Mundo

Israel e Hamas chegam a acordo de cessar-fogo para parar guerra em Gaza

Negociadores concordaram com um esboço provisório do acordo em Gaza; primeira fase prevê liberação de reféns

Manifestantes participam de um protesto pedindo ação para garantir a libertação de israelenses mantidos reféns em Gaza desde outubro de 2023 (AFP)

Manifestantes participam de um protesto pedindo ação para garantir a libertação de israelenses mantidos reféns em Gaza desde outubro de 2023 (AFP)

Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 14h14.

Última atualização em 15 de janeiro de 2025 às 16h10.

Tudo sobreFaixa de Gaza
Saiba mais

Israel e Hamas concordaram com um cessar-fogo em Gaza, nesta quarta-feira, 15, que colocará uma pausa em uma guerra que dura 15 meses e se tornou um dos piores conflitos no Oriente Médio nesta década.

O anúncio do cessar-fogo foi feito pelo premiê do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, que media as negociações, e pelo presidente dos EUA, Joe Biden. "Este acordo irá parar a luta em Gaza, permitir a ajuda humanitária muito necessária aos civis palestinos e reunir os reféns com suas famílias", disse Biden, em comunicado.

O acordo também havia sido anunciado antes pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e por negociadores, que falaram sob anonimato a agências internacionais. “Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Eles serão liberados em breve. Obrigado!", escreveu Trump na rede social Truth Social.

Thani disse que as duas partes estão trabalhando em detalhes logísticos para implantar o tratado, que deve passar a valer no domingo, 19. A primeira fase do acerto durará seis semanas e prevê a liberação dos reféns israelenses que foram levados pelo Hamas, na invasão em 7 de outubro de 2023 que deu origem ao conflito.

Os israelenses deverão se retirar para o leste de Gaza, loonge das áreas mais populosas. Em troca, 33 reféns serão soltos ao longo de 42 dias.

O acordo ainda precisa ser assinado formalmente pelos dois lados. O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse, em nota, que o acordo ainda tem alguns pontos pendentes, mas que espera resolvê-los na noite desta quarta. O tratado precisará ser aprovado formalmente pelo gabinete de Netanyahu, o que pode ocorrer na terça pela manhã.

O Hamas confirmou o acordo em uma declaração distribuída via Telegram, segundo o New York Times. "É uma conquista para o nosso povo. Um momento histórico no conflito com nosso inimigo", disse.

A guerra gerou protestos em todo o mundo ao longo de sua duração. Nesta quarta-feira não foi diferente. Centenas de manifestantes se reuniram do lado de fora da sede militar israelense em Tel Aviv, pedindo que um acordo fosse concluído. Muitos seguravam cartazes de reféns mantidos pelo Hamas, outros levantavam velas no ar.

Entenda a guerra entre Israel e Hamas

Desde sua fundação, em 1948, Israel é criticado por ter se estabelecido em parte sobre terras onde palestinos viviam. Todos os vizinhos apoiam a causa palestina e poucos reconhecem Israel como um Estado (veja mapa abaixo). Nos últimos anos, no entanto, isso vinha mudando.

Em 2020, foram assinados os Acordos de Abraão, com Israel, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Sudão e Marrocos. Os tratados criaram parcerias, como abertura comercial e criação de voos diretos. Assim, turistas israelenses foram a ­Dubai, e os negócios entre ­Israel e os Emirados atingiram 500 milhões de dólares em 2023.

O ataque do Hamas, em 7 de outubro de 2023, freou esse processo. Naquele dia, terroristas invadiram Israel e mataram pelo menos 1.195 pessoas e sequestraram mais de 200, segundo o governo israelense. O Hamas disse que atacou em resposta a pressões de Israel, a quem acusa de sufocar a economia de Gaza e de seguir criando assentamentos em áreas em disputa.

Um dia após o ataque, Israel invadiu Gaza. De forma dura. O governo local, controlado pelo Hamas, diz que mais de 41.000 palestinos foram mortos e 95.000 ficaram feridos desde o início da operação.

Além disso, centenas de milhares de pessoas tiveram de deixar suas casas. Isso aumentou a pressão sobre Israel, especialmente do Irã. O país encabeça o “eixo da resistência”, que inclui grupos como Hamas e Hezbollah, rebeldes houthis no Iêmen e milícias que apoiam o governo da Síria.

A história da faixa de Gaza

A Faixa de Gaza tem este nome por ser, literalmente, uma faixa no mapa: tem 11 quilômetros de largura e 40 quilômetros de extensão e ocupa área de 360 km², equivalente a um quarto da cidade de São Paulo

A população de Gaza era estimada em 2,1 milhões de pessoas antes do conflito, segundo dados do CIA World Factbook, sendo que 98% são muçulmanos. A região tem muitos jovens: a idade média da população é de 18 anos, e quase 40% dos moradores tem até 14 anos.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel retomou a Faixa de Gaza do Egito, e ocupou a região militarmente até os anos 1990, quando iniciou uma transição de governo da região para a Autoridade Palestina. A retirada completa de tropas israelenses só foi concluída em 2005. Israel manteve forte controle das fronteiras, para impedir que palestinos acessem livremente seu território.

No entanto, em 2007, o grupo Hamas passou a controlar o governo na Faixa de Gaza, após ser bem votado nas eleições palestinas. Isso fez com que Israel, Estados Unidos e Europa adotassem sanções contra Gaza. O governo israelense, Israel adotou medidas duras contra a região como impedir a importação de combustível.

Nos anos seguintes, houve vários momentos de tensão, com troca de ataques de mísseis, entre Gaza e Israel. Em 2014, houve uma das maiores crises: depois que três adolescentes foram sequestrados, forças israelenses invadiram Gaza, em uma ofensiva que durou 50 dias. Mais de 5.000 locais em Gaza foram atacados. Novos embates ocorreram entre os dois lados nos anos seguintes.

Para entender mais do conflito entre Israel e Hamas:

Acompanhe tudo sobre:IsraelFaixa de GazaOriente Médio

Mais de Mundo

Grande incêndio atinge reservatório de água que abastece a capital colombiana

Voluntários tiram escombros do bairro nobre de Palisades após incêndios em Los Angeles

Economia da Alemanha está em recessão pelo segundo ano consecutivo

CPI: inflação dos EUA acelera e tem alta anual de 2,9% em 2024