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Grupo Ajinomoto aposta no esporte olímpico para ser conhecido além do Sazón 

Companhia fatura R$ 3,3 bilhões com 450 produtos no Brasil, e tem o desafio de informar os consumidores sobre aminoácidos e glutamato

Taro Fujie, CEO da Ajinomoto: “Somos uma empresa que nasceu em 1909 pesquisando sobre saúde” (Divulgação)
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 18h53.

Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 09h56.

Paris - A 500 metros da Vila Olímpica, no distrito de Saint-Denis, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) montou uma estrutura especial para receber atletas e familiares. A mansão em estilo château, daquelas tradicionais francesas, tem sala de fisioterapia, seção consular, escritório e sala de estar com mesinhas de desenhos para crianças. Mas a maior atração está no subsolo, em meio a grossas colunas de pedra e teto baixo.

É ali que foi montado o restaurante para os atletas, com cardápio assinado pela chef Sarah Lima. Radicada em Paris, ela faz eventos com comida brasileira, como arroz, feijão, carne de panela. Para os 280 atletas brasileiros em Paris, o almoço feito pelo time da chef era uma oportunidade de se sentir mais próximos de casa. Quando a reportagem da EXAME visitou o local, Rayssa Leal, do skate, Bruna Takahashi, do tênis de mesa, e Evandro Gonçalves, do vôlei de praia, eram alguns dos atletas se servindo no buffet.

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O restaurante foi uma iniciativa do COB junto com o gigante japonês de alimentos Ajinomoto, dono de marcas como a Sazón. A Ajinomoto apoia também um restaurante para o comitê olímpico japonês, onde o arroz com feijão dava lugar a gyozas e sopas. Para a multinacional, as iniciativas fazem parte de um plano maior de marketing de tornar sua marca mais conhecida do público final, e de mostrar a conexão profunda da alimentação com o desempenho esportivo, um conceito de saúde conhecido como "kachimeshi".

A empresa patrocina o comitê olímpico japonês desde 2003, e em seu país natal mantém também um centro de treinamento olímpico. No Brasil e na Tailândia, também patrocina comitês e atletas locais. No Brasil, são 17 atletas olímpicos e paralímpicos, como o judoca Rafael Silva, bronze por equipes em Paris, e a nadadora Ana Marcela Cunha, ouro na maratona em Tóquio.

A descoberta do umami

"Somos uma empresa que nasceu em 1909 pesquisando sobre saúde. E o esporte é parte essencial de nossa trajetória. Somos focados na ciência dos aminoácidos. Esta é nossa contribuição para a sociedade", diz Taro Fujie, CEO global do Grupo Ajinomoto, em entrevista à EXAME em Paris.

Aminoácidos são moléculas orgânicas que formam as proteínas e são essenciais para o funcionamento de nosso organismo. Estão na base da criação do gigante japonês com faturamento de US$ 9,9 bilhões. A empresa nasceu em 1909, quando o professor kapoês Kikunae Ikeda descobriu um aminoácido chamado glutamato, responsável por um novo gosto, o umami. É abundante na natureza, em vários alimentos como milho, tomate e até no leite materno. Sua forma industrializada é o glutamato monossódico, que é produzido a partir da fermentação da cana-de-açúcar virou um negocio bilionário para a cia japonesa..

Foi uma revolução silenciosa na alimentação e nas cozinhas do mundo. Nos últimos anos, o umami tomou as cozinhas mais estreladas, com o uso de ingredientes que prolongam o sabor e aumentam a salivação – como cogumelos, tomate e frutos do mar. O produto que deu origem ao conglomerado realça essa característica nos preparos.

O glutamato foi industrializado como aquele pozinho branco que passou a ser conhecido como Ajinomoto, de mesmo nome da empresa, que deixa os alimentos mais saborosos e reduz a necessidade de uso do sal. Do produto inicial, a empresa desenvolveu outros alimentos — que hoje incluem de temperos como Sazón a azeite e molhos. Em outras frentes, desenvolve aminoácidos esportivos e também produtos B2B, para empresas dos mais variados setores.

Taro Fujie, CEO do Grupo Ajinomoto (Divulgação)

Já são 34 mil funcionários em 34 países, dos quais 3 mil estão no Brasil, terceiro maior mercado para a empresa. Instalada por aqui em 1956, a Ajinomoto tem quatro fábricas no estado de São Paulo e fatura R$ 3,3 bilhões por ano no país, com um portfólio de 450 produtos.

Entre os desenvolvidos no Brasil está até o tucupi, caldo de mandioca brava tradicional do Pará — e rico em umami. O país é considerado um mercado tão central para o grupo japonês que Taro Fujie, o atual CEO global, é o segundo a comandar a unidade brasileira antes de assumir a liderança global da empresa.

Menos sódio

Desde que assumiu o cargo global, em 2022, Fujie tem a missão de fazer da Ajinomoto uma empresa com a marca corporativa mais conhecida – um caminho trilhado, por exemplo, por gigantes como P&G e Unilever. “Nossa marca corporativa é famosa na Ásia, mas queremos investir mais para ser conhecidos em outros mercados”, diz Fujie.

No conselho consultivo da companhia no Japão, por exemplo, uma das cadeiras é ocupada pelo CEO da Interbrand no Japão, incensada consultoria de marketing. Nesta busca por maior conexão com os consumidores, o grupo aposta em comunicar saúde e inovação.

E trata, também, de comunicar mais sobre o glutamato e sobre os aminoácidos. “São elementos naturais, componentes das proteínas, que aumentam as funções cerebrais”, diz Shigeo Nakamura, presidente da Ajinomoto no Brasil.

Comunicar a relação com a saúde é prioridade. Esporte é parte da equação. Mas o maior diferencial pode estar na cozinha do dia a dia. Segundo a empresa, o uso de Ajinomoto pode reduzir em até 30% o uso de sódio, um vilão da hipertensão mundo afora.

Durante os Jogos Olímpicos, quem visita a Casa Japão, em Paris, é convidado a tomar uma sopa tradicional feita com caldo de frango, legumes, gyoza – e nada de sal. É o tipo de tradição que ajuda a explicar a longevidade japonesa e que, para a Ajinomoto, está por trás também do sucesso esportivo. Até esta terça-feira, o país tinha 29 medalhas em Paris, 11 delas de ouro.

*O jornalista viajou a Paris a convite da Ajinomoto do Brasil

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