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Para Credit, Eletrobras ainda é compra; mas prepare-se para pregão negativo hoje

Na segunda, os ADRs da estatal negociados na Bolsa de Nova York caíram 12% em reação à saída do CEO, Wilson Ferreira Junior; na B3, as ações sentirão o efeito da notícia hoje

Eletrobras: lei que viabiliza privatização foi publicada em julho de 2021. (Dado Galdieri/Bloomberg)

Eletrobras: lei que viabiliza privatização foi publicada em julho de 2021. (Dado Galdieri/Bloomberg)

PB

Paula Barra

Publicado em 26 de janeiro de 2021 às 09h48.

Última atualização em 26 de janeiro de 2021 às 10h17.

Com a Bolsa brasileira fechada ontem por conta do feriado do aniversário de São Paulo, as ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) vão repercutir nesta terça-feira, 26, o anúncio no domingo sobre a saída do CEO, Wilson Ferreira Junior. Mas a depender do desempenho visto dos ativos da companhia negociados na Bolsa de Nova York na véspera, o investidor pode preparar-se para uma forte reação negativa na abertura deste pregão. Na segunda, os American Depositary Receipts (ADRs) da estatal representativos dos papéis ordinários fecharam com queda de 8,10%, enquanto os dos ordinários caíram 11,76%.

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No mercado, a renúncia de Ferreira Junior foi sentida com um aumento nos temores sobre a privatização da companhia, que tinha o executivo como principal entusiasta do projeto e responsável por colocar de pé uma ampla reestruturação da empresa nos últimos dias. No entanto, embora a saída acenda um alerta para o projeto de privatização da empresa e também para a sustentabilidade do fluxo de caixa nos patamares atuais, analistas do Credit Suisse apontaram, em relatório, que nem tudo está perdido.

Os analistas Carolina Carneiro, Rafael Nagano e João Rodrigues, que assinam o relatório do banco, divulgado na véspera a clientes, comentam que "continuam a acreditar que é difícil mudar o bom desempenho operacional da Eletrobras em um curto espaço de tempo", citando que as mudanças implementadas pela gestão de Ferreira Junior são de longa duração.

Por isso, apesar de reforçarem aos investidores para se preparem para uma queda das ações neste pregão, eles mantiveram recomendação outperform, equivalente a compra, para os papéis preferenciais ELET6 da companhia; os ordinários ELET3 seguiram com classificação neutra.

Eles explicam que a preferência pelos PNs é justificada não apenas por um "bom fluxo de dividendos garantidos a ELET6 no estatuto", como também porque ainda veem "riscos importantes para a aprovação do processo de privatização, o que garantiria um melhor suporte e cenário para as ações ONs".

Eles comentam que o processo de privatização é complexo e pode levar muito tempo para ser concluído, dependendo de mudanças que destinem mais recursos para investimentos na região norte, limitação de direito de voto para investidores (para evitar interferência no mercado já que a empresa tem mais de 30 % de participação de mercado no segmento de geração de energia) e garantia de um colchão para o eventual aumento de preços ocasionado pelo fim do regime de cotas. Ainda assim, embora seja uma missão difícil, eles acreditam que a privatização da elétrica não seja impossível.

O preço-alvo do banco para as ações ELET3 e ELET6 é de 36,90 reais e 40,20 reais, o que implica em um potencial de valorização de 22% e 31% em relação ao fechamento da última sexta-feira.

No relatório, eles ressaltam, contudo, que ainda é preciso de mais detalhes sobre quem vai assumir o comando da empresa e quais são os planos da companhia (incluindo privatização ou não).

Ferreira Junior, que alegou razões pessoais para a renúncia, fica no comando da empresa até o dia 5 de março. Na sequência, parte para uma nova empreitada à frente da BR Distribuidora, que anunciou nesta tarde sua contratação como CEO, em substituição a Rafael Grisolia. Não há por ora um sucessor para Ferreira Junior anunciado na Eletrobras.

Em teleconferência realizada ontem à tarde, Ferreira Junior disse que a pandemia atrapalhou o processo de privatização da companhia, mas havia perspectiva de retomada no segundo semestre do ano passado. No entanto, mesmo com empenho do executivo, do ministério de Minas e Energia, que tem ressaltado a importância do tema e que tem sido acompanhado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, não foi possível ver tração nesse processo, afirmou.

Segundo ele, a avaliação sobre as dificuldades para a privatização da empresa deve-se a uma percepção pessoal. O executivo reforçou ainda o compromisso com a companhia e em fazer uma “transição harmoniosa” com seu sucessor.

De acordo com o atual presidente do conselho de administração da estatal, Ruy Schneider, a companhia vai iniciar um processo de identificação, seleção e análise de potenciais substitutos para a vaga de Ferreira Junior, com a escolha devendo ser anunciada até março.

Schneider ressaltou ainda que o conselho de administração da companhia, do qual Ferreira Júnior fará parte, “aprovou o plano de desenvolvimento de negócios e está comprometido com a sua implementação”.

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