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Mansões, coberturas e até ilhas: a imobiliária de luxo que facilita a entrada do gringo no Brasil

WhereInRio cresceu com Copa e Jogos Olímpicos e agora vê maior interesse de investidores russos no País

Ilha do Japão, em Angra dos Reis, exclusiva e autossuficiente em energia, está disponível para venda e locação por temporada (WhereInRio/Divulgação)
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 11 de junho de 2023 às 12h47.

Última atualização em 11 de junho de 2023 às 16h26.

Para quem deseja criar um negócio de luxo para estrangeiros no Brasil, nada melhor do que Copa e Olimpíada como chamariz. Entre 2014 e 2016, os turistas estrangeiros lotaram os hotéis, e os mais abastados causaram uma escassez das locações de alto padrão, que não estavam preparadas para a demanda. Foi essa procura que impulsionou o crescimento da WhereInRio, imobiliária boutique focada no mercado de luxo.

“Ter trabalhado muito na Copa e na Olimpíada me ajudou a criar uma rede: hospedei chefes de Estado, estrelas internacionais de esporte e música. Mesmo sendo uma cidade grande, o Rio de Janeiro não tinha tantos hotéis 5 estrelas à época”, disse o belga Frédéric Cockenpot, fundador da WhereInRio.

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Cockenpot chegou ao Rio em 2007, ano em que fundou a WhereInRio de olho na demanda estrangeira para o mercado de locação de luxo por temporada. O negócio cresceu, e hoje tem uma carteira de 500 imóveis para venda e cerca de 200 propriedades para locação, com valores que podem chegar aos R$100 milhões– 60% da carteira movimenta entre R$ 3 e R$ 10 milhões. São mansões, apartamentos, coberturas e até ilhas. Uma das joias da carteira, a Ilha do Japão, está à venda por US$ 13 milhões (aproximadamente R$ 63 milhões).

Frédéric Cockenpot, fundador da WhereInRio (WhereInRio/Divulgação)

Existem também os clientes que buscam propriedades apenas para investir; alguns chegam a fazer operações sem visitar o imóvel e nem pisar no Brasil. Cockenpot avalia que 20% dos negócios são fechados da WhereInRio são fechados de forma completamente remota, com visitas virtuais.A imobiliária oferece o serviço de “property hunter”: os caçadores de imóveis avaliam as oportunidades e oferecem as melhores opções. A compra do imóvel é feita em nome do cliente e a WhereInRio assume, na sequência, a administração da propriedade, que pode ser colocada para venda ou locação. A personalização continua com um contador dedicado à maximizar o retorno do investimento.

O serviço segue o modelo boutique, que mantém o negócio focado em uma gama menor de clientes, com atendimento personalizado. E, na WhereinRio, a personalização “não tem limites”, segundo seu fundador. O foco é atender todas as solicitações do cliente, em um serviço de concierge. Os principais serviços incluem motoristas e babás bilíngues, aluguel de barcos e helicópteros, reserva de voos em jatos particulares e comerciais, chef privado, organização de eventos e vivências de bem-estar, com serviços como yoga. Ou qualquer outra demanda que o cliente porventura tenha.

“É uma relação de confiança. Tivemos um episódio em que a cliente esqueceu o vestido que gostaria de usar em um evento e pediu que a peça fosse buscada em Nova York – não confiava em mandar o vestido sem acompanhamento. Buscamos a peça em 24 horas”, contou Cockenpot. O objetivo, segundo o fundador, é ser uma solução global.

Ilha do Japão, em Angra dos Reis (RJ). Propriedade está à venda por US$ 13 milhões (aproximadamente R$ 63 milhões) (WhereInRio/Divulgação)

Quem é o cliente da WhereInRio

Os clientes da WhereInRio se dividem entre fundos de investimento e investidores individuais. O perfil inclui principalmente altos executivos e suas famílias, consulados e embaixadas. Os estrangeiros ainda são maioria, especialmente no mercado de compra e venda, no qual são 80% dos clientes. No mercado de locação, a divisão é mais parelha entre brasileiros e gringos.

Os aluguéis por temporada são liderados pelos americanos, que representam 35% dos clientes, seguidos por 25% europeus, 25% latinoamericanos e 15% russos. Já no mercado de compra e venda, os europeus são maioria com 40% dos negócios, seguidos por 30% de norte-americanos, 20% de brasileiros, 5% de russos e outros 5% distribuídos entre diversas nacionalidades.

O destaque que a WhereInRio faz dos russos tem razão de ser: a imobiliária percebeu um crescimento do interesse dos russos pelo mercado brasileiro do ano passado para cá. Entre os motivos está a guerra entre Rússia e Ucrânia, que limitou o turismo e o investimento russo em alguns locais da Europa e Estados Unidos.

“O Brasil tem uma relação diplomática boa com a Rússia, o que transmite segurança ao investir no País. Com o câmbio favorável e um ambiente hostil na Europa devido à guerra, Brasil desponta como um bom local para visitar, gerar renda ou morar na aposentadoria”, comentouCockenpot.O empresário lembra ainda que o Brasil oferece um visto de residência permanente (golden visa) para quem investe em imóveis a partir de R$ 1 milhão.

Cobertura triplex de luxo em Ipanema à venda por R$ 13 milhões (WhereInRio/Divulgação)

Para brasileiros: Trancoso e Jericoacoara

Embora o foco seja o investidor estrangeiro, a WhereinRio atende também brasileiros – especialmente aqueles que querem vender para gringos. “Hoje o mercado de alto padrão e luxo está muito voltado para o internacional. Para vender, é essencial anunciar e ter contatos fora do Brasil, e a WhereInRio faz essa ponte”, explicou  Cockenpot.

Para o brasileiro que quer comprar e alugar, a WhereInRio tem parceria com imobiliárias estrangeiras que atuam na Europa e nos Estados Unidos, focando em lugares que o cliente local gosta de visitar no exterior.

E a pandemia também fez crescer o interesse do cliente brasileiro por propriedades de luxo dentro do País. Com o isolamento social, a WhereInRio começou a expandir a operação para o Nordeste, e agora tem um pequeno portfólio entre Trancoso, na Bahia, e Jericoacoara, no Ceará.

Para o futuro, o projeto é expandir a oferta desses destinos também para o estrangeiro, aprofundando a conexão do Brasil com o investidor gringo – que é, segundo a empresa, seu principal diferencial.

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