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Extrema-direita chega à Casa Branca através de Steve Bannon

O presidente eleito anunciou no domingo que Bannon permanecerá ao seu lado na Casa Branca, como chefe de estratégia e principal conselheiro

Steve Bannon: sua nomeação para um alto posto de governo despertou consternação entre os democratas (Carlo Allegr's/Reuters)

Steve Bannon: sua nomeação para um alto posto de governo despertou consternação entre os democratas (Carlo Allegr's/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 22h54.

Donald Trump designou como seu principal assessor Steve Bannon, que até pouco tempo atrás foi o diretor do controverso portal Breitbart, um ponto de referência da "direita alternativa", um movimento associado à ideia da supremacia branca.

Bannon, de 62 anos, comandou o site até agosto passado, quando Trump o recrutou como diretor-geral de sua campanha.

O presidente eleito anunciou no domingo que Bannon permanecerá ao seu lado na Casa Branca, como chefe de estratégia e principal conselheiro, ao lado de Reince Priebus, a quem nomeou chefe de gabinete.

Nos dois últimos meses, Bannon comandou a campanha do candidato republicano e deixou sua marca na denúncia populista feita por Trump de que há uma ordem mundial controlada por "uma estrutura mundial de poder", segundo sua última propaganda televisionada, algo que a esquerda critica por apelar à teoria da conspiração.

Sua nomeação para um alto posto de governo despertou consternação entre os democratas, que lembraram dos incontáveis artigos incendiários publicados no Breitbart, beirando o anti-semitismo e nostálgicos da bandeira confederada do sul escravagista na Guerra da Secessão, enquanto criticam a imigração e a diversidade cultural.

"Os supremacistas brancos estarão representados nos mais altos níveis da Casa Branca de Trump", denunciou Adam Jentleson, porta-voz de Harry Reid, líder dos democratas no Senado.

"A extrema-direita racista e fascista está representada no umbral do Salão Oval. Os Estados Unidos deverão estar muito vigilantes", tuitou John Weaver, ligado ao pré-candidato republicano moderado, John Kasich.

Evan McMullin, candidato conservador independente à Presidência, também criticou a promoção do "anti-semita" Bannon.

Os democratas citam as acusações da ex-mulher de Bannon, Mary Louise Piccard, que durante seu processo de divórcio, há cerca de dez anos, afirmou, segundo o jornal New York Daily News, que ele teria se recusado a enviar suas filhas a várias escolas devido à presença de judeus. As acusações foram refutadas.

Em agosto, quando se anunciou que ele dirigiria a equipe de campanha de Trump, o entorno da candidata democrata, Hillary Clinton, acusou Bannon e seu site na internet de divulgar incontáveis "teorias conspiratórias anti-muçulmanas e anti-semitas".

Inimigo do Partido Republicano

Banqueiro de negócios do Goldman Sachs nos anos 1980, Bannon fundou, ao mesmo tempo, um pequeno banco de investimentos, o Bannon & Co, que ele vendeu em 1998, antes de se tornar produtor em Hollywood.

Nos anos 2000, começou a produzir filmes políticos sobre Ronald Reagan, o Tea Party e Sarah Palin, que foi candidata à vice-presidência por este grupo político.

Bannon se reencontrou com Andrew Breitbart, fundador do site homônimo, e se uniu à batalha do Tea Party contra a classe política dos Estados Unidos, tanto democrata quanto republicana. Em 2012, com a morte de Breitbart, ele assumiu as rédeas do site, sediado em Washington.

O ex-presidente da Câmara de Representantes John Boehner foi uma de suas vítimas em 2015, e seu sucessor, Paul Ryan, foi alvo de repetidos ataques do site Breitbart, que o qualificou de ser um líder parlamentar dócil, incapaz de resistir a Barack Obama e defender as ideias conservadoras.

"Venho de uma família democrata de classe trabalhadora, católica irlandesa, pró-Kennedy, pró-sindicatos", disse Bannon em 2015 à Bloomberg.

"Não era político antes de voltar ao Exército e descobrir até que ponto Jimmy Carter atrapalhou as coisas. Virei um grande admirador de Reagan. Ainda sou. Mas o que me voltou contra todo o establishment foi voltar de comandar companhias na Ásia em 2008 e ver que Bush atrapalhou tanto quanto Carter. Todo o país era um desastre", acrescentou.

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