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Siderúrgicas caem até 6%, BTG sobe 3% e IMC afunda 9% com pressão da KFC

Confira os principais destaques de ações desta terça-feira

 (KFC/Divulgação)

(KFC/Divulgação)

PB

Paula Barra

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 10h54.

Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 10h30.

O Ibovespa, que chegou a subir cerca de 0,7% na máxima do dia, virou para o campo negativo e recuou 0,50% nesta terça-feira, 19, voltando para os 120.636 pontos. Entre as maiores perdas do índice, figuraram os papéis das siderúrgicas, acompanhando o dia negativo para o minério de ferro, enquanto, entre as maiores altas apareceram os papéis de BTG Pactual (BPAC11), que subiram 3,12%, renovando máxima histórica de fechamento, a dois dias do banco precificar sua oferta subsequente de ações, que pode levantar até 2,5 bilhões de reais, seguidos por Suzano (SUZB3), em meio à notícia sobre aumento do preço da celulose, e Totvs (TOTS3). Os dois últimos papéis registraram ganhos de 3,03% e 2,50%, respectivamente.

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Ainda entre os destaques, a Petrobras (PETR3; PETR4) subiu impulsionada pelos preços do petróleo no mercado internacional e elevação de preço-alvo pelo Credit Suisse. Enquanto fora do índice, chamou atenção os papéis da IMC (MEAL3), dona de marcas como KFC, Frango Assado e Pizza Hut no Brasil, que afundaram 9,00% após a companhia informar que recebeu ontem notificação da rede de lanchonetes americana KFC dos Estados Unidos por descumprimento de contrato, relacionada às metas e ao prazo de abertura de lojas em 2020.

Veja abaixo os destaques de ações desta sessão:

BTG Pactual

Os papéis do BTG Pactual (BPAC11) encerraram com ganhos de 3,12%, a maior alta do Ibovespa, acumulando nos últimos dois pregões valorização de 7,15%, contra queda de 0,31% do índice Financeiro no mesmo período. Com o movimento, as units do banco renovaram hoje sua máxima histórica de fechamento. 

Segundo o analista Fernando Sampaio, da gestora Brasil Capital, que possui posição na ação, o movimento ocorre em meio ao aumento de capital da instituição, com o banco falando em mais crescimento, lançamento do banco digital BTG+ e bons números do Banco Inter (BIDI11), do qual o BTG detém participação acionária. Ele diz que há também expectativas com o balanço do quarto trimestre, que deve vir forte, mas em parte já é aguardado pelo mercado.

O BTG Pactual vai precificar sua oferta subsequente de ações (follow on) na próxima quinta-feira, dia 21 de janeiro, podendo levantar até 2,5 bilhões de reais. Serão ofertadas 22.222.222 units do banco, com a possibilidade de a instituição oferecer um lote adicional de 25%, ou 5.555.556 units. A oferta será totalmente primária, ou seja, os recursos vão para o caixa da empresa.

Segundo o banco, os recursos captados serão usados para a consecução do curso normal dos negócios do banco, para acelerar iniciativas estratégicas, para ocrescimento da área de negócios de varejo digital e para manter fortes indicadores de capital e liquidez.

Suzano 

As ações da Suzano (SUZB3) subiram 3,03% em meio à notícia sobre elevação de preço da celulose. Segundo informações da Bloomberg, a companhia disse, em resposta a pedido feito pela agência de notícias, que elevou o preço da celulose na Europa e América do Norte em 70 dólares a tonelada, com entrada em vigor a partir de 1º de fevereiro. Com isso, o preço de fevereiro será de 820 dólares a tonelada para a Europa e de 1.040 dólares para a América do Norte.

Petrobras

As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram 1,25% e 2,21%, respectivamente, em meio à alta de mais de 2% dos preços do petróleo no exterior e elevação de preço-alvo dos seus American Depositary Receipts (ADRs) pelo Credit Suisse.

Em relatório desta data, os analistas do banco suíço revisaram para cima o preço-alvo dos ADRs da companhia, de 15 dólares para 16 dólares, o que implica em um potencial de valorização de 47% frente ao fechamento de ontem, e reforçaram a recomendação outperform, equivalente a compra, citando principalmente o valuation atrativo. Eles apontam que a companhia negocia a um indicador EV/Ebitda, dado pela divisão do valor da firma pelo Ebitda, de 3,9 vezes para este ano e 3,5 vezes para 2022, abaixo da média histórica de cerca de 5,5 vezes.

Além disso, destacam que não é só um case macro relacionado ao preço do petróleo -- que esperam que siga em alta para os próximos anos --, mas comentam que a companhia também tem entregado resultado em uma perspectica micro (com o plano de negócios em linha com a geração de valor para o acionista, desinvestimentos evoluindo, foco nas operaçoes mais rentáveis e menor breakeven, ou ponto de equilíbrio, para sua produção de petróleo).

