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Empresa cria âncoras por IA na Venezuela para proteger jornalistas

Pelo menos 10 jornalistas foram presos desde meados de junho e oito continuam detidos

Manifestação da oposição contra o presidente Maduro (Yuri Cortez/AFP)

Manifestação da oposição contra o presidente Maduro (Yuri Cortez/AFP)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 06h59.

Última atualização em 3 de setembro de 2024 às 07h45.

Um dos mais novos âncoras de notícias da Venezuela está sentado em um banquinho, vestindo uma camisa de flanela enquanto fala manchetes do dia. Ele atende por "El Pana", gíria venezuelana para "amigo". Só que ele não é real.

El Pana e sua colega "La Chama", ou "A Garota", são gerados usando inteligência artificial, embora pareçam, soem e se movam de forma realista.

Segundo a Reuters, os modelos foram criados como parte de uma iniciativa chamada "Operação Retweet" pela organização colombiana Connectas, liderada pelo diretor Carlos Huertas, para publicar notícias de uma dúzia de veículos de mídia independentes na Venezuela e, no processo, proteger repórteres, já que o governo lançou uma repressão a jornalistas e manifestantes.

Na mais recente onda autoritária do governo de Nicolás Maduro, a Justiça do país mandou prender Edmundo González, líder da oposição que reivindica a vitória nas eleições presidenciais de 28 de julho. Maduro também já se declarou vencedor, mesmo não apresentando provas.

"Decidimos usar inteligência artificial para ser o 'rosto' das informações que estamos publicando", disse Huertas em uma entrevista, "porque nossos colegas que ainda estão fazendo seu trabalho estão enfrentando muito mais riscos."

Pelo menos 10 jornalistas foram presos desde meados de junho e oito continuam detidos por acusações que incluem terrorismo, de acordo com a Repórteres Sem Fronteiras.

"Aqui, usar inteligência artificial é... quase como uma mistura entre tecnologia e jornalismo", disse Huertas, explicando que o projeto parecia "contornar a perseguição e a crescente repressão" do governo, pois não haveria ninguém que pudesse ser preso.

Maduro, no poder desde 2013, é apoiado pela Suprema Corte e pela autoridade eleitoral do país, que não publicou a contagem completa dos votos. Disse que não o fez por causa de um "ataque cibernético" mal explicado.

A oposição compartilhou o que diz ser mais de 80% das contagens de votos, mostrando uma vitória de Edmundo Gonzalez. O Centro Carter informou que os dados mostram uma "vitória clara" da oposição e também questionou a ação hacker.

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