Agência de Notícias
Publicado em 20 de março de 2025 às 12h28.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou nesta quinta-feira que a carta enviada na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo ao país que negociasse seu programa nuclear, tem um tom de "ameaça", mas também traz oportunidades.
"A carta tem principalmente um tom de ameaça, mas também afirma que há oportunidades. Consideraremos tanto a dimensão de ameaças como a de oportunidades", disse Araqchi em um discurso relatado pela agência de notícias estatal IRNA.
O ministro das Relações Exteriores iraniano acrescentou que responderá à carta nos "próximos dias" através dos "canais apropriados".
Araqchi reiterou que não negociará diretamente com os Estados Unidos sob pressão, ameaças e novas sanções.
Trump enviou uma carta a Teerã na semana passada pedindo que negociasse um acordo nuclear, que, de acordo com o portal americano Axios, incluía um prazo de dois meses para que chegassem a um novo pacto.
O portal Axios destacou que não está claro quando a contagem regressiva começa, se a partir do momento em que a carta foi recebida ou a partir do início das negociações.
O Irã declarou no último dia 13 de março que estava "avaliando" a carta e responderia após uma "avaliação e investigação exaustivas".
Quando o Irã confirmou o recebimento da carta, a mais alta autoridade política e religiosa da República Islâmica considerou que Trump estava convidando ao diálogo para poder dizer que "o Irã se recusa a negociar" e lembrou que foi o republicano quem abandonou o pacto nuclear de 2015 durante seu primeiro mandato (2017-2021).
Esse pacto, que limitava o programa nuclear do Irã em troca do levantamento das sanções, foi assinado entre o Irã e Alemanha, Reino Unido, China, França, Rússia e EUA, que o abandonaram unilateralmente e voltaram a impor sanções econômicas contra Teerã.
Após a retirada dos EUA do acordo nuclear, o Irã passou a enriquecer urânio muito além dos limites permitidos pelo extinto pacto e agora possui 274 quilos de urânio enriquecido com 60% de pureza, próximo aos 90% necessários para uso militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). EFE