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Consumidores dos EUA começam a procurar porções menores nos restaurantes, diz relatório do setor

Com custos crescentes e mudanças no comportamento alimentar, estabelecimentos nos Estados Unidos repensam o exagero nas porções, mas a transição pode enfrentar resistência

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 25 de setembro de 2024 às 13h22.

Por décadas, o tamanho das porções nos restaurantes dos Estados Unidos aumentou e ficou maior que a média de outros países. A expansão nas porções foi associada a diversos problemas de saúde, incluindo a obesidade, e diversas campanhas de saúde pública tentaram conter essa tendência, mas sem sucesso. A reportagem é do The New York Times.

Agora, um novo movimento liderado por uma combinação de fatores econômicos, demográficos e ambientais pode reduzir o tamanho das porções de alimentos oferecidas em restaurantes, pois 75% dos consumidores dizem querer porções menores com preços mais acessíveis, de acordo com um relatório da Associação Nacional de Restaurantes de 2024.

Desperdício de alimentos

Com o aumento dos custos dos alimentos, muitos restaurantes estão buscando maneiras de diminuir as porções sem alienar os clientes que valorizam o volume de comida pelo preço. Para tentar entender essa mudança, a Coalition for Portion Balance, da Universidade de Georgetown, iniciou um estudo com a participação de redes como Panda Express e Chick-fil-A, que visa encontrar soluções para ajustar as porções e, ao mesmo tempo, satisfazer os consumidores.

Alguns estabelecimentos já começaram a se adaptar. O Subway, por exemplo, lançou em janeiro um menu focado em lanches menores, e a rede Burger King reduziu de 10 para 8 unidades a porção de nuggets em uma de suas ofertas. A Panera Bread também encontrou sucesso com o cardápio "You Pick Two", que combina meia porção de sanduíche com uma salada ou sopa.

Além dos custos crescentes, o desperdício de alimentos também é uma questão em destaque. Cerca de 40% da comida servida em restaurantes nos EUA acaba sendo desperdiçada, segundo um estudo de 2020. Em estados como Califórnia e Massachusetts, novas regras limitam a quantidade de alimentos que podem ser enviados para aterros, o que pressiona ainda mais os restaurantes a reduzir as porções.

Novos hábitos alimentares

As mudanças não são impulsionadas apenas pela economia e pelo meio ambiente. O conceito de "snackification", especialmente entre as gerações mais jovens, está transformando as refeições tradicionais em pequenos lanches ao longo do dia. Millennials e a Geração Z estão substituindo refeições completas por opções menores e mais rápidas, buscando uma alimentação mais diversificada e, em muitos casos, mais saudável.

Segundo a empresa de pesquisa Hartman Group, metade das vezes em que adultos nos EUA comem ao longo do dia é composta por lanches. Para essas gerações, o valor de uma refeição vai além do volume de comida oferecido. Eles consideram a qualidade dos ingredientes, o impacto ambiental e o custo da mão de obra envolvida na preparação. Personalizar a porção, assim como se faz com um café ou uma salada, se tornou uma expectativa.

Os especialistas em desperdício alimentar sugerem que os restaurantes ofereçam opções de porções menores, como meio prato de massas ou burritos em tamanhos reduzidos, permitindo ao consumidor escolher a quantidade ideal para sua fome. Muitos clientes já se adaptaram ao exagero das porções pedindo refeições infantis, escolhendo aperitivos ou compartilhando pratos em família.

Resistência dos consumidores

No entanto, essa mudança nas porções não é fácil de vender. Algumas cadeias de restaurantes, como a Chipotle, perceberam que o tamanho das porções ainda importa para muitos clientes. Reclamações de que as porções estavam menores geraram uma onda de críticas nas redes sociais, com consumidores monitorando a quantidade de alimentos servidos em seus pratos. Diante da repercussão negativa, o CEO da Chipotle, Brian Niccol, admitiu que pelo menos 10% de suas unidades estavam servindo porções insuficientes, levando a empresa a revisar suas práticas.

Kevin Hochman, CEO da Brinker International, que administra as redes Chili's e Maggiano's, destacou que parte dos clientes prefere manter as grandes porções. Ele defende que, para cada consumidor que busca opções personalizadas e menores, há outro que quer um prato farto, especialmente em uma era em que as pessoas procuram maximizar o valor de seu dinheiro em meio à alta inflação.

A adaptação dos restaurantes a essas novas demandas de mercado ainda encontra desafios. Embora muitos reconheçam a necessidade de redução no desperdício e a pressão dos custos, a resistência de alguns consumidores em aceitar porções menores sem a sensação de que estão sendo prejudicados pode dificultar a mudança.

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