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Após protestos, Fundação Nobel recua em convite a embaixador russo em cerimônia de prêmio

Comitê norueguês do Nobel acusa Moscou de tentar 'silenciar' ganhador do prêmio da Paz de 2021, Dmitri Muratov

A decisão foi celebrada como uma "vitória do humanismo" pelo porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko. (ANGELA WEISS/Reuters)

A decisão foi celebrada como uma "vitória do humanismo" pelo porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko. (ANGELA WEISS/Reuters)

Agência o Globo
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Publicado em 2 de setembro de 2023 às 14h00.

A Fundação Nobel informou neste sábado que voltou atrás na decisão de convidar os embaixadores da Rússia e da Bielorrússia para a cerimônia de entrega dos prêmios este ano em Estocolmo, após uma onda de críticas. A Fundação Nobel, que organiza todos os anos a entrega de prêmios em Estocolmo, decidiu não convidar os embaixadores dos dois países no ano passado, por causa da guerra na Ucrânia. O representante do Irã também não foi chamado pela repressão aos protestos no país.

Na quinta-feira, no entanto, a fundação anunciou que retomaria a política habitual de convidar os embaixadores de todos os países, o que provocou uma onda de indignação na Suécia, onde vários políticos afirmaram que boicotariam o evento. O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, criticou a decisão. Além disso, ativistas e o governo da Ucrânia, país invadido pela Rússia em fevereiro de 2022, também repudiaram o anúncio.

"Decidimos repetir a exceção do ano passado à prática habitual, ou seja, não convidar os embaixadores da Rússia, Bielorrússia e Irã à cerimônia de entrega do Prêmio Nobel em Estocolmo", informou a fundação neste sábado.

A decisão foi celebrada como uma "vitória do humanismo" pelo porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko. "Agradecemos a todos que pediram o retorno da justiça", afirmou o porta-voz, que havia solicitado o apoio da Fundação Nobel aos esforços de seu governo para isolar Rússia e Bielorrússia.

"Estamos convencidos de que é necessário adotar uma decisão similar a respeito dos embaixadores da Rússia e de Bielorrússia em Oslo", acrescentou Nikolenko, em uma referência à cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz.

A Fundação Nobel entrega em dezembro os prêmios de Medicina, Física, Literatura, Química e Economia, em uma cerimônia solene em Estocolmo com a presença do rei da Suécia, Carl XVI Gustaf. Na mesma data, ocorre a entrega do Nobel da Paz na capital da Noruega.

'Silenciamento'

O Comitê Norueguês, que define o vencedor do Nobel da Paz, afirmou, também neste sábado, que as autoridades russas tentam "silenciar" Dmitri Muratov, ganhador do prêmio em 2021, depois que o jornalista foi incluído na lista de "agentes estrangeiros" de Moscou.

"Dmitri Muratov foi agraciado com o prêmio Nobel da Paz em 2021 por seus esforços para promover a liberdade de expressão e a liberdade de informação, assim como o jornalismo independente", afirmou Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel, em um comunicado. "É triste que as autoridades russas tentem silenciá-lo agora. As acusações contra ele têm motivação política", acrescentou.

Reiss-Andersen destacou ainda que o Comitê Norueguês do Nobel "continua apoiando o trabalho importante" de Muratov e do jornal que dirige, Novaya Gazeta, a principal publicação independente da Rússia.

O Ministério russo da Justiça incluiu na sexta-feira Muratov na lista de "agentes estrangeiros", uma designação que as autoridades usam para reprimir vozes críticas a Moscou. Segundo o ministério, Muratov "usou plataformas estrangeiras para disseminar opiniões destinadas a criar uma atitude negativa em relação à política interna e externa da Federação Russa".

Também acusou Muratov de criar e distribuir conteúdo de outros "agentes estrangeiros". Muratov recebeu em 2021 o Prêmio Nobel da Paz em conjunto com a filipina Maria Ressa, em reconhecimento pela luta de ambos em prol da liberdade de expressão.

O jornalista dedicou o prêmio aos repórteres do Novaya Gazeta que morreram no exercício da profissão. Desde 2000, seis jornalistas e colaboradores do Novaya Gazeta foram assassinados, incluindo a renomada repórter investigativa Anna Politkovskaya.

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