Acidente do voo Rio-Paris 447: relembre o caso da tragédia que matou 228 pessoas
Queda de aeronave foi no Oceano Atlântico em 1ª de junho de 2009
Agência de notícias
Publicado em 17 de abril de 2023 às 17h33.
Há 14 anos, o Brasil e a França viviam um dos acidentes aéreos mais trágicos de sua história: o caso do voo 447, da Air France, que deixou 228 pessoas mortas. Em 1º de junho de 2009, o voo AF447, que fazia a rota entre o Rio de Janeiro e Paris, caiu no meio da noite no Oceano Atlântico, algumas horas após a decolagem.
A bordo do avião, um A330 com registro F-GZCP, estavam pessoas de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, além de italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros.
- Guilherme Boulos (PSOL-SP) será relator da comissão mista da MP do MCMV
- CVC (CVCB3) tem nota de classificação de risco rebaixada pela S&P
- Justiça francesa absolve Airbus e Air France por acidente do voo Rio-Paris em 2009
- Tarifa do metrô do Rio de Janeiro fica mais cara a partir desta quarta; veja valor
- Visita de Lula é chance para reforçar cooperação em várias frentes, diz porta-voz chinês
- Biden diz que planeja concorrer às eleições nos EUA
Este foi o acidente mais letal da história da aviação comercial francesa.
Veja abaixo as principais datas do desaparecimento do avião da Air France:
Como o voo da Air France desapareceu?
O 1º de junho de 2009, um Airbus A330 que operava o voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris desapareceu no oceano Atlântico em frente à costa brasileira.
Algumas horas depois que sumiu dos radares, o avião passou a enviar mensagens automáticas emitidas pelo ACARS ( Sistema Dirigido de Comunicação e Informação da Aeronave ). Elas indicavam problemas elétricos, bem como perda de pressurização da cabine.
Os primeiros destroços da aeronave foram encontrados a partir de 2 de junho no mar, perto do Equador.
Por que a Air France foi indiciada por homicídio culposo?
A Justiça francesa começou uma investigação em 5 de junho por "homicídios culposos".
O escritório de investigação e análise de segurança da Aviação Civil (BEA) anunciou que o avião enviou 24 mensagens automáticas de defeitos em quatro minutos.
Estes indicavam uma "incoerência nas velocidades [do avião] medidas" pelas sondas Pitot.
A Air France anunciou a substituição deste dispositivo nos modelos A330 e A340 em 9 de junho. Em 2 de julho, um primeiro informe do BEA indica que as falhas destas sondas são "um elemento, mas não a causa" do acidente.
Quando a Air France foi acusada?
Em 17 e 18 de março de 2011, a Justiça acusa a Airbus e Air France por homicídios culposos.
Em 2 de abril, é encontrada mais uma parte da cabine do avião. Em 1º e 2 de maio se recuperaram as caixas pretas.
Em 7 de junho, a operação de buscas dos corpos é encerrada: 154 corpos foram recuperados desde junho de 2009.
O voo da Air France caiu por falha dos pilotos?
Em 28 de julho de 2011, as famílias das vítimas alemãs acusam o BEA de favorecer a hipótese de falha dos pilotos.
Um dia depois, em um novo informe, esta agência aponta esta falha e admite ter retirado uma passagem que indicava um funcionamento paradoxal do alarme de entrada em estol (perda de sustentação no ar devido à baixa velocidade, ndlr) dos A330, mas negou ter sofrido pressões.
Em 4 de julho de 2012, um informe de peritos judiciais aponta um conjunto de erros humanos e falhas técnicas.
Um dia depois, o informe final do BEA concluiu que houve uma "obstrução das sondas de velocidade Pitot" e que os pilotos não detectaram o estol (perda de sustentação) da aeronave.
O que aconteceu com o piloto do voo da Air France?
Em 30 de abril de 2014, cinco peritos outorgados por juízes de instrução estimam que a catástrofe se deve a "uma reação inapropriada da tripulação após a perda momentânea das indicações de velocidade".
Uma nova perícia determinada pela Justiça em 20 de dezembro de 2017 estabelece que a "causa direta" do acidente "resultou das ações inadaptadas da pilotagem manual" do avião.
O informe indignou as famílias das vítimas. "Sempre é culpa dos pilotos que não estão ali para se defender", declara Danièle Lamy, presidente de uma associação de familiares de vítimas.
Interrupção do processo
Em 17 de julho de 2019, o Ministério Público de Paris pede um processo penal contra Air France por "negligência" e "imprudência", mas assegura que não há acusações suficientes contra a Airbus.
As famílias das vítimas apresentam em 1º de setembro um informe inédito que afirma que a Airbus tem ciência das falhas nas sondas de velocidade desde 2004.
Porém, os juízes de instrução interromperam o processo para ambas as empresas. O Ministério Público recorreu.
Air France e Airbus absolvidos
Em 12 de maio de 2021, o tribunal de apelação de Paris decide que Air France e Airbus serão julgados por "homicídios culposos".
O julgamento começa em 10 de outubro de 2022 e, em 17 de abril, o tribunal anuncia a absolvição de ambas as empresas, ao considerar que, apesar de cometerem "falhas", não se "pôde demonstrar (...) nenhum nexo causal certo" com o acidente.