Mundo

Atentados coloca em risco reconciliação entre palestinos

Fatah acusou de forma explícita o Hamas de ser responsável pelos ataques que atingiram casas e veículos de alguns de seu

Fatah: ataques podem azedar a relação entre os grupos palestinos Fatah e Hamas (Jaafar Ashtiyeh/AFP)

Fatah: ataques podem azedar a relação entre os grupos palestinos Fatah e Hamas (Jaafar Ashtiyeh/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2014 às 14h55.

Gaza - Uma série de atentados na Faixa de Gaza contra propriedades de membros do grupo Fatah pode comprometer a difícil reconciliação em curso com os integrantes do Hamas, um fator indispensável para a reconstrução do território palestino devastado pela guerra com Israel.

O partido do presidente Mahmud Abbas, Fatah, acusou de forma explícita o Hamas, com quem se reconciliou há apenas alguns meses após anos de divisões e uma guerra civil em 2007, de ser responsável pelos ataques que atingiram casas e veículos de alguns de seus membros.

"Por volta das 2h30, uma explosão abalou o norte da Faixa de Gaza", relatou Fayez Abu Eita, porta-voz do Fatah em Gaza. "Descobriu-se que o alvo era a entrada de minha casa e meu carro".

As explosões, ocorridas no espaço de algumas horas antes das 6h30, não fizeram vítimas e causaram danos limitados.

Uma das explosões teve como alvo um palanque montado ao oeste de Gaza por ocasião do 10º aniversário da morte de Yasser Arafat, o principal fundador do Fatah.

Esta é a primeira vez em anos que o aniversário da morte de Arafat será marcado publicamente em Gaza, que o Hamas assumiu o controle ao custo de uma guerra civil com o Fatah em 2007.

Traidores e colaboradores

Segundo Fayez Abu Eita, uma carta assinada Estado Islâmico foi encontrada em frente a cada casa visada. Ela dá aos proprietários até 15 de novembro para fugir e não limpar "os golpes que atingirão todos os traidores e colaboradores como você".

Esta não é a primeira vez que tais atos são reivindicados em nome do Estado Islâmico e, no geral, não são levados a sério.

Fayez Abu Eita os chamou de "ridículos". Para ele e o Fatah, as explosões são destinadas a impedir a realização da homenagem a Arafat.

"O Comitê Central do Fatah condena os crimes que ocorreram esta manhã (sexta-feira) contra seus membros e acusa o Hamas de ser responsável por esses crimes", declarou um líder do Fatah, Nasser al-Qidwa, durante uma entrevista coletiva em Ramallah, na Cisjordânia ocupada.

Hussein al-Sheikh, outro membro da liderança do Fatah, disse que "não há dúvida de que o Hamas é responsável pelo que aconteceu contra os líderes do Fatah".

"Desde ontem à noite havia sinais, declarações do Hamas contra o Fatah e Mahmud Abbas. A mais significativa foi a de um grupo de militares do Hamas anunciando que acabariam com as comemorações planejadas por ocasião do décimo aniversário da morte do presidente Yasser Arafat", acrescentou.

Reconstrução

Por sua vez, o Hamas condenou "firmemente esses atos criminosos", segundo Sami Abu Zuhri, seu porta-voz em Gaza, e cobrou uma investigação que permita identificar os autores.

As explosões conduziram o primeiro-ministro Rami Hamdallah e vários ministros de seu governo composto de personalidades independentes a adiar "até nova ordem" uma visita prevista para sábado à Faixa de Gaza.

"Esses atos criminosos vão de encontro com os esforços de líderes palestinos e do governo de união nacional para a reconstrução de Gaza", indicou o governo em um comunicado.

O governo de reconciliação formado em junho se reuniu pela primeira vez em 9 de outubro na Faixa de Gaza após 50 dias de guerra que assolou o território. Ele saiu com a difícil tarefa de reconstrução e tendo que justificar as promessas de ajuda internacional, sem a qual a reconstrução é impossível.

Para tal empreendimento, que deve custar bilhões de dólares e levar muitos anos, a comunidade internacional exige um governo de unidade e se recusa a negociar com o Hamas, considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.

Ambos os lados concordaram para que o governo começasse a administrar Gaza. Mas as brigas não cessaram, por exemplo, sobre a espinhosa questão dos salários de milhares de funcionários da administração criada pelo Hamas após 2007.

Acompanhe tudo sobre:Al FatahFaixa de GazaHamasIsraelPalestina

Mais de Mundo

Quem são os insurgentes da nova batalha na Síria

Confronto durante partida de futebol na Guiné deixa pelo menos 56 mortos

Contra onda de solidão, Seul paga US$ 322 milhões para moradores irem a eventos

Novos bombardeios na Síria deixam 11 mortos, entre eles 5 crianças e 2 mulheres