A atualização das estimativas da empresa pelo banco incorpora uma projeção mais elevada para o preço do petróleo em 2020 e 2021. Para este ano, eles aumentaram a expectativa do petróleo brent de 50 dólares para 59 dólares o barril, enquanto, para o ano seguinte, passou de 60 dólares para 63 dólares o barril. Com isso, as estimativas para a geração operacional de caixa (Ebitda) da Petrobras foram elevadas em 20% e 6% para este ano e o próximo, nesta ordem.

Nesta sessão, os contratos do petróleo Brent, negociados em Londres e usados como referência pela estatal, registraram valorização de 2,06%, em 55,88 dólares o barril, com otimismo dos investidores de que o plano de estímulo do presidente eleito Joe Biden eleve o crescimento econômico e, consequentemente, a demanda pela commodity.

Vale e siderúrgicas

Do outro lado, as ações da Vale (VALE3) registraram queda de 0,27%, acompanhando o dia negativo para os preços do minério, que impactou também as ações das siderúrgicas, que figuraram entre as maiores quedas do índice. No setor de siderurgia, CSN (CSNA3), Usiminas (USIM5), Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4) caíram 5,71%, 4,71%, 2,95% e 2,52%, respectivamente.

O minério de ferro negociado no porto chinês de Qingdao recuou 1,57% nesta sessão, cotado em 171,33 dólares a tonelada.

Ainda no radar, em relatório desta data, os analistas do Credit Suisse comentam que esperam que as siderúrgicas e mineradoras sejam as líderes dos resultados fortes no quarto trimestre entre os papéis do setor de materiais básicos do seu universo de cobertura, citando como positivo o aumento do preço de minério de ferro e sucessivas elevações de preço do aço no período. 

Na parte de papel e celulose, os analistas esperam ver resultados saudáveis porém nao muito inspiradores já que o preço da celulose começou a aumentar no final do trimestre (apontando que a média de preço da celulose está ligeiramente acima no período) e, mesmo com boa sazonalidade para essas empresas, eles acreditam que os custos mais altos (em função das paradas de manutenção) devem apagar os ganhos das companhias. 

Para o trimestre, eles dizem que preferem estar posicionados comprados em Vale e Usiminas no Brasil. Já os nomes menos preferidos são Suzano (SUBZ5) e Klabin (KLBN11), comentam, em decorrência das expectativas não muito inspiradoras para o período e potencial de alta limitado no preço da celulose. 

Cyrela

As ações da Cyrela (CYRE3), que chegaram a subir mais de 3% na máxima do dia, viraram para o negativo e fecharam em baixa de 1,02%. A companhia divulgou ontem à noite sua prévia operacional do quarto trimestre, com valor geral de vendas lançado de 2,87 bilhões de reais, crescimento de 105,6% frente ao mesmo período de 2019. Foram 25 lançamentos entre os meses de outubro e dezembro, contra 13 em igual intervalo do ano anterior. As vendas totais contratadas no período cresceram 34,1%, para 1,86 bilhão de reais.

Segundo analistas do Credit Suisse, os números foram bons, destacando que a velocidade de vendas da companhia se mateve saudável em 28%, mesmo com o robusto número de lançamentos. Eles comentam que os lançamentos ultrapassaram suas estimativas em 10%, enquanto as vendas líquidas vieram em linha.

Para este ano, eles esperam que a companhia continue reportando métricas saudáveis, com dados de lançamentos e vendas ainda mais fortes. O banco manteve recomendação outperform, equivalente a compra, para os papéis da empresa, reforçando visão positiva para o setor de construção civil voltado para a média e alta renda.

Os analistas do BTG Pactual também comentaram que os números foram fortes e reiteraram recomendação de compra para as ações.

Unidas/Localiza

Em comunicado ao mercado esclarecendo a oscilação das ações, que caem cerca de 7% nas últimas três sessões, a Unidas (LCAM3) diz que a movimentação recente pode ter ocorrido após reportagem da Bloomberg da última sexta-feira, que menciona que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pode barrar a fusão com a Localiza (RENT3), mas que é prematuro discutir a análise do órgão regulatório agora.

Segundo a empresa, o órgão nem sequer iniciou o processo de análise e instrução do ato de concentração referente à operação. Desse modo, "qualquer discussão sobre o tema neste momento torna-se prematura e especulativa", afirma a empresa.

Nesta sessão, as ações da Unidas recuaram 1,12%, enquanto as de Localiza tiveram baixa de 2,67%, acumulando nos últimos três pregões perdas de 6,8%.

Ainda no radar de Localiza, o BTG Pactual divulgou relatório com sua prévia dos números da empresa para o quarto trimestre. Para os analistas do banco, o resultado deve vir bom, refletindo a dinâmica de desequilíbrio entre demanda e oferta de veículos no país. "A companhia vai divulgar seu balanço no fim de fevereiro (25/02) e achamos que o mercado já deveria antecipar isso. A recomendação para os papéis é compra", comentam.

