Cortes de ajuda humanitária dos EUA já afetam o Acnur, que confirma 400 demissões
Contribuição do governo americano para a agência costumava ser, em média, 40% do total anual

Agência de Notícias
Publicado em 21 de março de 2025 às 14h32.
Última atualização em 21 de março de 2025 às 14h55.
O congelamento de grande parte da ajuda humanitária dos Estados Unidos está começando a ter um impacto direto em diversas agências da ONU, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), que confirmou pelo menos 400 demissões nesta sexta-feira, 21.
"Estamos no trágico processo de redução de empregos; 400 já foram cortados (...) e haverá mais no futuro", reconheceu o porta-voz da agência da ONU para refugiados, Matthew Saltmarsh, em uma entrevista coletiva.
O porta-voz do Acnur lembrou que a contribuição dos Estados Unidos para a agência costumava ser, em média, 40% do total anual, de maneira que a saída de seu maior doador já está criando problemas financeiros significativos.
"Estamos agora explorando como outros atores, doadores individuais e o setor privado podem se mobilizar para continuarmos nosso trabalho vital de salvar vidas ao redor do mundo todos os dias", declarou.
Saltmarsh também indicou que foram tomadas medidas no início deste ano para reduzir o orçamento de emergência em 9%.
O porta-voz deu exemplos dos efeitos dos cortes em vários programas do Acnur ao redor do mundo, como o fechamento de três quartos das instalações que atendem mulheres e meninas em risco de violência no Sudão do Sul, deixando 80 mil delas sem acesso a apoio psicossocial, assistência jurídica e ajuda médica.
"Na Etiópia, 200 mil refugiados e deslocados internos não têm mais acesso a serviços vitais, incluindo abrigos para mulheres em risco", advertiu Saltmarsh, citando também o fechamento de sete centros de ajuda local na Turquia.
O porta-voz também se referiu a um apelo recente do alto comissário Filippo Grandi por maiores contribuições ao Acnur, no qual observou — sem nomear diretamente os EUA — que, se os problemas de financiamento persistirem, "pessoas morrerão, muitos programas e escritórios terão de fechar, e a ajuda não chegará".
"Há 120 milhões de pessoas deslocadas à força ao redor do mundo, e elas sofrerão consequências severas como resultado dos cortes no fornecimento de medicamentos essenciais, alimentos, suprimentos de emergência, água potável e outros serviços de proteção", completou Saltmarsh.
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