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Gripe mata 200 milhões de porcos. E segue ajudando BRF e JBS

Nesta segunda, a JBS também anunciou amortização de parte da dívida, enquanto a BRF foi considerada "outperform" por analistas do Itaú BBA

Em junho, as exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 63,6 mil toneladas, alta de 81% em relação ao mesmo período do ano passado (Getty Images/Divulgação)

Em junho, as exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 63,6 mil toneladas, alta de 81% em relação ao mesmo período do ano passado (Getty Images/Divulgação)

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Natália Flach

Publicado em 22 de julho de 2019 às 15h17.

Última atualização em 26 de agosto de 2019 às 17h37.

São Paulo - É uma tragédia sem precedente para os porcos. É uma oportunidade única para duas gigantes brasileiras. Na segunda-feira (22), as ações dos frigoríficos BRF e JBS subiram 3,29% e 3,97%, respectivamente, impulsionadas pela notícia de novos casos de febre suína, desta vez na Europa. A doença acaba beneficiando as empresas brasileiras que podem exportar mais para o continente e para as demais regiões do mundo.

Segundo relatório do banco Itaú BBA, a gripe suína deve dizimar no mínimo 25% da criação de porcos do mundo, algo como 200 milhões de animais. O maior atingido é a China, dona de mais de metade do rebanho suíno do mundo, e que deve ter que sacrificar metade de seus animais.

Em junho, as exportações brasileiras de carne suína (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 63,6 mil toneladas, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número é 81% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando foram exportadas 35 mil toneladas.

A JBS também anunciou, nesta segunda, o pagamento de 750 milhões de reais relativos à amortização de parte das dívidas da companhia com bancos. Os recursos utilizados são provenientes da geração de fluxo de caixa livre do frigorífico, e o endividamento em aberto passa a ser de 5,7 bilhões de reais.

 

 

"Esse pagamento reflete a estratégia da JBS de reduzir o montante das suas dívidas que possuem garantias, além de reduzir suas despesas financeiras", escreve Guilherme Perboyre Cavalcanti, diretor de relações com investidores da JBS, em fato relevante.

A JBS é a queridinha do setor, para os analistas do Itaú BBA, com preço-alvo de 32 reais. Mas a BRF não fica tão atrás. Os analistas Antonio Barreto, Gustavo Troyano e Renan Moura escrevem, em relatório distribuído para clientes, que elevaram a recomendação da BRF para "outperform" pela primeira vez em quatro anos. O preço-alvo é de 37 reais.

"A trajetória da BRF foi sinuosa, e agora está em seu melhor momento (fluxo de notícias e resultados), graças  ao bilhete premiado da gripe suína africana", escrevem os analistas. O frigorífico ainda enfrenta desafios, "mas estamos apostando que a nova administração preparou a empresa para se beneficiar desse momento".

O Bradesco BBI, por sua vez, elegeu a BRF como sua preferida. A avaliação é de que os papéis da companhia são "outperform", cujo preço-alvo é 44 reais. Isso tudo em meio a um tremendo vácuo de gestão, que levou a empresa a dois anos de prejuízo e a uma naufragada tentativa de se juntar ao frigorífico Marfrig.

Para a BRF e a JBS, há gripes que vêm para o bem.

 

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