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Após explosão, Líbano pode enfrentar escassez alimentar

Explosão destruiu porto, principal porta de entrada para importações de alimentos, e silo de grãos

Porto de Beirute após explosão: silo com capacidade para 120 mil toneladas foi totalmente destruído (Mohamed Azakir/Reuters)
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Reuters

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 10h55.

Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 16h15.

A explosão ocorrida nesta semana em Beirute destruiu o único grande silo de grãos do Líbano, e planos para construir outro, em Trípoli, segundo maior porto do país, foram arquivados anos atrás por falta de recursos, disseram à Reuters a agência de Alimentação e Agricultura da Organização das Nações Unidas, o diretor do porto de Trípoli e especialista regional de grãos.

A destruição da estrutura com capacidade para 120 mil toneladas e a incapacitação do porto, principal porta de entrada para importações de alimentos, farão com que os consumidores precisem depender de depósitos menores e privados para suas compras de trigo, aumentando as preocupações sobre escassez de comida.

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O Líbano, nação com estimadas 6 milhões de pessoas, importa quase todo o seu trigo.

"Há locais de armazenamento menores no setor privado de moinhos porque eles precisam armazenar o trigo antes de transformá-lo em farinha", disse o representante da Organização de Alimentos e Agricultura (FAO) no Líbano à Reuters.

"Em termos de silo de grãos, aquele era o único grande."

Dúzias de pessoas ainda estão desaparecidas após a explosão de terça-feira no porto, que matou pelo menos 154, feriu outras 5 mil e deixou 250 mil desabrigadas, em um país que já sofre com o derretimento da economia e aumento de casos de coronavírus.

Com os bancos em crise, a moeda em colapso e um dos maiores fardos de dívida do mundo, o ministro da Economia libanês, Raoul Nehme, disse que o Líbano tem "recursos muito limitados" para lidar com o desastre, que alguns estimam que possa custar até 15 bilhões de dólares para o país.

A falta de um terminal dedicado aos grãos, um silo ou elevadores em Tríplice ilustra uma abordagem à segurança alimentar que vende o almoço para comprar a janta.

Reflete como o Estado recorreu a planejamentos de emergência em vez de soluções de longo prazo em outras áreas chave, como o falho setor de energia e a bagunçada coleta de lixo, pulando de arremedo em arremedo sem os recursos ou financiamentos adequados desde o fim da guerra civil, entre 1975 e 1990.

"É arriscado, com certeza", disse Hesham Hassanein, consultor regional de grãos sediado no Cairo.

Os moinhos privados do país, por volta de oito no total, precisarão navegar por novas logísticas rapidamente para que a cadeia de fornecimento funcione bem, mesmo depois de alguns deles sofrerem danos na explosão. Isso significa transferir trigo por caminhão para depósitos próximos, no momento em que todo o tráfego para Beirute, não apenas de trigo, também será desviado para Tríplice.

O governo libanês também não manteve uma reserva estratégica de grãos.

"O que acontece é que os moinhos privados guardavam o que não cabe em seus próprios depósitos naquele silo de Beirute e pegavam de lá apenas o que precisavam", explicou Hassanein.

"Era o inventário do país, não uma reserva estratégica, nesse sentido, e era geralmente suficiente para dois meses e meio, três meses de consumo."

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