Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (Leandro Fonseca /Exame)
Redação Exame
Publicado em 20 de março de 2025 às 11h32.
Última atualização em 20 de março de 2025 às 16h58.
A Finlândia é o país mais feliz do mundo pelo oitavo ano consecutivo, segundo o relatório anual sobre a felicidade elaborado com apoio da ONU e publicado nesta quinta-feira (20), chamado World Happiness Report.
O indicador considera vários itens, como apoio social, PIB per capita, liberdade, percepção de corrupção e desigualdade. Todos os países nórdicos permanecem entre os 10 mais felizes, com Dinamarca, Islândia e Suécia atrás da Finlândia, que ampliou levemente sua distância para o segundo colocado.
Já o Brasil ficou na posição 36, à frente de Espanha (38º), Itália (40º) e Argentina (42º). O Brasil teve a nota 6.494, uma queda de 0,355 desde 2012. A campeã, Finlândia, somou 7.736.
O Brasil subiu oito posições em relação a 2023. No ano passado, o país estava na posição 44. O país melhorou seus indicadores por conta de avanços na percepção de suporte social, como o apoio de familiares e amigos em caso de necessidade, e o avanço do PIB per capita, que atingiu US$ 19.552.
Por sua vez, os Estados Unidos caíram para o 24º lugar, o pior resultado do país desde a publicação da primeira edição do relatório em 2012, quando ocupavam o 11º lugar, a sua melhor classificação.
Compartilhar as refeições "está fortemente vinculado ao bem-estar", escrevem os autores do estudo. O "número de pessoas que jantam sozinhas nos Estados Unidos aumentou 53% nas últimas duas décadas".
Em 2023, quase 25% dos americanos declararam que fizeram uma refeição sozinho no dia anterior, segundo o relatório. "O crescente número de pessoas que fazem as refeições sozinhas é uma das razões para a queda do bem-estar nos Estados Unidos", indica o estudo.
Os Estados Unidos também são um dos poucos países que registram um aumento das "mortes por desespero" (suicídio ou como consequência do consumo excessivo de álcool, drogas, etc.), no momento em que este tipo de óbito está em queda na maioria dos países.
O relatório analisa o comportamento das populações do mundo inteiro em 2022-2024, o que significa que não está vinculado às mudanças desencadeadas pelo retorno de Donald Trump à Casa Branca.
Os países da América Latina com as melhores posições foram Costa Rica e México, em sexto e décimo lugar, respectivamente.
O Afeganistão, cenário de uma catástrofe humanitária desde que os talibãs retomaram o poder em 2020, volta a aparecer como o país mais infeliz do mundo.
A classificação da felicidade é baseada em uma média de três anos de avaliações pessoais da satisfação com a vida, assim como no PIB per capita, apoio social, expectativa de vida com boa saúde, na liberdade, generosidade e índices de corrupção.
"Parece que os finlandeses estão relativamente satisfeitos com sua vida", declarou à AFP Frank Martela, professor adjunto especializado em pesquisa sobre bem-estar e felicidade na Universidade Aalto de Espoo, região de Helsinque.
O resultado pode ser explicado em grande medida pelo fato de que os finlandeses vivem em uma "sociedade que funciona bastante bem", acrescentou.
"A democracia funciona bem, temos eleições livres, liberdade de expressão, níveis de corrupção baixos e, tudo isso, demonstra que é possível prever níveis mais elevados de bem-estar nacional", completou.
Todos os países nórdicos têm sistemas de proteção social relativamente fortes, com licenças maternidade e paternidade, subsídios de desemprego e assistência de saúde majoritariamente universal, que também contribuem para níveis de bem-estar mais elevados em média.
Eveliina Ylitolonen, estudante de 23 anos em Helsinque, acredita que o apreço dos finlandeses pela beleza da natureza explica o nível de felicidade do país, conhecido por suas florestas profundas e mais de 160.000 lagos.
"A natureza é um elemento importante da felicidade", disse.
No relatório deste ano, os autores afirmam ter novas evidências de que atos de generosidade e a crença na bondade dos outros são "previsores significativos da felicidade, inclusive mais do que receber um salário maior".
"As pessoas são muito pessimistas sobre a bondade de sua comunidade; a taxa de devolução de carteiras perdidas é muito maior do que as pessoas esperam", acrescentam.
Os países nórdicos também estão "entre os melhores lugares em termos de taxas esperadas e reais de devolução de carteiras perdidas", destaca o relatório.
Com AFP.