No segmento de aluguel de carros (RAC), eles esperam a tarifa média crescendo em 6% na comparação anual, assim como os volumes, o que levaria a uma margem Ebitda de 43%. Para a unidade de gestão de frotas (Fleet), a expectativa é de crescimento de 4% nos volumes e de 6% nos preços, o que deve levar a uma margem Ebitda de 64%. Por último, citam que, a dinâmica de falta de carros também deve puxar os preços de seminovos (que esperam por um aumento de 9% na comparação anual). Com isso, eles veem a margem EBTIDA do segmento indo para 6% no quarto trimestre, o que é bem acima do nível histórico, comentam.

IMC 

As ações da IMC (MEAL3), dona de marcas como KFC, Frango Assado e Pizza Hut no Brasil, afundaram 9,00% após a companhia informar nesta manhã que, por meio de fato relevante divulgado ao mercado, que recebeu ontem notificação da rede de lanchonetes americana KFC dos Estados Unidos por descumprimento de contrato, relacionada às metas e ao prazo de abertura de lojas em 2020.

A projeção da empresa apresentada no início do ano passado era de abertura de 40 lojas da KFC, sendo 20 próprias e 20 franquias. No início de 2020, o número de lojas totalizava 84 unidades, sendo 29 próprias e 55 franquias. Ao fim do terceiro trimestre, a IMC havia adicionado apenas 10 lojas próprias, longe do que havia previsto, em meio aos impactos das medidas de isolamento social para tentar conter os avanços da pandemia da covid-19.

A companhia, que é master franqueada da KFC no Brasil, diz que, por conta desses impactos, tentou eventual repactuação do respectivo contrato, mas aparentemente a KFC dos EUA não aderiu ao pedido, por divergências quanto à aplicação de penalidades e à revisão de prazos e metas para a abertura de lojas. A IMC informa que ainda tentará através de procedimentos de arbitragem reverter a decisão.

Segundo a empresa, o ocorrido não afeta o direito de manter as lojas da KFC abertas no país e nem mesmo a possibilidade de abrir novas unidades da rede.

Com a Pizza Hut, que também é administrada pela empresa no Brasil, a companhia informou que conseguiu acordo, com a extensão dos prazos do plano de abertura de lojas.

Em relatório, os analistas da EXAME Research comentam que a notícia sobre a KFC é claramente negativa, citando que o acontecimento gera uma perda de receita (e Ebitda) para a empresa de royalties (valor recebido pela IMC dos fraqueados) na casa dos 80 milhões a 100 milhões de reais. Tal estimativa de fluxo de caixa, apontam, representa entre 7% a 9% do valor de mercado da empresa.

Rede D'Or

O Bradesco BBI, JPMorgan e Citigroup iniciaram nesta terça-feira cobertura das ações da Rede D'Or (RDOR3) -- que estrearam na B3 no fim do ano passado -- com recomendação de compra e preço-alvo em 82,00 reais, 74 reais e 84 reais, respectivamente, o que implica um potencial de valorização de até 25% frente ao fechamento de ontem. Analistas veem espaço para a empresa consolidar o fragmentado mercado de hospitais do Brasil e crescer via aquisições.

Nesta sessão, os papéis da companhia subiram 0,97%. Desde sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), no começo de dezembro, para cá, acumulam valorização de 17% na Bolsa.

Em relatório, a equipe de análise do Bradesco BBI, liderada por Fred Mendes, diz que a empresa é a primeira rede hospitalar de alto padrão listada na B3, com condições de impulsionar a consolidação do segmento, beneficiando-se da economia de escala, que permite manter/melhorar a margem Ebitda e retorno.

Os analistas comentam ainda que, embora seja a maior rede de hospitais de alto padrão do segmento, a companhia detém ainda uma participação de mercado de cerca de 8% dos leitos no Brasil (e cerca de 9% do mercado endereçável em termos de receita).

Além disso, apontam que a Rede D'Or é um bom exemplo de eficiência no setor graças ao seu poder de barganha com fornecedores e um modelo operacional (que maximiza o número de leitos por hospital, mantendo um controle rígido de alta qualidade), o que impulsiona uma margem Ebitda sustentável em 30%, o dobro de seus concorrentes. "Essa vantagem competitiva fornece claramente oportunidades para que a empresa colha sinergias dos ativos adquiridos".

Ontem, o BTG Pactual e Credit Suisse também iniciaram cobertura das ações, com recomendação de compra e preço-alvo em 85,00 e 78,00, respectivamente, o que implica um potencial de valorização de 26% e 16% frente ao fechamento de segunda-feira. O BTG apontou ainda a ação como sua favorita no setor de saúde e disse que a potencial inclusão do papel no Ibovespa, no rebalanceamento de maio, deve ser catalisador para o ano.

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