Mundo

Clã Espírito Santo tomou empréstimos de última hora em 2014

Império corporativo da família portuguesa emitiu 6,6 bilhões de dólares em nova dívida nos seis primeiros meses desse ano


	BES: esquema de empréstimos de última hora está sendo examinado por reguladores financeiros de Portugal
 (Patricia de Melo Moreira/AFP)

BES: esquema de empréstimos de última hora está sendo examinado por reguladores financeiros de Portugal (Patricia de Melo Moreira/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 15h04.

Lisboa - O império corporativo da família portuguesa Espírito Santo emitiu 5 bilhões de euros (6,6 bilhões de dólares) em nova dívida nos seis primeiros meses de 2014, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, justo quando os negócios do clã estavam se aproximando da falência.

Os títulos foram vendidos através de um complexo esquema transatlântico envolvendo companhias no Panamá e na Europa, disseram as pessoas. Grande parte da dívida acabou ficando com o Banco Espírito Santo e seus clientes, acrescentaram as fontes, acelerando os problemas financeiros que levaram ao resgate estatal do banco no começo deste mês.

O esquema de empréstimos de última hora revelado pela Reuters está sendo examinado por reguladores financeiros de Portugal que tentam determinar se ele era permitido legalmente, segundo pessoas próximas à averiguação.

Isso lança nova luz sobre até onde a maior dinastia corporativa de Portugal foi para salvar seu império do colapso, misturando assuntos da família com assuntos do então maior banco listado do país, no qual até recentemente o clã era o maior acionista único.

O colapso do grupo Espírito Santo, com 145 anos de existência, causou turbulência nos mercados internacionais e balançou o mundo corporativo e político de Portugal.

Reguladores e promotores estão averiguando possíveis comportamentos fraudulentos por trás da queda. Como parte da investigação, reguladores estão analisando como os títulos emitidos nos primeiros seis meses do ano foram agrupados, anunciados e vendidos para clientes, segundo pessoas familiarizadas com a investigação.

A Espírito Santo International (ESI), companhia da família que engloba outras empresas, está sob proteção judicial e não pôde ser contatada para comentar o tema. O Espírito Santo Financial Group (ESFG), outra companhia da família agora sob proteção judicial, também não pôde ser contatada. O Novo Banco, que foi criado após o resgate do Banco Espírito Santo, não quis comentar sobre os títulos. O banco indicou comunicados anteriores nos quais disse que todos os clientes de varejo que compraram dívida de prazo muito curto das companhias Espírito Santo receberão seus pagamentos. (Por Sergio Goncalves e Laura Noonan)

Acompanhe tudo sobre:BESDívidas empresariaisEmpresasEuropaPiigsPortugal

Mais de Mundo

Parlamento sul-coreano aprova inabilitação do ministro da Justiça e do chefe da polícia

Tóquio planeja oferecer creches gratuitas para promover a natalidade

Presidente da Coreia do Sul promete lutar 'até o último minuto' frente a nova votação de impeachment

Militares de Israel deixam cidade libanesa, a primeira retirada desde cessar-fogo com Hezbollah