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De Buffett a J.P. Morgan: por que o mundo está otimista com o mercado japonês

Principal índice da bolsa de Tóquio bate maior nível desde 1990, período conhecido "era da bolha econômica"

Bolsa de Tóquio: painel mostra pontuação do Nikkei 225 acima de 3.500 pontos pela primeira vez em 34 anos (RICHARD A. BROOKS/Afp/AFP /AFP)

Bolsa de Tóquio: painel mostra pontuação do Nikkei 225 acima de 3.500 pontos pela primeira vez em 34 anos (RICHARD A. BROOKS/Afp/AFP /AFP)

Publicado em 14 de janeiro de 2024 às 07h00.

Apesar de todo o otimismo que marcou o fim do ano passado, as principais bolsas ocidentais iniciaram 2024 sem o mesmo fôlego do fim 2023. O Ibovespa, principal índice da B3, acumula queda de 2% desde o início do ano enquanto Wall Street segue no zero a zero. É nesse ambiente que a bolsa de Tóquio tem surgido como uma alternativa para investidores globais.

Nessa última semana, o Nikkei 225 atingiu 3.500 pontos. Uma marca, antes de tudo, simbólica, por sinalizar a volta da bolsa japonesa aos patamares do início de 1990, período que ficou conhecido localmente como a "era da bolha econômica". Décadas se passaram até que o principal índice de Tóquio tocasse o patamar: quase que exatos 34 anos. Em 2023, a bolsa do Japão subiu 28%.

A alta da bolsa de valores é acompanhada de otimismo de alguns dos maiores investidores com o mercado japonês. Nessa lista, Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway está entre os principais entusiastas. após ter aumentado sua aposta em ações japonesas no ano passado. Neste ano, o otimismo chegou nos analistas dos grandes bancos de investimento. Entre eles, do J.P. Morgan. Em relatório sobre perspectivas para 2024, o banco americano nomeia o Japão como um dos mercados mais promissores para este ano, enquanto prevê queda para o americano S&P 500.

O que explica o otimismo com o Japão

Alguns fatores tem feito os investidores olharam com carinho para o Japão. A percepção de que as ações japonesas estavam baratas, distante há décadas das máximas históricas. A relação preço/lucro vinha rodando perto de 18 vezes., enquanto o P/L do S&P 500 está perto de 25 vezes. Mas a maior novidade talvez sejam os incentivos para melhora de governança nas empresas japonesas.

"O Japão continua atraente, com uma potencial recuperação na participação do varejo, balanços sólidos, melhor foco nos acionistas, melhor crescimento da renda real do consumidor e um cenário político ainda favorável”, disse Mislav Matejka, Diretor de Estratégia de Ações Globais do J.P. Morgan

Nesta segunda-feira, 15, as empresas listadas na Bolsa de Tóquio apresentarão documentos sobre os planos para gerar valor aos acionistas por meio de melhora de gestão. Levantamento da bolsa local mostra que apenas 31% das companhias de maior liquidez e 14% das de menor reportavam esse tipo de informação.

Não há previsão de multa para as empresas que não apresentarem os dados, mas investidores têm elogiado a iniciativa.

"Este pedido recente está alinhado com o que temos transmitido às empresas japonesas enquanto investidores e representa uma iniciativa muito positiva na direção certa. Também estamos ansiosos para colaborar para garantir o progresso dos esforços corporativos", segundo investidores estrangeiros contatados pela bolsa de Tóquio. 

Goldman Sachs, que também está animado com as iniciativas da bolsa japonesa, ressalta mudanças na economia do país asiático. A principal: o início das altas de juros. "O Japão é único por ser o local onde esperamos que os aumentos das taxas de juro comecem em 2024", afirma o banco em relatório. Por lá, a inflação tem rodado acima dos padrões históricos, mas nada que assuste os analistas do banco americano. "Em outros lugares o risco parece ser maior. A mudança para um ambiente macro mais normal no Japão proporciona um vento favorável para as ações naquele país."

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