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Como a doação de imóveis em vida pode afetar sua herança no futuro

Ao realizar a doação, é possível incluir cláusulas que ajudam a proteger o patrimônio

A doação em vida afeta diretamente a herança, pois o imóvel doado já é contabilizado como parte do patrimônio (EyeEm/Getty Images)

A doação em vida afeta diretamente a herança, pois o imóvel doado já é contabilizado como parte do patrimônio (EyeEm/Getty Images)

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 16h59.

A doação de imóveis em vida é uma estratégia bastante utilizada no planejamento sucessório, pois pode ajudar a evitar conflitos familiares e agilizar o processo de partilha de bens. No entanto, é essencial entender como essa decisão pode impactar a herança no futuro, tanto do ponto de vista legal quanto financeiro. Veja abaixo os principais aspectos que você precisa considerar antes de optar por esse caminho.

1. O que é a doação de imóveis em vida?

A doação de imóveis em vida é um ato no qual o proprietário transfere a titularidade de um imóvel para outra pessoa, como filhos ou outros herdeiros, enquanto ainda está vivo. Essa transferência deve ser formalizada por meio de um contrato registrado em cartório e, em muitos casos, inclui cláusulas específicas, como a reserva de usufruto, que permite ao doador continuar utilizando o imóvel.

2. Impacto na herança

A doação em vida afeta diretamente a herança, pois o imóvel doado já é contabilizado como parte do patrimônio que seria distribuído no inventário. Segundo a legislação brasileira, a doação deve respeitar a legítima, ou seja, a parte da herança reservada por lei aos herdeiros necessários, como filhos, cônjuge e pais. Assim, o imóvel doado em vida será considerado na divisão do patrimônio no momento da sucessão.

Exemplo: Se uma pessoa tem dois filhos e doa um imóvel para um deles, o valor desse imóvel será contabilizado no total da herança para garantir que o outro filho também receba sua parte legítima.

3. Benefícios da doação em vida

  • Agilidade no planejamento sucessório: A doação em vida pode evitar o processo de inventário, que é muitas vezes demorado e oneroso.
  • Redução de conflitos familiares: Ao definir claramente quem receberá o imóvel, o doador pode evitar disputas futuras entre os herdeiros.
  • Possibilidade de usufruto: O doador pode incluir a cláusula de reserva de usufruto, garantindo o direito de utilizar o imóvel enquanto estiver vivo, mesmo que a titularidade já tenha sido transferida.

4. Custos e impostos envolvidos

A doação de imóveis em vida está sujeita ao Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), cuja alíquota varia de estado para estado. Esse imposto pode ser um custo considerável, e sua incidência deve ser analisada antes de realizar a doação. Além disso, é importante considerar os custos de registro em cartório e eventuais taxas.

Em alguns casos, pode ser mais vantajoso optar pela doação do imóvel em vida, pois o ITCMD tende a ser menor do que os custos envolvidos em um processo de inventário.

5. Cláusulas que podem proteger o patrimônio

Ao realizar a doação, é possível incluir cláusulas que ajudam a proteger o patrimônio. Algumas das mais comuns são:

  • Reserva de usufruto: Garante que o doador possa continuar utilizando o imóvel enquanto estiver vivo.
  • Inalienabilidade: Proíbe que o donatário venda ou transfira o imóvel sem a autorização do doador.
  • Impenhorabilidade: Impede que o imóvel seja usado como garantia para dívidas ou penhorado por credores do donatário.
  • Incomunicabilidade: Garante que o imóvel doado não seja incluído no patrimônio comum de um casamento ou união estável.

6. Riscos e cuidados

Embora a doação de imóveis em vida traga vantagens, também apresenta riscos que precisam ser avaliados. Entre eles estão:

  • Conflitos sobre divisão desigual: Se o doador não equilibrar os valores dos bens doados entre os herdeiros, pode haver disputas no futuro.
  • Perda de controle sobre o imóvel: Caso o doador não inclua a cláusula de usufruto, pode perder o direito de usar o imóvel imediatamente após a doação.
  • Custos tributários imediatos: Enquanto no inventário os impostos são pagos após o falecimento, na doação o imposto é devido no momento da transferência.

7. Como planejar a doação de imóveis em vida?

Para que a doação de imóveis em vida seja feita de maneira eficiente e sem prejuízo para os herdeiros, é essencial:

  • Consultar um advogado especializado em direito sucessório: Um profissional pode ajudar a elaborar os contratos e garantir que todas as cláusulas e obrigações legais sejam cumpridas.
  • Avaliar o impacto no patrimônio: É importante calcular como a doação afetará os bens que ficarão disponíveis para os demais herdeiros.
  • Comunicar os herdeiros: Uma conversa clara com os herdeiros pode evitar mal-entendidos e reduzir a possibilidade de disputas futuras.

Por que você precisa saber disso?

A doação de imóveis em vida é uma estratégia que pode simplificar o planejamento sucessório e evitar conflitos familiares, mas exige cuidado para garantir que todos os herdeiros sejam tratados de forma justa e que as implicações legais sejam bem compreendidas. Antes de tomar qualquer decisão, avalie os custos, impostos e os impactos no patrimônio e consulte um especialista para garantir que tudo seja feito de forma segura e eficiente.

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