Invest

VW pode fechar fábrica na Alemanha — e o que isso diz sobre a ascensão das chinesas na bolsa

Diante da menor demanda e do aumento da concorrência, a fabricante alemã de veículos espera reduzir sua capacidade de produção na Europa em 10%

Funcionários da montadora alemã Volkswagen protestam no início de uma assembleia geral da empresa em Wolfsburg, norte da Alemanha, em 4 de setembro de 2024: empresa avalia fechar plantas no país (Moritz Frankenberg / POOL/AFP)

Funcionários da montadora alemã Volkswagen protestam no início de uma assembleia geral da empresa em Wolfsburg, norte da Alemanha, em 4 de setembro de 2024: empresa avalia fechar plantas no país (Moritz Frankenberg / POOL/AFP)

Publicado em 5 de setembro de 2024 às 16h10.

Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 17h02.

A Volkswagen informou nesta semana aos seus funcionários que está avaliando o fechamento de fábricas na Alemanha. Se confirmado, será a primeira vez em seus 87 anos que a montadora encerrará as atividades de uma de suas plantas no país.

No comunicado, segundo o The Guardian, a Volkswagen mencionou que considera fechar "pelo menos uma grande montadora de veículos e uma fábrica de componentes na Alemanha."

O encerramento das atividades está alinhado com os planos da empresa de reduzir custos frente à menor demanda e a um cenário competitivo cada vez mais acirrado com marcas chinesas. Essa competição é especialmente acirrada no mercado europeu, onde o preço médio de um carro elétrico chinês é cerca de um terço mais barato que o europeu.

Para competir com os carros chineses, a solução encontrada pela fabricante alemã foi a redução de custos.

"O mercado europeu de carros encolheu em um terço desde a pandemia e não prevemos um crescimento significativo", disse Arno Antlitz, CFO da Volkswagen, em entrevista à CNBC. "Queremos reduzir nossa capacidade de produção na Europa em 10%."

Apesar do encolhimento do mercado, as vendas de carros chineses seguem em ritmo acelerado na Europa. Os registros de veículos chineses no continente dobraram no ano passado, chegando a 322 mil, segundo a consultoria Jato. Embora esse número ainda seja pequeno em comparação aos cerca de 12 milhões de carros vendidos em todo o continente, os chineses já representam 7% do mercado de carros elétricos.

Carro da fabricante BYD: registros de veículos chineses na Europa dobra em um ano (Divulgação/Divulgação)

Competitividade chinesa e efeitos na bolsa

As vantagens da China, segundo a Jato, são estruturais.

"Menores custos trabalhistas no país, mais escala e maior controle sobre a cadeia de suprimentos de bateria permitem que os carros chineses sejam mais baratos. Além disso, as montadoras chinesas podem se beneficiar do apoio governamental de maneiras que não estão disponíveis para suas contrapartes europeias e americanas", avalia a Jato

Esse impacto tem se refletido nas bolsas de valores. Diante da ameaça chinesa, as ações da Volkswagen acumularam desvalorização de 67% desde fevereiro de 2021. A queda no ano está em 23%.

Além da guerra de preços, analistas avaliam que a Volkswagen teria ficado para trás no desenvolvimento de tecnologia para carros elétricos e de software.

Para tentar diminuir essa diferença, a empresa anunciou o investimento de US$ 5 bilhões em uma joint venture com a americana Rivian, voltada para uma linha premium de carros elétricos. Mas a expectativa é de que demore anos até a parceria render frutos para a Volkswagen.

Enquanto a maior fabricante de carros da Europa dá sinais de fraqueza, investidores reforçam as apostas nas principais montadoras da China. BYD e GWM tiveram respectivas altas de 36% e 34,3% no ano.

"Os preços certamente vão ajudar a China a expandir sua presença no exterior", diz o relatório da Jato.

Acompanhe tudo sobre:VolkswagenCarrosChinaEuropaAlemanha

Mais de Invest

ETF da Argentina bate recorde de investimentos e mostra otimismo de Wall Street com Milei

Ibovespa avança à espera de fiscal; ações do Carrefour sobem

BC comunica vazamento de dados de 1,3 mil chaves do Pix, o 12º do ano

B3 lança novo índice que iguala peso das empresas na carteira