Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 13h16.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2025 às 13h19.
Em um novo desdobramento da crise aberta entre os EUA e a Ucrânia, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, afirmou nesta quinta-feira que Kiev deveria "baixar o tom e assinar" os termos de um acordo proposto por Washington, que quer receber o direito de exploração de recursos minerais em contrapartida pela ajuda bilionária enviada ao país ao longo da guerra com a Rússia. O comentário de Waltz veio um pouco antes do enviado especial do presidente Donald Trump à Ucrânia, Keith Kellogg, cancelar uma coletiva de imprensa que daria após um encontro com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Eles precisam diminuir o tom, analisar bem e assinar esse acordo", disse Waltz, em entrevista à Fox News, acrescentando que a resistência apresentada pelo governo ucraniano aos termos e à forma como Trump vem conduzindo o processo de paz era "inaceitável".
O comentário da autoridade de segurança em Washington acontece em um momento particularmente delicado entre os dois países, um dia após Trump e Zelensky trocarem farpas por meio de declarações públicas. Zelensky acusou o presidente americano de beneficiar Putin ao romper com o isolamento da Rússia e conduzir uma reunião bilateral na Arábia Saudita, e disse que o republicano vivia em uma "bolha de desinformação" russa. Trump retrucou, chamando o presidente ucraniano de "ditador", e sugeriu que ele estivesse interessado em usar o dinheiro americano para fins de corrupção.
O incidente diplomático teve repercussões imediatas na relação entre os países. O enviado especial de Trump à Ucrânia cancelou uma coletiva de imprensa que daria ao lado de Zelensky nesta quinta-feira em Kiev, após uma reunião que estava pré-agendada, antes dos comentários dos dois presidentes. A equipe de Kellogg afirmou que ele não responderia a perguntas da imprensa e só apareceria para uma sessão de fotos e um aperto de mão protocolar.
Duas questões caminham em paralelo na crise entre Kiev e Washington. Por um lado, os ucranianos (acompanhados por aliados europeus da Otan) criticam a abertura de conversas bilaterais entre EUA e Rússia, afirmando que daria legitimidade às demandas do líder russo, Vladimir Putin, que lançou o que é majoritariamente considerada uma guerra de agressão contra um vizinho. A Casa Branca afirma que a criação de canais é necessária para que o diálogo avance, com mensagens dúbias sendo passadas pelas autoridades do país, a respeito do papel dos europeus nas discussões.
Por outro, há também uma exigência do presidente Trump de reaver parte do dinheiro enviado a Kiev ao longo da guerra — que ele afirma que não deveria ter começado, e recentemente acusou a Ucrânia de ser a responsável pelo conflito. O republicano falou publicamente sobre uma proposta de receber garantias de exploração por empresas americanas de recursos naturais no país após o fim da guerra — uma proposta que Zelensky chegou a se dizer favorável na semana passada. Ontem, porém, líder ucraniano afirmou que os termos que recebeu para analisar não eram "sérios", indicando que não ofereciam garantias de segurança suficientes, e que ele não podia "vender o país".