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Aprovação de casamento LGBT na Alemanha como estratégia de Merkel

ÀS SETE - Com as eleições marcadas para setembro e a preocupação com a popularidade da chanceler, a liberação da união homoafetiva é positiva para ela

Merkel: ela própria costumava defender que ela acreditava que o casamento deveria ser firmado entre homens e mulheres (Fabrizio Bensch/Reuters)

Merkel: ela própria costumava defender que ela acreditava que o casamento deveria ser firmado entre homens e mulheres (Fabrizio Bensch/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2017 às 07h10.

Última atualização em 30 de junho de 2017 às 08h26.

O Parlamento alemão aprovou na manhã desta sexta-feira a legalização do casamento homossexual. A medida irá conceder direitos matrimoniais completos, inclusive com a possibilidade de adoção de filhos pelo casal.

O projeto de lei foi votado no último dia antes do recesso de verão, mas a pauta incomoda os conservadores cristãos do partido da chanceler Angela Merkel, que está na disputa para conquistar um quarto mandato.

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Com as eleições legislativas marcadas para 24 de setembro, qualquer ruído que pudesse ser causado com os eleitores provocou rebuliço no partido.

A própria Merkel costumava defender que ela acreditava que o casamento deveria ser firmado entre homens e mulheres e que a união de pessoas do mesmo sexo poderia trazer riscos para o bem-estar das crianças na família.

Esta semana, porém, ela afirmou num evento para mulheres que os parlamentares do partido devem ficar livres para votar como quiserem, e que ter conhecido um casal de lésbicas que cria oito filhos a fez mudar de opinião.

A preocupação com abalos de popularidade da chanceler faz sentido. Apesar de ela liderar as pesquisas, com seu partido reunindo 36,5% das intenções de voto contra 25% dos sociais-democratas liderados por Martin Schulz, conforme foi divulgado na última semana em pesquisa do INSA, a popularidade não vive uma maré de estabilidade.

No ano passado, sua política de abertura a refugiados foi amplamente criticada, após uma sequência de atentados terroristas. E a revista The Economist chegou a afirmar que Merkel seria “a grande perdedora de 2017”.

Se o partido de Merkel prefere não provocar surpresas, com 226 votos contrários, a chanceler não foge dos assuntos polêmicos, sejam eles o casamento gay, a política de refugiados ou mesmo o governo dos Estados Unidos.

Nessa quinta-feira, a chanceler atacou a política americana protecionista e contrária ao acordo do clima de Paris no parlamento alemão, mostrando que a reunião do G20 na próxima semana, na cidade de Hamburgo, será de relações não muito amistosas com o presidente Donald Trump.

Não será, portanto, uma decisão sobre as liberdades civis que vai abalar o apreço que os alemães têm pela liderança decidida e firme da chanceler há 12 anos.

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