Lukashenko, presidente de Belarus: possibilidade de Rússia usar território vizinho para armas nucleares (AFP/AFP)
Redação Exame
Publicado em 26 de março de 2023 às 15h05.
A União Europeia se pronunciou em tom duro neste domingo, 26, sobre a possibilidade de Belarus (antiga Bielorrússia) receber armas nucleares da Rússia.
O alto representante para a política externa da União Europeia, Josep Borrell, advertiu em declaração pela manhã que o bloco está "preparado" para adotar novas sanções contra Belarus se este país permitir a instalação de armamento nuclear russo em seu território.
"O recebimento por parte de Belarus de armas nucleares russas implicaria uma escalada irresponsável e uma ameaça à segurança europeia", disse Borrell, em seu perfil no Twitter.
"Belarus ainda pode impedir isso, é sua decisão. A UE está preparada para responder com mais sanções", escreveu.
#Belarus hosting Russian nuclear weapons would mean an irresponsible escalation & threat to European security. Belarus can still stop it, it is their choice.
The EU stands ready to respond with further sanctions.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) March 26, 2023
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou ontem que tinha previsto posicionar armamento nuclear tático em Belarus, principal aliado de Moscou na Europa e país fronteiriço com Ucrânia, Polônia e Lituânia.
Belarus é hoje comandada pelo presidente Alexander Lukashenko (visto por muitos como "o último ditador da Europa" após dúvidas sobre o processo eleitoral no país e repressão à oposição).
Alvo de sanções da UE e de protestos internos duramente reprimidos em 2020, Lukashenko se aproximou de Putin ao longo dos anos e seu território deu guarida às ofensivas russas ao norte da Ucrânia no início da guerra. Belarus faz fronteira com a Ucrânia ao norte, perto da capital Kiev, território estratégico no país.
Em sua fala, Putin afirmou que se tratava de um movimento similar ao dos Estados Unidos, que possui armas nucleares em suas bases situadas em Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia.
A crítica é direcionada ao papel de liderança dos EUA na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Países da organização, que hoje inclui boa parte do leste europeu, estão abertos a bases da Otan e um ataque a esses lugares, pelo acordo da organização militar, significa um ataque a qualquer membro - como EUA ou Alemanha, o que há anos gera críticas de Putin contra a expansão da Otan para países vizinhos à Rússia.
A Otan, por sua vez, afirmou que esta é uma analogia "totalmente enganosa".
"Os aliados da Otan atuam respeitando plenamente os seus compromissos internacionais. A Rússia viola constantemente os seus compromissos de controle de armas, suspendendo recentemente sua participação no tratado [de não proliferação] Novo START", afirmou a porta-voz da aliança militar, Oana Lungescu.
Os especialistas acreditam que um ataque russo provavelmente envolveria o uso de armas de pequeno tamanho, chamadas "táticas", em oposição às armas nucleares "estratégicas", de grande potência e longo alcance.
O presidente bielorrusso Alexander Lukashenko e outras 194 pessoas próximas do regime estão atualmente proibidos de entrar na UE e seus ativos estão congelados.
Belarus também sofre, neste momento, sanções econômicas voltadas contra setores concretos, incluindo o financeiro, o comercial, os de bens de uso duplo (militar e civil), telecomunicações, energia e transportes.
(Com informações da AFP)