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Congresso do Equador continua debate sobre impeachment de Lasso

Movimento indígena, que lidera protestos, e o governo realizaram uma primeira reaproximação no sábado

Mulheres protestam em Quito contra a repressão policial (AFP/AFP)

Mulheres protestam em Quito contra a repressão policial (AFP/AFP)

GA

Gabriel Aguiar

Publicado em 26 de junho de 2022 às 13h50.

O Congresso equatoriano adiou para este domingo (26) o debate sobre o impeachment do presidente de direita Guillermo Lasso depois de deliberar por quase oito horas no sábado sobre sua responsabilidade na "comoção interna", que deixou treze dias de sangrentos protestos indígenas. 

"Vou suspender esta sessão e convoco sua continuação no domingo às 16h00 (local, 18h00 em Brasília)", disse Virgilio Saquicela, presidente do Parlamento.

Cerca de 30 parlamentares falaram a favor e contra Lasso em um debate virtual que começou por volta das 18h locais (20h de Brasília) de sábado, a pedido da oposição, que reuniu as 47 assinaturas necessárias para pedir a saída do presidente do poder.

A bancada União pela Esperança, ligada ao ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), acusou Lasso da "grave crise política e comoção interna" que abala o país desde 13 de junho, com manifestações e bloqueios quase diários.

"Vamos às eleições antecipadas, deixe Lasso ir para casa", gritou a deputada Pierina Correa, irmã do ex-presidente.

O chefe de Estado, ex-banqueiro que assumiu o cargo há um ano, não compareceu ao debate, mas nomeou seu secretário jurídico, Fabián Pozo, para ler sua defesa.

"Os membros da assembleia (...) buscam desestabilizar a democracia", declarou Pozo.

O movimento indígena e o governo realizaram uma primeira reaproximação no sábado, e horas depois Lasso encerrou o estado de exceção que vigorava em seis das 24 províncias do país com um robusto destacamento militar e toques de recolher noturnos.

As manifestações em massa em Quito foram seguidas de confrontos com as forças de segurança, alimentados pela repressão policial. Multidões de indignados protestam no Equador em repúdio ao alto custo de vida que mergulha seus territórios na pobreza. Sua ponta de lança é a redução do preço dos combustíveis, que encareceu o frete nas regiões agrícolas.

"Toda a cesta básica é muito cara e nossos produtos do campo (...) não valem nada", disse à AFP Miguel Taday (39 anos), um agricultor de batata de Chimborazo (sul).

Só na capital, cerca de 10.000 indígenas protestam ao grito de "Fora Lasso, fora!". À medida que os manifestantes passam, fogueiras com pneus queimados e destruição são deixadas em uma cidade semiparalisada e exausta.

Lasso atribui o caos ao líder dos protestos, Leonidas Iza, presidente da poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie).

"Aqui não tem lutador social, aqui tem um anarquista (...) que quer derrubar um governo", disse o presidente em entrevista à CNN no sábado.

A destituição do presidente exige 92 dos 137 apoios possíveis no Congresso. Após os debates, os deputados terão no máximo 72 horas para votar. Se aprovado, o poder seria assumido pelo vice-presidente Alfredo Borrero e eleições presidenciais e legislativas seriam convocadas para o restante do período (até 2025).

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