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Grupo japonês vencedor do Nobel da Paz pede mundo sem armas nucleares

Terumi Tanaka, de 92 anos, copresidente da associação e sobrevivente do bombardeio de Nagasaki, exigiu "ações por parte dos governos para alcançar este objetivo"

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 10 de dezembro de 2024 às 13h20.

O grupo japonês de sobreviventes da bomba atômica, Nihon Hidankyo, pediu, nesta terça-feira, 10, ao receber o Prêmio Nobel da Paz, que os países atuem para eliminar as armas nucleares, uma ameaça novamente presente quase 80 anos depois dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki.

Terumi Tanaka, de 92 anos, copresidente da associação e sobrevivente do bombardeio de Nagasaki, exigiu "ações por parte dos governos para alcançar este objetivo" de um mundo sem armas de destruição em massa, durante a entrega do prêmio.

A cerimônia, realizada na prefeitura de Oslo, ocorre em um contexto em que países como a Rússia estão novamente intensificando a ameaça nuclear.

"Me sinto infinitamente triste e cheio de raiva porque o 'tabu nuclear' pode ser quebrado", afirmou Tanaka diante de uma sala cheia de dirigentes.

A partir dos testemunhos dos sobreviventes — os "hibakusha" — dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, a associação Nihon Hidankyo luta para que as armas de destruição em massa desapareçam do mundo.

Os bombardeios americanos nessas duas cidades japonesas, em 6 e 9 de agosto de 1945, causaram cerca de 214.000 mortos e forçaram o Japão a se render, colocando fim à Segunda Guerra Mundial.

Terumi Tanaka tinha 13 anos quando Nagasaki foi devastada pela bomba, cujo hipocentro estava a três quilômetros de sua casa. Cinco membros de sua família morreram.

Ele estava lendo no andar de cima quando a bomba foi lançada.

"Ouvimos uma explosão, de repente vi uma luz branca brilhante que envolvia tudo. E tudo ficou silencioso. Fiquei atônito. Senti que estava em perigo de morte", explicou à AFP poucas horas antes da cerimônia.

Tanaka correu para o andar de baixo e desmaiou quando duas portas de vidro foram lançadas pelos ares devido à explosão e caíram sobre ele, sem se quebrar. "Um milagre", recordou.

Rússia e Coreia do Norte

O presidente russo, Vladimir Putin, assinou recentemente um decreto que amplia as possibilidades de uso de armas nucleares, como parte de uma estratégia para dissuadir as potências ocidentais de fornecer ajuda militar à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.

O exército russo, que possui o maior arsenal nuclear do mundo, disparou em 21 de novembro um míssil balístico de alcance médio, com capacidade nuclear, contra uma cidade ucraniana, embora, naquela ocasião, o míssil não tenha sido carregado com a arma.

Para o Ocidente, a ameaça também vem da Coreia do Norte, que tem intensificado os lançamentos de mísseis balísticos, e do Irã, suspeito de estar se equipando com armas atômicas, apesar das negativas de Teerã.

Nove países possuem atualmente armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido, China, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e, extraoficialmente, Israel.

"Sem dúvida, nosso movimento desempenhou um papel importante na criação do 'tabu nuclear'", afirmou Tanaka.

"Contudo, ainda existem 12.000 ogivas nucleares no mundo atualmente, das quais 4.000 estão implantadas e são operacionais, preparadas para serem lançadas imediatamente", alertou.

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