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Espanha chama para consultas embaixadora na Argentina e exige desculpas de Milei

O presidente da Argentina, Javier Milei, discursou no palco durante o comício "Europa Viva 24" do partido de extrema direita Vox, da Espanha, em Madri, neste domingo, 19

Milei se referiu a Begoña Gómez, esposa do presidente do governo da Espanha, como uma "mulher corrupta" (Juan MABROMATA/AFP)

Milei se referiu a Begoña Gómez, esposa do presidente do governo da Espanha, como uma "mulher corrupta" (Juan MABROMATA/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 19 de maio de 2024 às 16h10.

Última atualização em 19 de maio de 2024 às 20h37.

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A Espanha convocou sua embaixadora em Buenos Aires para consultas "sine die" e exigiu um pedido de desculpas do presidente argentino, Javier Milei, por ter chamado a esposa do presidente do Governo, Pedro Sánchez, de "corrupta" neste domingo (19) durante um evento em Madri, anunciou o ministro das Relações Exteriores.

"Anuncio que acabo de convocar nossa embaixadora em Buenos Aires para consultas sine die", disse José Manuel Albares em uma mensagem institucional, depois de denunciar palavras "extremamente graves" que foram "sem precedentes na história das relações internacionais".

"A Espanha também exige um pedido público de desculpas do Sr. Milei. Se não houver tal pedido de desculpas, tomaremos todas as medidas que consideramos apropriadas para defender nossa soberania", acrescentou Albares.

Durante um discurso em uma reunião em Madri de líderes de extrema direita organizada pelo partido espanhol Vox, Milei se referiu a Begoña Gómez como uma "mulher corrupta".

Embora ele não tenha identificado Sánchez ou sua esposa pelo nome, a alusão de Milei ao período de reflexão que ele levou para decidir se renunciaria devido aos ataques à sua esposa permitiu que o casal fosse identificado.

"As elites globais não percebem o quão destrutivo pode ser implementar as ideias do socialismo (...), mesmo que você tenha a esposa corrupta, digamos, suja-se [sic] e tire cinco dias para pensar sobre isso", disse ele.

Gómez está sendo investigada por sua suposta relação comercial com empresas que receberam ajuda do governo.

Em uma mensagem publicada na rede social X, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, expressou seu apoio ao governo espanhol, afirmando que "ataques contra parentes de líderes políticos não têm lugar em nossa cultura: nós os condenamos e rejeitamos, especialmente quando vêm de aliados".
Desentendimentos constantes

Esse novo desentendimento entre Madri e Buenos Aires se soma ao que ocorreu recentemente por causa das palavras do ministro dos Transportes da Espanha, Óscar Puente.

Puente cometeu o "erro" - de acordo com seu próprio pedido de desculpas posterior - de afirmar que Milei havia ingerido "substâncias" antes de um discurso."Há pessoas muito ruins que, sendo elas mesmas, chegaram ao topo", acrescentou, referindo-se ao líder argentino.

O governo argentino emitiu uma declaração dura condenando essas palavras, mas após o pedido de desculpas de Puente, a questão foi "resolvida" e "finalizada", de acordo com o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, em 6 de maio.

Milei foi a estrela do evento de domingo, desferindo ataques ao socialismo e clamando pela união entre os ultranacionalistas europeus para enfrentá-lo. 

"Não vamos nos render ao socialismo, vamos enfrentá-lo com mais coragem", disse Milei, cuja vitória nas eleições argentinas de 2023, com um discurso descomplicado e furioso, fez dele um ponto de referência para os movimentos "patrióticos" europeus.

"Parece que somos poucos, mas não temos nada a temer, porque a vitória no campo de batalha não depende do número de soldados, mas das forças que vêm do céu", disse ele.

Diante de representantes e apoiadores de um movimento dividido no Parlamento Europeu e com pouca experiência no poder, Milei prometeu "liderar pelo exemplo e mostrar ao mundo que um governo com nossas ideias pode ser bem-sucedido".

Evento com reunião de líderes da direita

O evento em Madri foi organizado pelo partido espanhol Vox antes das eleições europeias serem realizadas na Espanha em 9 de junho. Seu líder, Santiago Abascal, chamou Milei de "nossa estrela brilhante".

O comício reuniu milhares de pessoas no pavilhão Vistalegre, em Madri, entre as quais havia principalmente espanhóis, mas também argentinos, venezuelanos e cubanos.

Os presentes compareceram com camisas da seleção argentina e bandeiras adornadas com slogans de Milei, como "Viva la libertad, carajo", ou mensagens dirigidas a ele: "Sos la esperanza para volver a mi tierra" (Você é a esperança para voltar à minha terra), dizia uma delas.
Ultradireita internacional

Com o evento deste domingo, chega ao fim a primeira viagem de Javier Milei à Espanha desde que ele se tornou presidente da Argentina em dezembro. Uma visita que começou na sexta-feira e na qual ele não se reuniu com nenhum membro do governo espanhol do socialista Pedro Sánchez. Tampouco foi recebido pelo rei Felipe VI, como costuma acontecer.

Sánchez, que durante as eleições argentinas expressou seu apoio a Sergio Massa, rival de Milei, criticou a manifestação deste domingo antes de seu início.

"A ultradireita internacional está se reunindo hoje na Espanha com Abascal e Milei à frente. E eles fazem isso aqui porque a Espanha representa o que eles odeiam: feminismo, justiça social, dignidade trabalhista", escreveu Sánchez na rede social X.

O evento também contou com a presença de figuras da extrema direita, como a francesa Marine Le Pen, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni - os dois últimos por vídeo - e o chileno José Antonio Kast.

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