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China alerta EUA de 'consequências' se Pelosi visitar Taiwan

Este aviso foi feito antes de um telefonema programado para os próximos dias entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o americano, Joe Biden

Nancy Pelosi: uma das figuras políticas mais importantes dos Estados Unidos, planeja viajar para Taiwan no próximo mês (Tasos Katopodis/Getty Images)
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AFP

Publicado em 27 de julho de 2022 às 11h46.

Última atualização em 2 de agosto de 2022 às 11h58.

A China alertou nesta quarta-feira (27) que os Estados Unidos terão de assumir "todas as consequências" de uma possível visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, em um contexto de tensões entre os dois países.

Este aviso foi feito antes de um telefonema programado para os próximos dias entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o americano, Joe Biden.

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Os pontos de tensão entre Pequim e Washington se multiplicaram nos últimos anos: o Mar da China Meridional, influência crescente da China na região de Ásia-Pacífico, guerra na Ucrânia e inclusive Taiwan.

A China considera a ilha, que conta com uma população de 24 milhões de habitantes, como uma de suas províncias históricas, mas não controla o território.

Pequim, que se opõe a qualquer contato entre Taiwan e outros países, aumentou a pressão militar e diplomática contra Taipei desde a eleição em 2016 da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, quem vem de um partido separatista.

Ao mesmo tempo, as tensões entre China e Estados Unidos também aumentaram por várias vendas de armas americanas a Taiwan e a visita à ilha de políticos americanos que chegaram a oferecer seu apoio às autoridades taiwanesas.

Nancy Pelosi, uma das figuras políticas mais importantes dos Estados Unidos, planeja viajar para Taiwan no próximo mês, segundo a imprensa.

No entanto, Pelosi ainda não confirmou se fará a viagem, embora tenha dito que é "importante mostrar nosso apoio a Taiwan".

Controvérsia

A China alertou na segunda-feira que "está pronta" para responder à visita da dignitária americana e reiterou, nesta quarta-feira (27), sua "firme oposição".

"Se os Estados Unidos persistirem em desafiar a linha vermelha da China" com esta visita a Taiwan, "enfrentarão fortes medidas em resposta e devem assumir todas as consequências", disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Zhao Lijian, em entrevista coletiva.

Lijian respondeu desta forma a uma pergunta sobre as informações que indicam que os militares dos EUA aumentariam sua atividade na Ásia-Pacífico no caso de uma visita de Pelosi.

Essa viagem a Taiwan é apenas uma hipótese que está sendo debatida dentro do governo americano.

Excepcionalmente, o próprio Biden assegurou na semana passada que os militares dos EUA consideram que o deslocamento da presidente da Câmara dos Representantes "não foi uma boa ideia".

De fato, uma possível visita de Pelosi alarmou o governo Biden, que teme que a viagem ultrapasse as linhas vermelhas no momento em que seu homólogo Xi Jinping se prepara para consolidar sua liderança em uma reunião do Partido Comunista prevista para o final do ano.

Atualmente, Taiwan conta com amplo apoio do Congresso dos EUA, tanto que as ameaças de Pequim apenas levaram a pedidos para que Pelosi continuasse sua jornada.

Os Estados Unidos, como a maioria dos países, não reconhecem Taiwan oficialmente. No entanto, Washington apoia amplamente a ilha e muitas vezes elogia seu status "democrático". Além disso, os Estados Unidos são seu maior fornecedor de armas.

EUA diz ter pouco receio de que China ataque avião de Nancy Pelosi

Autoridades americanas informaram que têm pouco receio de que a China ataque o avião da presidente de Nancy Pelosi. No entanto, o próprio Pentágono avalia um plano de contingência, já que ela poderia por em perigo sua segurança pessoal em um local onde um acidente, um passo em falso ou algum mal-entendido não estão descartados.

Fontes do governo americano ouvidas pela agência Associated Press afirmam que, caso Pelosi vá a Taiwan, o que ainda é incerto, militares aumentariam sua movimentação de forças e ativos na região do Indo-Pacífico. Essas mesmas fontes se recusaram a fornecer detalhes, mas disseram que caças, navios, meios de vigilância e outros sistemas militares provavelmente serão usados para fornecer segurança ao voo e a qualquer movimentação em terra.

Qualquer viagem ao exterior de um líder americano requer segurança adicional. No entanto, autoridades reforçaram, nesta semana, que uma visita de Pelosi a Taiwan - que seria a primeira visita de uma autoridade de alto escalão dos EUA desde 1997 - vai além das precauções usuais de segurança para viagens a destinos menos arriscados.

Questionado sobre as medidas militares planejadas para proteger Pelosi no caso de uma visita, o general norte-americano Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto, disse hoje que a discussão de qualquer viagem específica é prematura. Mas, acrescentou, "se há uma decisão tomada de que Pelosi ou qualquer outra pessoa viaje e foi solicitado apoio militar, faremos o que for necessário para garantir um condução segura de sua visita".

A China considera a Taiwan seu próprio território e elevou a perspectiva de anexá-lo pela força. Os EUA mantêm relações informais e laços de defesa com Taiwan, mesmo que reconheça Pequim como o governo de China.

A viagem está sendo considerada em um momento em que a China intensificou o que os EUA e seus aliados no Pacífico descrevem como arriscados confrontos individuais com outros militares para fazer valer suas amplas reivindicações territoriais. Os incidentes incluiu sobrevoos perigosos que forçam outros pilotos a desviar para evitarcolisões, assédio ou obstrução de tripulações aéreas e de navios inclusive com lasers ofuscantes ou canhões de água.

A Casa Branca na segunda-feira se recusou a opinar diretamente sobre o assunto, observando Pelosi não havia confirmado a viagem. Mas o presidente Joe Biden na semana passada levantou preocupações, dizendo a repórteres que os militares acham que sua viagem é "não é uma boa idéia agora".

Uma viagem a Pelosi pode dificultar uma ligação já agendada para quinta-feira entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, sua primeira conversa em quatro meses. Uma autoridade americana confirmou planos para a chamada telefônica para a Associated Press sob a condição de anonimato antes do anúncio formal.

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