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Com ano marcado por guerras, Nobel da Paz pode não ter premiado em 2023

O primeiro prêmio, de Medicina, será anunciado na segunda-feira, 2, em Estocolmo, e o da Paz será revelado na sexta, 6, em Oslo

Alguns analistas indicam as mulheres iranianas como vencedoras (	Photos.com/Getty Images)

Alguns analistas indicam as mulheres iranianas como vencedoras ( Photos.com/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 28 de setembro de 2023 às 12h46.

A temporada de Prêmios Nobel começa na próxima semana com o otimismo da humanidade em baixa devido à guerra na Ucrânia e a multiplicação de conflitos, o que pode deixar vaga este ano a posição emblemática de laureado pela Paz, segundo analistas.

O primeiro prêmio, de Medicina, será anunciado na segunda-feira, 2, em Estocolmo, e o da Paz será revelado na sexta, 6, em Oslo. Exceto se o Comitê do Nobel decidir ressaltar a gravidade da situação internacional sem atribuí-lo a ninguém.

Uma prova da tensão: a Fundação Nobel voltou atrás recentemente em sua decisão de convidar os embaixadores da Rússia e de Belarus à cerimônia de premiação em Estocolmo em dezembro, após uma onda de indignação provocada pelo anúncio.

"Em muitos sentidos, seria apropriado que o comitê não entregasse nenhum prêmio este ano", declarou à AFP o professor sueco de Relações Internacionais Peter Wallensteen. "Seria uma boa maneira de destacar a gravidade da situação mundial", insistiu.

A última vez que os cinco membros do Comitê deixaram a posição vaga aconteceu em 1972, em plena guerra do Vietnã. Porém, não encontrar um laureado entre as 351 candidaturas recebidas este ano seria considerado um fracasso.

"É muito difícil imaginar um cenário como esse", explicou o secretário do Comitê do Nobel, Olav Njølstad, à AFP.

"Não diria que é impossível, [mas] o mundo realmente necessita de algo que indique uma direção correta. É muito necessário que o Prêmio Nobel da Paz seja concedido também neste ano", afirmou.

Quem poderia ser um candidato para o aguardado prêmio?

Alguns analistas indicam as mulheres iranianas, protagonistas de uma onda de manifestações após a morte da jovem Mahsa Amini, detida por supostamente violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica.

As ativistas Masih Alinejad e Narges Mohammadi ou a Aliança para a Democracia e a Liberdade no Irã são consideradas potenciais laureadas.

Outros candidatos possíveis seriam as organizações que investigam os crimes de guerra cometidos na Ucrânia e o próprio Tribunal Penal Internacional.

Especialistas não descartam os ativistas que lutam para mitigar as consequências da mudança climática, após um ano marcado por condições extremas e o verão mais quente já registrado.

"Acredito que a mudança climática seria uma escolha excelente para o Prêmio Nobel da Paz este ano", considerou o diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri), Dan Smith.

Ele mencionou, entre outros, o movimento 'Fridays For Future', impulsionado pela ativista sueca Greta Thunberg, e o cacique Raoni Metuktire, símbolo da luta contra o desmatamento e a favor dos direitos indígenas no Brasil.

No ano passado, o prêmio foi concedido em conjunto à ONG russa Memorial - dissolvida pela Justiça russa -, ao ucraniano Centro de Liberdades Civis e ao ativista bielorrusso Ales Bialiatski.

"Refletir a época"

Em relação ao Prêmio Nobel de Literatura, os nomes que circulam incluem a autora e crítica russa Lyudmila Ulitskaya, a escritora chinesa Can Xue, o britânico Salman Rushdie, a autora americana-caribenha Jamaica Kincaid e o dramaturgo norueguês Jon Fosse.

Os críticos esperam que a Academia confirme sua promessa de apostar na diversidade após o escândalo #MeToo, que sacudiu a instituição sueca em 2018.

No ano passado, a Academia premiou a escritora feminista francesa Annie Ernaux. Foi a 17ª mulher a receber o prêmio desde 1901, quando foi concedido pela primeira vez.

Desde o escândalo, a instituição premiou três mulheres (Ernaux, a poeta americana Louise Gluck e a escritora polonesa Olga Tokarczuk) e dois homens (o austríaco Peter Handke e o tanzaniano Abdulrazak Gurnah).

"Nos últimos anos, houve uma maior consciência sobre o fato de que não podemos permanecer em uma perspectiva eurocêntrica, é necessário mais igualdade e que o prêmio deve refletir a época", disse à AFP Carin Franzen, professora de Literatura da Universidade de Estocolmo.

A promessa de aumentar a diversidade não foi totalmente atendida, já que é preciso voltar a 2012, com o escritor chinês Mo Yan, para encontrar um premiado que não seja europeu ou americano.

A temporada do Nobel começará com os prêmios científicos (Medicina, Física e Química) e terminará na segunda-feira, 9 de outubro, com o de Economia, o único que não foi criado pelo sueco Alfred Nobel (1833-1896).

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