Os melhores e piores investimentos de julho
Julho teve a volta do apetite ao risco, atenções a resultados corporativos e alívio das tensões comerciais, o que abriu espaço para a recuperação da Bolsa
Anderson Figo
Publicado em 31 de julho de 2018 às 18h41.
Última atualização em 31 de julho de 2018 às 19h10.
São Paulo — Julho foi marcado pela retomada do apetite ao risco, atenções voltadas a resultados corporativos do segundo trimestre e certo alívio das tensões comerciais, o que abriu espaço para a recuperação da renda variável . O Ibovespa , principal índice de ações da B3 , disparou quase 9% no período e impulsionou os ganhos dos fundos de ações , que lideraram o ranking de investimentos elaborado pelo site EXAME.
Os fundos de ações com foco em dividendos subiram 8,15% no mês, seguidos pelos fundos de ações livres, que tiveram ganho de 7,45%, e pelos fundos de ações de small caps (7,36%).
No Tesouro Direto , plataforma do governo para compra e venda de títulos públicos , o Tesouro IPCA+ que segue a inflação, paga juros semestrais e tem vencimento em 2050 subiu 1,78%. O título que rendeu menos em julho foi o Tesouro Selic com vencimento em 2023, com uma alta de 0,36% no período.
Na lanterna do ranking, o ouro de 250 gramas negociado na B3 despencou 7,72% em julho. Ele foi impactado pela baixa de mais de 3% do dólar no período. Pelo mesmo motivo, os fundos cambiais , que acompanham a variação da moeda americana, cederam 4% no mês.
Planejadores financeiros indicam a aplicação em fundos cambiais apenas para pessoas que precisam se proteger da oscilação de moedas estrangeiras. É o caso, por exemplo, de quem vai viajar ao exterior.
Fora dessa circunstância, esse investimento não é recomendado aos pequenos investidores, uma vez que a taxa de câmbio varia muito. Em todos os casos, a orientação é sempre lembrar que a rentabilidade passada não significa garantia de rendimento futuro.
Também é importante mencionar que o ranking de investimentos do site EXAME considera a rentabilidade bruta das aplicações no mês e em 2018, sem descontar Imposto de Renda . Nas aplicações em fundos de ações , há IR de 15%.
Nos fundos de curto prazo, a alíquota é de 22,50% para resgates em até 180 dias e de 20% para resgates depois de 180 dias. Nas demais categorias de fundos (longo prazo), a tributação segue tabela regressiva, em que a alíquota varia entre 15% e 22,5%, conforme o prazo de vencimento.
Os títulos públicos também são tributados pela tabela regressiva de IR. Veja o passo a passo para investir no Tesouro Direto e como escolher a corretora. A poupança não tem cobrança de Imposto de Renda e a aplicação em ouro também é isenta de IR até 20 mil reais.
Confira o ranking de investimentos de julho:
Investimento | Desempenho em julho (em %) | Desempenho em 2018 (em %) |
---|---|---|
Fundo de Ações Dividendos* | 8,15 | 2,18 |
Fundos de Ações Livre* | 7,45 | 3,71 |
Fundos de Ações Small Caps* | 7,36 | -0,91 |
Fundos de Ações Investimento no Exterior* | 7,33 | 0,91 |
Fundos de Ações Indexados* | 10,11 | 4,11 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTN-B) | 1,78 | 0,37 |
Tesouro Prefixado 2021 (LTN) | 1,40 | 5,27 |
Fundos Renda Fixa Indexados* | 1,35 | 3,68 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2021 (NTN-F) | 1,34 | 4,79 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 (NTN-B) | 1,32 | 1,43 |
Tesouro IPCA+ 2035 (NTN-B Principal) | 1,06 | -0,71 |
Fundos Multimercados Livre* | 1,03 | 5,16 |
Tesouro Prefixado 2019 (LTN) | 0,53 | 3,94 |
Tesouro IPCA+ 2019 (NTN-B Principal) | 0,52 | 4,13 |
Tesouro Selic 2021 (LFT) | 0,47 | 3,63 |
Fundos Renda Fixa Simples* | 0,37 | 3,06 |
Poupança** | 0,37 | 2,32 |
Tesouro Selic 2023 (LFT) | 0,36 | 3,45 |
Fundos Multimercados Investimento no Exterior* | 0,23 | 6,68 |
Fundos de Renda Fixa Investimento no Exterior* | 0,19 | 3,23 |
Fundos Cambiais* | -4,00 | 13,36 |
Ouro B3 (250 gramas) | -7,72 | 6,84 |
Referências
Investimento | Desempenho em julho (em %) | Desempenho em 2018 (em %) |
---|---|---|
Ibovespa | 8,87 | 3,69 |
Selic*** | 0,49 | 3,69 |
CDI*** | 0,49 | 3,68 |
IPCA | 0,64**** | 4,11***** |
Dólar comercial | -3,15 | 13,44 |
*Até 25 de julho, dado mais atual disponível na Anbima
**Até 28 de julho
***O desempenho mensal se refere aos últimos 30 dias até a data de fechamento.
****Refere-se à prévia da inflação oficial do país, o IPCA-15 de julho
*****Projeção da versão mais atual do Boletim Focus do Banco Central
Fontes: Anbima, BM&FBovespa, Thomson Reuters, Banco Central do Brasil e Tesouro Nacional.
Avaliação
Na avaliação de Dennis Kac, CIO Brasil da Brainvest Wealth Management, o mercado "voltou à normalidade" em julho. "Em maio e em junho, houve muitas coisas negativas sendo precificadas no mercado, e a Bolsa caiu. A retomada veio neste mês, com uma entrada significativa de investidores estrangeiros no país. Eles têm um peso importante na B3", diz.
Entre os pontos que prejudicaram a renda variável nos dois meses passados, segundo Kac, está o cenário externo desafiador para os emergentes, as incertezas em relação à força de Geraldo Alckmin na disputa pelo Planalto —candidato mais pró-mercado, de acordo com ele— e a greve dos caminhoneiros.
"O mercado só voltou à normalidade quando começamos a ter intervenções do Banco Central no câmbio e do Tesouro na recompra dos títulos públicos. Eles entraram para dar liquidez. Na hora em que todo mundo zerou essas posições, o mercado entrou em um clima de normalidade", afirma. "Foi uma queda exagerada da Bolsa nos últimos meses."
A perspectiva da equipe de análise da corretora Lerosa Investimentos para agosto é de que ele tende a ter mais volatilidade nos mercados, especialmente no doméstico. Isso seria fruto do cronograma eleitoral e início do período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV (em 31 de agosto).
"Em termos de decisões das políticas monetárias dos principais BCs, teremos decisão do BC com manutenção da taxa Selic como ressaltado recentemente tanto pelo comunicado como pela ata e do Federal Reserve no primeiro dia do mês, também com taxas inalteradas", avaliou a corretora.
"Na China, perspectiva de redução do ritmo de crescimento econômico, para em torno de 6,5% como almejado pelo governo, tem viés negativo como divulgado pelo PMI de julho, em sua segunda desaceleração seguida e fruto dos desafios com a piora da disputa comercial entre EUA e China. Para o Brasil, indicadores de atividade econômica ficam em segundo plano em virtude da já esperada deterioração das perspectivas com a greve dos caminhoneiros e cenário cada vez mais binário em função do ambiente eleitoral", completou.