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Fundador do WikiLeaks é indiciado nos Estados Unidos

Julian Assange é responsável por um gigantesco vazamento de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos, em 2010

Julian Assange: caso que pode ter implicações na investigação da suposta interferência russa na campanha eleitoral americana de 2016 (Neil Hall/Reuters)

Julian Assange: caso que pode ter implicações na investigação da suposta interferência russa na campanha eleitoral americana de 2016 (Neil Hall/Reuters)

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AFP

Publicado em 16 de novembro de 2018 às 14h54.

Washington - O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, responsável por um gigantesco vazamento de documentos confidenciais do governo dos Estados Unidos em 2010, foi indiciado neste último país, em um caso que pode ter implicações na investigação da suposta interferência russa na campanha eleitoral americana de 2016.

Promotores revelaram de modo inadvertido a existência da acusação, classificada como secreta, em um processo judicial não relacionado, afirmou o WikiLeaks.

A natureza precisa das acusações contra Assange não foi divulgada.

"Furo: o Departamento de Justiça 'acidentalmente' revelou a existência de acusações confidenciais (ou um rascunho para elas) contra o editor do WikiLeaks Julian Assange, em um aparente erro de 'copiar e colar' em um caso não relacionado", escreveu o WikiLeaks no Twitter.

As acusações ainda fechadas contra Assange foram reveladas pela promotora adjunta Kellen Dwyer no momento em que arquivava um caso separado e pedia a um juiz para manter o arquivo como confidencial.

Mas, por erro, a promotora mencionou Assange ao invés do arquivo em questão, provavelmente ao "colar" o parágrafo de outro.

Ela escreveu que "devido à sofisticação do acusado e da publicidade ao redor do caso, é improvável que outro procedimento possa manter confidencial o fato de que Assange foi acusado", informou o jornal "The Washington Post".

Em seguida, Dwyer escreveu que o indiciamento deve "permanecer confidencial até que Assange seja preso".

A acusação de Assange nos Estados Unidos poderia ter implicações na investigação comandada pelo procurador especial Robert Mueller sobre um suposto conluio da campanha presidencial de Donald Trump de 2016 com a Rússia, e sobre se Trump obstruiu a Justiça na investigação.

Em julho, Mueller acusou 12 espiões russos de conspiração ao hackear os computadores do Comitê Nacional Democrata, assim como por roubo de informação e publicação dos arquivos com o objetivo de distorcer o resultado da votação.

Uma das acusações faz referência ao WikiLeaks, descrito como "Organização 1" e plataforma usada pelos russos para divulgar os e-mails roubados.

A imprensa americana foi alertada no fim da noite de quinta-feira sobre a revelação involuntária, graças a um tuíte de Seamus Hugues, vice-diretor do Programa de Extremismo da Universidade George Washington, conhecido por monitorar os arquivos judiciais.

"Aconteceu um erro na apresentação ao tribunal", disse Joshua Stueve, porta-voz do gabinete da Promotoria no distrito leste de Virgínia.

Assange, 47 anos, permanece desde 2012 na embaixada do Equador em Londres, onde buscou refúgio ante o temor de uma extradição aos Estados Unidos pela divulgação em 2010 de milhares de documentos confidenciais americanos.

O fundador do WikiLeaks procurou asilo depois que um juiz britânico decidiu a favor de sua extradição à Suécia, onde Assange enfrentava acusações de estupro, que depois foram arquivadas.

Ele considerava a extradição uma desculpa para ser levado para os Estados Unidos.

Londres afirma agora que ele deve enfrentar a Justiça por não cumprir as regras da liberdade condicional ao buscar refúgio na representação equatoriana, mas Assange teme que a situação termine com sua extradição aos Estados Unidos.

Barry J. Pollack, um dos advogados de Assange, disse que "a única coisa mais irresponsável do que acusar uma pessoa por publicar informação verídica seria ventilar, em um caso público, informação que claramente não era destinada ao público, e sem nenhuma notificação ao sr. Assange".

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