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G20 se reúne em Buenos Aires com guerra comercial na pauta

O grupo se vê às voltas com uma ameaça que tem nome e sobrenome: Donald Trump

Trump chega em Buenos Aires: analistas políticos internacionais chegaram a chamar o atual encontro de G19 vs. Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

Trump chega em Buenos Aires: analistas políticos internacionais chegaram a chamar o atual encontro de G19 vs. Trump (Kevin Lamarque/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 07h09.

Última atualização em 30 de novembro de 2018 às 07h31.

O G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo, se reúne entre hoje e amanhã em Buenos Aires com o objetivo de reafirmar a sua própria razão de ser. Criado em 1999 para facilitar o encaminhamento de questões econômicas e comerciais entre os países que representam 90% do PIB global, o grupo se vê às voltas com uma ameaça que tem nome e sobrenome: Donald Trump. As reiteradas ameaças do presidente americano de sobretaxar países e empresas que, em sua visão, joguem contra os interesses americanos, coloca toda a cúpula em suspenso.

Analistas políticos internacionais chegaram a chamar o atual encontro de G19 vs. Trump. Na segunda-feira, o americano afirmou que não recuará da imposição de tarifas de até 25% sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas, previstas para entrar em vigor em primeiro de janeiro. Na terça, disse que a montadora General Motors está “brincando com a pessoa errada” ao anunciar que fechará fábricas e demitir até 15.000 pessoas nos Estados Unidos.

Trump protagonizará alguns dos encontros mais esperados do G20. Com o chinês Xi Jinping, debaterá as novas tarifas comerciais. Com México e Canadá deve assinar uma nova versão do Nafta, o acordo comercial da América do Norte, que ainda depende da aprovação de um Congresso de maioria democrata. Com a Arábia Saudita, deve ter uma desconfortável conversa com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, acusado pela comunidade internacional de crimes contra a humanidade no Iêmen e do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Outro esperado encontro, com o russo Vladimir Putin, foi cancelado após o aumento das tensões políticas do país com a Ucrânia.

Um tema que dominou a pauta do encontro do G20 ano passado em Hamburgo, a crise migratória, deve voltar à mesa no momento em que uma caravana de migrantes da América Central busca refúgio nos Estados Unidos.

Vinte anos atrás, o G20 conseguiu consenso em políticas que evitaram a formação de uma recessão global. Desta vez, um novo momento de instabilidade econômica está à espreita, com reiterados recuos na previsão do PIB global para 2019 — embora as mais recentes previsões do FMI ainda sejam de avanço de 3,7%.

Desta vez, a beligerância do debate comercial coloca em dúvida até o texto final do encontro, tradicionalmente elaborado com antecedência por técnicos dos países envolvidos. Desta vez, os líderes globais chegam a Buenos Aires para escrever uma página em Branco. O Brasil, mais uma vez, será coadjuvante: Temer terá encontros bilaterais apenas com Austrália e Singapura.

O governo argentino decretou feriado hoje em Buenos Aires, para se certificar de que o caos e a incerteza fiquem apenas da porta para dentro do centro de convenções Costa Salguero, às margens do Rio da Prata, onde os chefes de estado se reúnem durante o dia, ou no Teatro Colón, local do jantar de gala desta sexta-feira.

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