nota do Exército de Israel, acrescentando que o objetivo atual é manter a situação existente.

Relação EUA x Israel e os próximos passos

Em reunião no Estado judeu nesta semana, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, expressou satisfação com a cooperação entre Israel e o Líbano na implementação do cessar-fogo. Rubio partiu para a Arábia Saudita na manhã desta segunda-feira, enquanto Morgan Ortagus, vice-enviada especial para o Oriente Médio sob a administração Trump, permanece em Israel para monitorar os desdobramentos.

Na semana passada, um alto funcionário do governo Trump disse ao Haaretz que a presença contínua de Israel nos cinco postos no Líbano está diretamente ligada à capacidade do governo libanês de impedir o Hezbollah de se restabelecer na área.

À Bloomberg, o ministro de Assuntos Estrangeiros de Israel, Ron Dermer, disse que o Exército israelense pode manter seus postos no Líbano até que o país cumpra suas obrigações sob o acordo.

Dois meses de guerra e cenário futuro

O cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor em 27 de novembro, após dois meses de guerra aberta e mais de um ano de hostilidades transfronteiriças. Pelo acordo, apenas o Exército libanês e as forças de manutenção da paz das Nações Unidas devem se posicionar no sul do Líbano, de onde o Exército israelense deveria se retirar em um prazo de 60 dias, posteriormente estendido até 18 de fevereiro.

Por sua vez, o Hezbollah deve retirar suas forças para o norte do rio Litani, a cerca de 30 km da fronteira, e desmantelar sua infraestrutura militar no sul. O presidente do Líbano, Joseph Aoun, já havia expressado preocupação de que Israel não cumprisse o prazo. Em nota, ele declarou que seu país tem realizado gestões diplomáticas e não aceitará a “permanência de nenhum israelense” em seu território.

Os bombardeios israelenses devastaram várias áreas do Líbano, especialmente os redutos do Hezbollah no sul e no leste do país, bem como nos subúrbios ao sul da capital, Beirute. O conflito deixou mais de 100 mil deslocados dentro do território, segundo a agência da ONU para as migrações, e as autoridades libanesas estimam que a reconstrução pode custar até 11 bilhões de dólares.

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