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Barnier: de habilidoso negociador do Brexit a primeiro-ministro efêmero

Michel Barnier tentou aplicar suas habilidades no Brexit para liderar a França, mas foi derrubado após três meses no cargo

Michel Barnier, de negociador do Brexit a primeiro-ministro efêmero da França (Georges Gobet/AFP)

Michel Barnier, de negociador do Brexit a primeiro-ministro efêmero da França (Georges Gobet/AFP)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 20h36.

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Michel Barnier não conseguiu aplicar na França o perfil resiliente e conciliador que teve como negociador europeu do Brexit e, após a aprovação da moção de censura, entrou para a história como o primeiro-ministro mais efêmero desde 1958, quando a Quinta República Francesa foi instaurada.

Michel Barnier falhou ao tentar transferir para o cargo de primeiro-ministro da França a habilidade de negociação que o destacou durante as negociações do Brexit (2016-2020). Após apenas três meses no cargo, ele foi derrubado por uma moção de censura que obteve apoio tanto da esquerda quanto da ultradireita. Barnier, de 73 anos, estava a apenas um dia de completar o período mínimo de três meses no poder.

Nomeado pelo presidente Emmanuel Macron em setembro, Barnier foi visto como uma solução para o impasse político que seguiu as eleições de julho, que resultaram em uma Assembleia Nacional dividida em três blocos irreconciliáveis. No entanto, apesar de sua tentativa de criar uma imagem de homem afável e conciliador, seu perfil não agradou a todos. Derrubado por falta de apoio parlamentar, o primeiro-ministro se viu sem o respaldo necessário para aprovar o orçamento de 2025, sua primeira grande prova de fogo.

Com uma postura pública comedida, Barnier tentou transmitir um ar de estabilidade em um país que viu três primeiros-ministros em 2024. A imprensa o apelidou de "o conciliador" em setembro, esperando que ele aplicasse sua experiência do Brexit na política interna. No entanto, a nomeação de uma administração fortemente alinhada com seu próprio partido, Os Republicanos, não conseguiu atrair apoio dos outros blocos, colocando em questão a representatividade do governo.

Longa carreira política

Nascido em Sabóia, Barnier tem uma carreira política de mais de 50 anos. Começou sua trajetória com um cargo local e se destacou ao ser eleito deputado nacional aos 27 anos. Passou ainda pelo Senado e exerceu diversos cargos ministeriais durante os governos de Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, incluindo o cargo de ministro de Relações Exteriores (2004-2005) e ministro da Agricultura (2007-2009).

Na década de 2010, foi vice-presidente da Comissão Europeia, responsável pelo Mercado Interno e pelos Serviços. Entre 2016 e 2020, foi o negociador-chefe da União Europeia para o Brexit. Após essa missão, tentou, sem sucesso, se tornar o candidato de seu partido à presidência em 2022.

Casado há 40 anos com a advogada Isabelle Altmayer e pai de três filhos, Barnier viu sua carreira política terminar de forma abrupta, tentando, até o último momento, salvar seu cargo com um discurso de responsabilidade que foi ignorado pelos deputados. Em sua última entrevista antes da moção de censura, Barnier, que se descrevia como um amante de caminhadas pelas montanhas de sua região natal, disse: "Os adornos do poder não me importam. O que acontece agora me transcende."

O Futuro de Barnier

A queda de Barnier após sua curta passagem pelo cargo de primeiro-ministro levanta questões sobre o futuro político da França e de outros políticos com perfis semelhantes. Seu fracasso em unir os blocos políticos e garantir uma base sólida de apoio parlamentar revela a dificuldade que mesmo líderes experientes enfrentam para se consolidar em um cenário político fragmentado.

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