Invest

O plano da Upon para levar a expertise em trade global ao investidor

Nova gestora de Pedro Silveira, ex-XP, Thiago Melzer, ex-Morgan Stanley, e Fábio Isaack, ex-XP, nasce com a experiência de cerca de 15 anos dos sócios em mercados externos e lança fundo multimercado global

Pedro Silveira (à esq.) e Thiago Melzer, CSO e CIO respectivamente da nova gestora Upon Global Capital | Foto: Marcos Mesquita/Upon Global Capital/Divulgação (Marcos Mesquita/Upon Global Capital/Divulgação)

Pedro Silveira (à esq.) e Thiago Melzer, CSO e CIO respectivamente da nova gestora Upon Global Capital | Foto: Marcos Mesquita/Upon Global Capital/Divulgação (Marcos Mesquita/Upon Global Capital/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 10h09.

Última atualização em 16 de novembro de 2021 às 10h28.

No processo de desenvolvimento do mercado financeiro brasileiro, nunca se falou tanto da importância da diversificação -- geográfica e de classes de ativos. O aumento dos riscos relacionados à economia local a um ano das eleições, algo que tem castigado os preços de ativos, só realçou a necessidade de uma prática que está em todo manual do investidor.

É nesse contexto que o investidor brasileiro vai ganhando novas alternativas. A mais nova é a Upon Global Capital, gestora que distribui nesta terça-feira, dia 16, a cota 1 de seu primeiro fundo macro multimercado global.

É uma casa que nasce com a extensa experiência de quase quinze anos em mercados globais de seus três principais sócios como um dos diferenciais (além de cerca de 20 anos no mercado financeiro).

A Upon foi fundada por Pedro Silveira, o CSO (que cuida das áreas de estratégia de novos negócios, marketing e comercial), ex-sócio controlador da XP Investimentos que estruturou e liderou a área da corretora no exterior; Thiago Melzer, o CIO (lidera a área de investimentos), ex-head global de opções e de ex-head de juros e moedas para as Américas do Morgan Stanley; e Fábio Isaack, o COO (head de operações), ex-sócio da XP que foi braço-direito de Silveira na corretora offshore e responsável pelo business institucional da corretora ex-equities.

Silveira e Isaack trabalharam juntos antes na área internacional da corretora Liquidez, depois BGC Liquidez, enquanto Melzer atuou diretamente com Roberto Campos Neto -- atual presidente do Banco Central -- no Santander no começo dos anos 2000.

"Queremos oferecer a descorrelação em relação aos multimercados locais e ao kit Brasil, que ainda é o principal foco desses multimercados", disse Silveira à EXAME Invest. "O objetivo é que o investidor veja o nosso produto como uma diversificação do portfólio: além dos multimercados locais que já possui, que tenha um focado no global com a expertise que nós temos."

O diagnóstico dos sócios da Upon Global é que há uma lacuna a ser preenchida de fundos com gestores cuja principal expertise é o mercado global, e não o doméstico, ainda que um número crescente comece a fazer alocações no exterior.

O fundo será voltado a grandes investidores e family offices mas pretende atingir também o investidor de varejo. A meta de captação para o primeiro ano é de 3 bilhões de reais.

"Modelamos bem e vimos que enviando apenas 20% do patrimônio lá para fora, que é o máximo permitido para esse tipo de investidor [de varejo], conseguimos através de alavancagens obter a alocação do risco que queremos ter lá fora, entre 60% e 90%, dependendo do momento", explicou Silveira.

Embora a demanda do investidor brasileiro por ativos no exterior seja crescente, o processo de diversificação geográfica ainda mal começou, avalia o CSO da gestora. Ele enxerga um potencial que remete ao movimento de migração de produtos com altas taxas de administração e baixo retorno para ativos mais rentáveis promovido pelas plataformas abertas de investimento nos últimos anos.

"Foi uma ideia que nasceu em conversas lá em 2017, 2018. Embora o fundo só esteja sendo lançado agora, já falávamos naquela época que havia a necessidade de montar algo diferente para o investidor brasileiro. Alguns fundos multimercados estavam maiores do que o mercado brasileiro comportava e isso impactava a performance", contou Melzer.

Ele e Silveira destacam a proposta do novo fundo. "Não é uma internacionalização só no papel. Além da nossa experiência de muitos anos lá fora, temos um escritório em Nova York, com acesso a informações de mais qualidade junto a investidores, analistas e estrategistas e onde vou trabalhar com mais duas pessoas que estavam comigo no Morgan Stanley, mais o nosso chefe de risco que vai se juntar em breve", disse Melzer.

O CRO é Marcos Carreira, que foi chefe de opções do Credit Suisse no Brasil e depois chefe de modelagem na B3. É uma área em que Silveira e Melzer disseram que a referência é o que é adotado por hedge funds globais.

Um dos principais desafios, segundo eles, foi estruturar a parte legal da contratação de estrangeiros para uma gestora com passivo em reais, bem como atrair profissionais experientes em mercados globais nessa condição.

O fundo macro global tem estratégia top-down, ou seja, faz a análise macro para daí avaliar os impactos em diferentes setores da economia e a melhor forma de implementar a visão que se tem. Boa parte dos profissionais, segundo Melzer, tem forte background em derivativos, o que abre a porta para uma ampla variedade de ativos.

"Olhamos a volatilidade como um ativo, como ferramenta extra não só para 'espremer' um viés direcional", diz o CIO. O fundo pretende entregar uma volatilidade de 8%, acima dos 5% a 6% dos multimercados brasileiros, mas abaixo dos 15% a 20% dos hedge funds globais (o equivalente no exterior aos multimercados no país).

O fundo começa com um book único, algo que Melzer destaca ser importante neste início porque dá mais controle sobre as posições e previne erros grandes -- "não somos um fundo com gestores que não se falam" --, enquanto a alocação estará concentrada em ativos líquidos no G10 (grupo das maiores economias desenvolvidas), além de emergentes mais líquidos.

"Queremos oferecer uma experiência de um hedge fund internacional para o investidor brasileiro, com um CIO brasileiro, com uma equipe de sócios aqui no Brasil e lá fora, para que ele no fim do dia possa pegar o telefone e falar em português com alguém em Nova York para saber o que está se passando com o fundo", define.

Eles ressalvam, no entanto, que o fundo é brasileiro, com passivo em reais, e que contará em um primeiro momento com quatro traders no país. "Não é porque o foco é offshore que não vamos fazer Brasil se houver possibilidades de rentabilidade que a gente enxergue como promissoras", afirma o CIO da nova gestora.

A trajetória começa com o fundo macro global, mas o sonho grande vai muito além. "É só o nosso primeiro fundo, mas o plano é se tornar uma gestora completa, com uma família completa de fundos", disse Silveira.

O fundo será distribuído inicialmente por BTG Pactual (BPAC11), Credit Suisse e XP, mas chegará a outras plataformas em breve, segundo ele.

Acompanhe tudo sobre:BTG PactualCredit SuisseDerivativosDiversificaçãoGestores de fundosMorgan StanleyOpções de açõesRoberto Campos Netoxp-investimentos

Mais de Invest

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Petrobras aprova pagamento de R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA