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Quais são as maiores pagadoras de dividendos? Juntas, empresas distribuíram US$ 1,66 trilhão em 2023

Relatório da Janus Henderson mostra um aumento de 5% nos dividendos ao redor do mundo no ano passado. Mas, na contramão da tendência, Brasil ficou para trás

Dividendos: Brasil contraria tendência global e reduz distribuição de proventos (Agence France-Presse/AFP)

Dividendos: Brasil contraria tendência global e reduz distribuição de proventos (Agence France-Presse/AFP)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 14 de março de 2024 às 12h48.

Última atualização em 14 de março de 2024 às 15h18.

Juntas, todas as empresas distribuíram US$ 1,66 trilhão em 2023 em dividendos ao redor do mundo. O número é um recorde, é o que mostra a nova edição do relatório da Janus Henderson Global Dividend Index. Somente 20 empresas representam 15% desse montante, o equivalente a US$ 236,1 bilhões. A campeã da lista é a Microsoft, seguida por Apple e Exxon Mobil.

Dentre as maiores pagadoras de dividendos, o Brasil não está presente. Mas nem sempre foi assim, Petrobras (PETR4), no ano anterior ao do analisado, em 2022, figurava como a segunda maior pagadora no mundo. Mas, em 2023, a petroleira distribuiu US$ 10 bilhões a menos, enquanto a mineradora Vale (VALE3) reduziu sua distribuição em US$ 1,2 bilhão.

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Além das duas companhias, petrolíferas e mineradoras de outros países também realizaram grandes cortes em seus dividendos, como BHP e Rio Tinto. Entretanto, os pagamentos mais baixos no setor de commodities foram compensados pelos fabricantes de veículos (VW e Ford) e pelo grupo de transportes Moller Maersk, segundo o relatório.

O resultado foi que, em 2023, houve um crescimento nominal de 5,6%, muito semelhante à variação subjacente de 5%. No quarto trimestre de 2023, o aumento de dividendos foi de 7,2% na base subjacente, graças à força na Europa, no Reino Unido e no Japão.

"O pessimismo com relação à economia global mostrou-se infundado em 2023 e, embora as perspectivas sejam incertas, os dividendos estão bem sustentados. O fluxo de caixa corporativo na maioria dos setores permaneceu forte e está proporcionando bastante potencial para dividendos e recompra de ações", disse Ben Lofthouse, Diretor de Renda Variável Global da Janus Henderson.

Bancos foram o destaque

Outro movimento que compensou as quedas das empresas de commodities foram os bancos. De acordo com a gestora, as instituições financeiras foram os principais impulsionadores, contribuindo com metade do crescimento de dividendos do mundo. Mas não só os bancos, como os bancos de mercados emergentes em particular.

O motivo, segundo o estudo, foi um ambiente de taxas de juros mais altas, que permitiu que as instituições financeiras aumentassem sua capacidade de obterem lucros mais saudáveis, contribuindo para um salto subjacente de 15% a um valor recorde de US$ 220 bilhões. Para 2024, a perspectiva é de que o setor bancário desacelere um pouco, mas também que o setor de mineração desacelere menos do que em 2023, o que irá continuar proporcionando um aumento nos dividendos mundiais.

"Os preços da energia também continuam firmes, de modo que os dividendos do petróleo são acessíveis e os grandes setores defensivos, como saúde, alimentos e bens de consumo básicos, devem continuar a progredir de forma constante. Além disso, os dividendos são muito menos variáveis do que os lucros ao longo do tempo".

Além do setor bancário e do setor de veículos, o índice da Janus Henderson identificou um crescimento significativo nos de serviços públicos, software, alimentos e engenharia. Globalmente, 86% das empresas aumentaram ou mantiveram os dividendos estáveis, mas os grandes cortes de apenas cinco empresas (BHP, Petrobras, Rio Tinto, Intel e AT&T) reduziram a taxa de crescimento global subjacente do ano em dois pontos percentuais, já que em 2022 o crescimento subjacente havia sido de 7%.

Brasil contrariou tendência global

No índice global, o Brasil foi o país de maior peso com um pior desempenho em 2023. Segundo o relatório, o país apresentou uma queda de dois quintos nos pagamentos em uma base nominal e subjacente. Na base nominal, para se ter ideia, o Brasil pagou em 2022 US$ 34,8 bilhões de dividendos. Já em 2023, esse número caiu para US$ 20,7 bilhões.

O movimento contraria a tendência mundial e o próprio grupo de países emergentes. Os mercados emergentes distribuíram dividendos recordes pelo terceiro ano consecutivo, com pagamentos de US$ 166,1 bilhões, um aumento de 8% em uma base nominal. No entanto, de modo geral, os dividendos dos mercados emergentes permaneceram estáveis em uma base subjacente, graças aos cortes acentuados no Brasil e ao crescimento fraco na China.

O México, por exemplo, registrou um dividendo recorde, com um aumento de 55,5% em uma base nominal para US$ 9 bilhões. De acordo com o estudo, a taxa de crescimento do país foi impulsionada em 16 pontos percentuais pelo forte peso mexicano, mas a maior contribuição para o aumento veio do Walmex, graças ao sólido crescimento de suas receitas e lucros. Enquanto isso, na Colômbia, a petrolífera Ecopetrol pagou US$ 4,1 bilhões em dividendos durante 2023.

Mas o Brasil não foi o único a reduzir dividendos. No Chile, o conglomerado de petróleo e silvicultura Empresas Copec fez um corte grande no quarto trimestre de 2023, devido principalmente às condições mais fracas em sua divisão de produtos de madeira. Isso fez com que os dividendos do Chile caíssem 19,1% no ano.

22 países registraram pagamentos recordes

Ao todo, 22 países registraram pagamentos recordes de dividendos em 2023, dentre eles EUA, França, Alemanha, Itália, Canadá, México e Indonésia. A divisão “Europa sem o Reino Unido” foi um dos principais impulsionadores do crescimento durante o ano, contribuindo com dois quintos do aumento global. Os pagamentos da região aumentaram 10,4% em uma base subjacente, atingindo um total recorde de US$ 300,7 bilhões.

De acordo com o estudo, o Japão também foi um dos principais contribuintes, embora o iene fraco tenha mascarado parte da força demonstrada por 91% de suas empresas. Ainda que seu grande tamanho signifique que os EUA tenham feito a contribuição mais significativa para o crescimento global de dividendos, sua taxa de crescimento subjacente de 5,1% ficou apenas alinhada com a média global.

Ao observar somente o Reino Unido, o país registrou um crescimento de 5,4%, correspondente aproximadamente à média global, uma vez que os aumentos significativos entre os bancos e os produtores de petróleo foram amplamente compensados por pagamentos mais baixos no setor de mineração. Em outros lugares, a maioria dos países desenvolvidos da região Ásia-Pacífico, exceto o Japão, registrou pagamentos menores em relação ao ano anterior.

Maiores pagadoras de dividendos do mundo

Previsão para 2024

Para 2024, a Janus Henderson espera que o ano apresente um crescimento subjacente semelhante ao de 2023, mesmo que uma provável queda nos dividendos especiais não recorrentes reduza a taxa de crescimento nominal. A estimativa é de uma distribuição no valor de US$ 1,72 trilhão, o que significa um aumento de 3,9% em termos gerais e 5% em crescimento subjacente.

"O efeito defasado das taxas de juros mais altas continuará a ter um impacto, com previsão de crescimento econômico global mais lento e custos de financiamento mais altos para as empresas. No entanto, estamos otimistas com relação aos dividendos no próximo ano”, Afirma Lofthouse.

Segundo ele, a taxa de crescimento dos dividendos dos EUA no quarto trimestre é um bom presságio para o ano inteiro, as empresas japonesas iniciaram um processo de retorno de mais capital para os acionistas, a Ásia parece estar se recuperando e os dividendos na Europa estão bem cobertos", completa.

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