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Entenda por que a Arábia Saudita foi escolhida por Trump para negociar sobre guerra na Ucrânia

Reino liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman investiu forte em sua imagem e ampliou alianças nos últimos anos, deixando para trás críticas de seu passado recente

Agência o Globo
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Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 10h21.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2025 às 11h16.

A escolha da Arábia Saudita pelo governo do presidente americano, Donald Trump, como o local para as principais negociações envolvendo a Ucrânia ressalta o quanto Riad avançou diplomaticamente nos últimos anos. De Estado visto com desconfiança internacional após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, o Reino liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salmam deixou para trás as críticas de seu passado recente e se transformou em um ator central nas negociações de assuntos geopolíticos ao investir forte em sua imagem e ampliar suas alianças.

Essa mudança de postura tem sido notável em diversos setores, como no campo do entretenimento e dos esportes, áreas nas quais o país tem alocado recursos significativos para fortalecer sua influência mundial. No campo diplomático, a Arábia Saudita também tem avançado consideravelmente após adotar uma estratégia mais independente de sua tradicional parceria com os Estados Unidos, o que se intensificou durante o governo de Joe Biden. Em busca de uma política externa mais autônoma, o Reino tem estreitado laços com países como China e Rússia, aliados vistos por muitos como concorrentes dos interesses americanos no cenário internacional.

Trump e Arábia Saudita

Durante sua primeira Presidência, Trump fortaleceu as relações com a Arábia Saudita, sendo o país o destino de sua primeira visita oficial no exterior. A postura pragmática do republicano, com foco em acordos diretos e interesses mútuos, é vista como uma forma de assegurar que o Reino continue a expandir sua influência sem os obstáculos impostos por uma relação mais crítica, como foi o caso com a administração Biden.

Um dos principais objetivos do governo Trump seria a concretização de um acordo de paz entre Arábia Saudita e Israel, um passo que representaria a conclusão dos Acordos de Abraão, iniciados em seu primeiro mandato. No entanto, a recente escalada do conflito em Gaza complicou esse cenário, aumentando a pressão sobre Riad, que já havia demonstrado forte oposição a certos planos de Trump para a região, como a proposta de transformar Gaza em um resort, retirando todos os palestinos.

A resposta saudita foi rápida e firme: rejeitaram o plano de Trump e se engajaram com outros países árabes na busca por uma solução mais equilibrada, que permitisse a permanência dos palestinos em Gaza, enquanto a região seria reconstruída.

Há diferenças também nas abordagens entre os sauditas e o governo Trump em relação à Cisjordânia ocupada, o que pode ser determinante para o futuro da relação entre os dois países. No entanto, uma coisa é certa: a Arábia Saudita não tem intenção de reduzir sua ambição de se afirmar como uma peça chave na diplomacia internacional. A busca por uma posição de maior protagonismo global está mais sólida do que nunca.

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