Mundo

China inicia investigação sobre importações de canola do Canadá em resposta a tarifas de elétricos

Em resposta às tarifas canadenses sobre veículos elétricos, China lança investigação que impacta o mercado de óleo de colza, elevando tensões comerciais entre as duas nações

Campos de canola no período de floração em Calgary, no estado de Alberta, Canadá (Mariana Grilli/Acervo)

Campos de canola no período de floração em Calgary, no estado de Alberta, Canadá (Mariana Grilli/Acervo)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 3 de setembro de 2024 às 13h41.

A China anunciou a abertura de uma investigação antidumping sobre as importações de canola provenientes do Canadá, em uma clara retaliação às recentes medidas comerciais impostas pelo governo canadense. Na semana passada, o Canadá seguiu os passos dos Estados Unidos e da União Europeia ao impor uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses, além de uma tarifa adicional de 25% sobre o aço e o alumínio importados da China. Essas medidas foram vistas por Pequim como um ataque direto ao comércio bilateral, levando a uma resposta imediata por parte do governo chinês. As informações são da Reuters.

O Ministério do Comércio da China emitiu uma declaração contundente, expressando "profunda desaprovação e firme oposição" às medidas tomadas pelo Canadá. O comunicado destacou que as ações canadenses, mesmo diante de tentativas de dissuasão por parte de vários setores, são vistas como "discriminatórias e unilaterais". Como parte de sua retaliação, a China anunciou não apenas a investigação sobre a canola, mas também sobre alguns produtos químicos importados do Canadá, indicando uma escalada das tensões comerciais entre os dois países.

A canola, também conhecida como colza, é uma das principais oleaginosas exportadas pelo Canadá, sendo amplamente utilizada na produção de óleo de cozinha e em uma variedade de produtos, incluindo combustíveis renováveis. Mais da metade da produção canadense de canola é destinada ao mercado chinês, o que torna essa investigação especialmente significativa. A China, como maior importador mundial de oleaginosas, desempenha um papel crucial no mercado global de canola, e qualquer ação que afete esse comércio tem repercussões amplas.

Após o anúncio da investigação, os preços futuros do farelo de colza na Bolsa de Mercadorias de Zhengzhou, na China, subiram 6%, alcançando 2.375 yuans (R$ 1.868,36) por tonelada métrica, o maior valor registrado desde 6 de agosto. Em contraste, o contrato de canola da ICE para entrega em novembro sofreu uma queda acentuada de 7%, encerrando o dia em US$ 569,7 (R$ 3.195,81) por tonelada métrica. Esses movimentos no mercado refletem a incerteza gerada pela disputa comercial e o impacto potencial sobre a demanda e a oferta globais de canola.

Aumento das importações

Segundo o Ministério do Comércio chinês, as importações de canola canadense para a China aumentaram significativamente nos últimos anos, atingindo US$ 3,47 bilhões (R$ 19,47 bilhões) em 2023, representando um aumento de 170% em volume em relação ao ano anterior. No entanto, o governo chinês alega que esse crescimento foi acompanhado por uma queda contínua nos preços, levando à suspeita de práticas de dumping por parte do Canadá.

A prática de dumping, onde produtos são vendidos a preços inferiores ao custo de produção ou ao valor de mercado no país de origem, é uma questão sensível nas relações comerciais internacionais, pois pode prejudicar indústrias locais nos países importadores. No caso da China, as indústrias relacionadas à produção de colza têm sofrido com a concorrência desleal da canola canadense, que, segundo Pequim, tem pressionado os preços internos e levado a perdas significativas para os produtores chineses.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCanadáTarifasEstados Unidos (EUA)União Europeia

Mais de Mundo

Alemanha e França buscam aliados para acordo UE-Mercosul

Rússia afirma que base antimísseis dos EUA na Polônia já é um de seus alvos

Bilionário indiano é acusado de esquema de suborno envolvendo mais de R$ 1 bi nos EUA

Putin usa Ucrânia como campo de teste, diz Zelensky após ataque de míssil intercontinental