Imagem reúne algumas das 70 “Cores que Tocam”: tons do portfolio da Coral traduzidas em Cromopoemas. Cada pôster traz a inicial de uma cor no sistema Braille (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 23 de abril de 2025 às 16h51.
Última atualização em 23 de abril de 2025 às 17h06.
Em abril, mês de celebração do Sistema Braille, a Coral lançou a iniciativa "Cores que Tocam", com o objetivo de tornar sua paleta de cores acessível às mais de 6 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil. Desenvolvido em parceria com a VML Brasil e com a colaboração técnica da Fundação Dorina Nowill para Cegos, o projeto transforma 70 cores do portfólio da marca de tintas da AkzoNobel em uma experiência multisensorial.
A iniciativa propõe uma nova forma de perceber as cores, com textos poéticos, disponíveis em Braille e em versão sonora, acessíveis a pessoas cegas e com baixa visão. Com essa proposta, a Coral pretende celebrar seus 70 anos no Brasil e reafirmar seu compromisso com a inclusão e a democratização da cor.
"Acreditamos que as cores têm o poder de transformar ambientes e vidas. Essa crença se fortalece à medida que mais pessoas têm acesso a essa experiência", diz Juliana Zaponi, gerente de comunicação e cores Latam da AkzoNobel. "Esse projeto dá um passo importante na inclusão para garantir que mais pessoas possam sentir e escolher cores de uma forma inovadora, indo além da visão e explorando novas formas de conexão sensorial".
A criação do “Cores que Tocam” teve como base estudos da neurociência que mostram como pessoas cegas percebem cores por meio de emoções, memórias e sensações. A partir desse ponto de partida, a Coral selecionou 70 cores de seu portfólio, organizadas em nove escalas cromáticas, que permitem diversas combinações. As cores ganharam representações em Braille, agregando valor gráfico e criando uma linguagem visual própria para o projeto.
O desenvolvimento da experiência sensorial envolveu uma equipe multidisciplinar e contou com a validação técnica da Fundação Dorina Nowill para Cegos, referência em inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no Brasil. O processo partiu da conversão dos códigos de cores dos sistemas RGB, CMYK e HEX em “Cromopoemas” — textos curtos que associam cada cor a sentimentos e narrativas, também disponíveis em áudio.
Com isso, cada cor deixou de ser apenas um código ou estímulo visual e passou a provocar uma experiência sensorial única. As associações propostas permitem que as pessoas acessem memórias, sensações e histórias ligadas às suas vivências, explorando as cores de um modo novo e inclusivo.
O passo seguinte foi reunir os "Cromopoemas" em um leque de cores acessível, inspirado nos catálogos encontrados em lojas de tintas e decoração. A direção de arte se baseou em três elementos-chave: cor, Braille e a percepção tátil de pessoas cegas ou com baixa visão.
Criado para aprofundar a imersão proporcionada pelos "Cromopoemas", o material apresenta cartelas totalmente impressas em preto, substituindo as tradicionais centenas de cores. Cada cor é expressa por meio de emoções e sensações descritas nos textos em Braille, acessíveis a quem é alfabetizado nesse sistema.
No verso, o nome da cor é impresso em seu tom correspondente e em fonte ampliada, facilitando a leitura por pessoas com baixa visão. O logotipo do projeto também reflete a proposta de imersão, simulando a "pressão" de uma mão tocando uma amostra e lendo em Braille, enquanto utiliza contrastes para garantir legibilidade.
A cor Laranja Cítrico, por exemplo, é descrita como "aquela vontade de morder uma fruta fresca no recreio. Deixar o suco escorrer pelo queixo e passar o dia com o perfume dela nas mãos. Essa cor é o Laranja Cítrico, um tom de laranja vibrante e quente".
A inovação da campanha é a forma como a cor, normalmente associada à percepção visual, é transferida para o domínio sensorial. Por isso, a experiência sonora complementa o projeto. Em parceria com a produtora de áudio Vox Haus, cada "Cromopoema" foi transformado em uma narrativa falada e reunido em uma galeria digital no YouTube da Coral.
A direção de som foi planejada para respeitar a ultrassensibilidade auditiva da comunidade de pessoas cegas e com baixa visão. Ao invés de seguir a abordagem tradicional do ASMR, que pode sobrecarregar os sentidos, a proposta foca em sutilezas e nuances, criando uma imersão sensorial genuína.
“Acreditamos que a inclusão acontece quando as diferenças são respeitadas e valorizadas. Projetos como o ‘Cores que Tocam’ representam um avanço significativo nesse caminho, pois permitem que pessoas cegas e com baixa visão tenham acesso a experiências antes restritas ao universo visual. Ao transformar cor em sensação, poesia e som, a Coral contribui para ampliar horizontes e reforça a importância da acessibilidade como parte essencial da inovação”, diz Alexandre Munck, superintendente executivo da Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Outro cuidado da marca foi garantir que os "Cromopoemas" pudessem ser ouvidos em velocidade 2x, sem perda de qualidade. As camadas sonoras foram gravadas e aceleradas separadamente, prometendo clareza, ritmo e profundidade na experiência, o que oferece conveniência com propósito para quem interage principalmente por meio do áudio.
“Nosso desafio foi criar uma experiência que transcendesse a visão, unindo acessibilidade à beleza da expressão poética,” afirma Gabriel Sotero, diretor executivo de criação da VML Brasil. “O projeto mostra como a criatividade guiada pela empatia pode abrir caminhos mais humanos e inclusivos”, complementa Pedro Rosa, diretor executivo de criação da VML Brasil. Ambos lideraram a equipe criativa do projeto.