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Eleições na França: o que acontece após vitória do bloco de esquerda e renúncia de primeiro-ministro

Contrariando as pesquisas, as projeções iniciais confirmam que o bloco de esquerda Nova Frente Popular será a maior força do Parlamento

Eleitores comemorar: bloco de esquerda elege mais deputados. (LOIC VENANCE /AFP Photo)

Eleitores comemorar: bloco de esquerda elege mais deputados. (LOIC VENANCE /AFP Photo)

Publicado em 7 de julho de 2024 às 18h17.

Depois de um primeiro turno histórico, eleitores de 506 distritos franceses voltaram às urnas neste domingo, 7, para escolher seus representantes no Parlamento. E contrariando as pesquisas, até o momento os resultados confirmam que o bloco de esquerda Nova Frente Popular se consolidou como a maior força do Parlamento.

A extrema direita, liderada pelo Reagrupamento Nacional (RN), de Marine Le Pen e Jordan Bardella — que havia obtido ótimos resultados no primeiro turno — , acabou ficando apenas em terceiro lugar, segundo as projeções, atrás também do bloco do presidente Emmanuel Macron , de centro-direita. Após os resultados iniciais, o primeiro-ministro Gabriel Attal, do bloco macronista, anunciou que deixará o cargo na segunda-feira.

Entenda o que acontece agora

O Palácio do Eliseu anunciou que Macron aguarda a “estruturação” da nova Assembleia para “tomar as decisões necessárias”. O chefe de Estado defende “cautela” diante dos resultados que ainda podem mudar e quer esperar que a Assembleia Nacional tome forma antes de nomear um novo chefe de governo.

Como nenhum bloco conseguiu maioria absoluta, surgem vários cenários possíveis. Um deles seria uma improvável coalizão entre o bloco da esquerda, o partido no poder e os deputados de direita que não se associaram ao RN, ou mesmo um governo tecnocrata com apoio parlamentar.

Nesse caso, seria possível formar uma maioria absoluta. Contudo, se as divergências dentro da esquerda já são delicadas, ajustar as arestas entre o líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon (LFI), e Macron parece ainda mais difícil. Apesar da mobilização pelas desistências, o bloco macronista se negou a abdicar dos seus quadros em disputas contra a LFI.

Aliança contra a extrema direita

A aliança Nova Frente Popular (NFP) se formou após os resultados do primeiro turno, unindo numa coalizão de partidos de esquerda e centro-direita, que teceram mais de 200 pactos locais implícitos. Foi uma resposta para impedir uma vitória esmagadora de Le Pen e seus aliados, que se saíram melhor no primeiro turno.

As legislativas foram convocadas pelo presidente Emmanuel Macron após os resultados das eleições europeias em 9 junho, quando a extrema direita saiu vitoriosa.

"Saúdo a todos que aceitaram ser candidatos e retirar suas candidaturas e se mobilizaram porta a porta para conseguir arrancar um resultado que parecia ser impossível. Essa noite o Reagrupamento Nacional está longe de ter a maioria absoluta, é um imenso alívio", afirmou, em discurso, Jean-Luc Mélenchon, do partido A França Insubmissa, que integra a coalizão.

Além disso, Mélenchon considerou que os resultados "confirmam a derrota do presidente (Emmanuel Macron) e de sua coalizão (Juntos)" e pediu que ele "não tente escapar dessa derrota com subterfúgios".

Ele também disse que o chefe de governo tem que ser da NFP, coalizão que seu partido, o radical A França Insubmissa, formou com socialistas, comunistas e ecologistas.

"E tem que aplicar seu programa e somente seu programa", enfatizou Mélenchon, que se recusou a entrar em negociações com o bloco de Macron.

"Esta noite tudo começa", diz líder da extrema-direita

Em seu discurso após os primeiros números, Jordan Bardella, líder do RN, chamou a aliança entre partidos de esquerda e centro de "alinça da desonra".

"Infelizmente, a aliança da desonra e os arranjos eleitorais feitos por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com a extrema esquerda privam os eleitores de um governo RN", declarou Bardella, em um ataque contra a frente republicana que levou a desistências à esquerda, ao centro e à direita para evitar a chegada da extrema direita ao poder. Segundo ele, "esses acordos eleitorais jogam a França nos braços de Mélenchon".

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