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Polônia ameaça boicote à Ikea em debate sobre direitos LGBT

Varejista de móveis sueca demitiu um funcionário por causa de suas ações durante um evento corporativo de orgulho gay no país

Escritório da empresa sueca de móveis Ikea. (Jens-Ulrich Koch/AFP)

Escritório da empresa sueca de móveis Ikea. (Jens-Ulrich Koch/AFP)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 30 de junho de 2019 às 07h47.

Última atualização em 30 de junho de 2019 às 07h47.

A Polônia ordenou procuradores para investigar a Ikea depois que sua unidade local demitiu um homem por causa de suas ações durante um evento corporativo de orgulho gay, enquanto as autoridades do partido governante ponderaram um boicote ao maior varejista de móveis do mundo.

O incidente vem depois que o político mais poderoso da Polônia, o chefe do partido governante Jaroslaw Kaczynski disse no período que antecedeu as eleições europeias do mês passado que o avanço dos direitos dos homossexuais é um "perigo grave" para as famílias da Polônia e o futuro da União Europeia.

Se confirmado pela investigação, o episódio mostra como as empresas estrangeiras na Polônia promovem atos de discriminação contra aqueles que não compartilham seus valores, disse o ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, à televisão pública TVP Info. "Isso é inaceitável", disse Ziobro na sexta-feira. "É absolutamente escandaloso."

O ex-funcionário da Ikea, identificado pela TVP Info como Tomasz K., disse à rede que foi demitido depois de se recusar a retirar um comentário crítico que postou na intranet da empresa durante um evento em solidariedade à comunidade LGBT. Ele disse que seu post incluía citações da Bíblia. "Eu estava abalado, fui contratado para vender móveis, mas sou católico e esses não são meus valores", disse ele.

A cultura corporativa da Ikea é baseada na “liberdade de ideias, tolerância e respeito com cada funcionário, mas a empresa tem que reagir quando vê risco de quebra de dignidade de outros funcionários”, disse Katarzyna Broniarek, chefe de comunicações corporativas da Ikea Retail.

Patryk Jaki, integrante do partido governista e ex-vice de Ziobro, ofereceu ajuda legal a Tomasz K. e pediu um boicote à Ikea se as investigações concluírem que a varejista estava discriminando católicos.

A Ikea abriu sua primeira loja polonesa em 1991. Tem mais de uma dúzia de fábricas no país e quase a mesma quantidade de lojas de varejo. As fábricas polonesas produzem cerca de 4.000 produtos vendidos nas lojas da Ikea em todo o mundo.

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