Após 28 horas e 9 minutos de debate e negociações intensas entre a oposição e o governo, a sessão para tratar da lei se tornou a mais longa da História da Câmara dos Deputados na Argentina (Luis ROBAYO / AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 18h25.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2024 às 19h15.
Após dois dias de maratonas de debates, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou, nesta sexta-feira, o pacote de reformas do presidente ultradireitista Javier Milei, com 144 votos a favor e 109 contra, em meio a protestos do lado de fora da sede do Parlamento, reprimidos pela polícia com balas de borracha e gás lacrimogêneo. O resultado final da denominada "Lei Ônibus", entretanto, dependerá da votação "artigo por artigo" da proposta, na terça-feira, que já perdeu metade de seu conteúdo original durante as negociações.
Uma vez aprovado, o projeto de lei segue para o Senado, onde o governo tem apoio de apenas sete dos 72 senadores, mas também espera contar com os mesmos aliados que conquistou na Câmara baixa. Se o Senado introduzir alterações, o texto terá de retornar à Câmara dos Deputados.
Após 28 horas e 9 minutos de debate e negociações intensas entre a oposição e o governo, a sessão para tratar da lei se tornou a mais longa da História da Câmara dos Deputados na Argentina.
Na véspera, a oposição peronista e de esquerda centrou suas críticas nas reformas propostas do Código Penal, que contemplam a criminalização dos protestos de rua e, sobretudo, nos "poderes delegados" que Milei demanda para introduzir mais reformas por via executiva, sem controle do Congresso.
"Tem de debater a quem se dá as faculdades delegadas: a um presidente que não acredita na democracia, que não reconhece o Congresso, que acusou os legisladores de cobrar subornos?", questionou a deputada opositora Paula Penacca.
Esses são, também, alguns dos pontos que mais acirram os ânimos dos manifestantes na porta do Congresso.
Forças da polícia militarizada haviam antecipado que aplicariam o protocolo de restrições severas criado pelo governo ("protocolo antipiquete") às manifestações de rua. Os manifestantes e os jornalistas foram dispersados com balas de borracha, agredidos com cassetetes e gás de pimenta, até que as proximidades da região ficaram vazias.
*Matéria em atualização