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Candidato contra imigração e UE vence legislativas checas

O partido social-democrata CSSD, do atual chefe de governo, Bohuslav Sobotka, registrou uma forte queda, e ficou para trás

Andrej Babis, líder do ANO (David W Cerny/Reuters)

Andrej Babis, líder do ANO (David W Cerny/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de outubro de 2017 às 22h06.

O partido populista ANO, do milionário Andrej Babis, contrário a abrir as portas à imigração e à ingerência europeia, venceu com folga as eleições legislativas na República Checa, segundo os resultados definitivos da votação, divulgados neste sábado.

ANO ("sim" em checo), que fez da luta contra a corrupção, contra o acolhimento dos refugiados e contra a zona do euro suas principais bandeiras, obteve 29,7%, o que lhe dará 78 assentos de um total de 200 no Parlamento.

O ANO é seguido por três partidos com resultados quase idênticos, que Babis poderá escolher para fazer alianças: ODS (direita) com 11,3%, Partido Pirata (antissistema) com 10,8% e o SPD (extrema-direita), do checo-japonês Tomio Okamurae, com 10,7%.

O partido social-democrata CSSD, do atual chefe de governo, Bohuslav Sobotka, registrou uma forte queda, e ficou para trás junto com o Partido Comunista KSCM, os cristão-democratas do KDU-CSL e o movimento STAN (agrupação de prefeitos independentes e personalidades regionais).

O cientista político Michal Klima, da Universidade Metropolitana de Praga, comentou ao canal público CT24 que com esta vantagem o movimento de Babic "poderá escolher quatro ou cinco outros partidos ou poderá inclusive criar uma coalizão com duas formações" para governar.

ANO e SPD poderiam somar, juntos, 108 assentos na Câmara Baixa, segundo os resultados.

Campanha de desinformação

"Estamos entusiasmados. Agradecemos aos 1,5 milhão de eleitores, que superam nossas expectativas, pois houve uma campanha de desinformação maciça contra nós", afirmou Babis, que é apelidado de "Trump Checo", em uma coletiva de imprensa.

Em várias oportunidades, ressaltou que é "pró-europeu". "Não sei porque alguém disse que nós estamos contra a Europa", acrescentou. "Não somos uma ameaça para a democracia".

"Estamos prontos para lutar pelos nossos interesses em Bruxelas, somos parte integrante da UE e da OTAN", afirmou. Também convidou a UE a "refletir" e a "parar de falar de uma Europa em duas velocidades".

Antes dos resultados, o primeiro-ministro social-democrata, Bohuslav Sobotka, tinha expressado sua inquietação sobre as relações com o Ocidente com a nova situação política no país.

"As eleições vão decidir a orientação do nosso país, se continuaremos sendo membros da União Europeia e da OTAN, se esses extremistas que tentarão nos tirar dessas estruturas que garantem nossa segurança, estabilidade e prosperidade se fortalecerão", disse depois de votar.

O euroceticismo, com distintos graus, parece ser, portanto, o denominador comum de vários partidos checos.

O checo-japonês Okamura, firme opositor à integração europeia e à imigração, aproveitou uma corrente de opinião presente em toda a Europa do Leste.

Mas segundo Pavel Saradin, analista da Universidade Palacky de Olomouc, a entrada do SPD no futuro governo de coalizão é "pouco provável".

Fundador da gigante agroalimentar, química e midiática Agrofert, Babis, de 63 anos, fez campanha contra a corrupção e prometeu aos checos "uma nova etapa" e uma maior atenção "aos verdadeiros problemas das pessoas".

Mas com um panorama político fragmentado, a configuração da futura coalizão que Babis deverá formar é difícil de prever.

Mais ainda tendo em conta que alguns partidos políticos condicionaram sua participação em uma aliança à renúncia de Babis, fundador e carismático dirigente do ANO, a ser primeiro-ministro. Uma condição que o líder populista não tem nenhuma intenção de aceitar.

Babis reiterou, na véspera dos comícios, sua oposição ao acolhimento de migrantes e à zona do euro, embora não tenha defendido uma saída da União Europeia, na qual seu país entrou em 2004 sem abrir mão da sua moeda nacional, a coroa.

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