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Renner reverte prejuízo em lucro e recupera rentabilidade no 1º tri

Queda das restrições sanitárias e investimento digital colaboram para companhia ultrapassar patamar de lucro de 2019

 (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

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KS

Karina Souza

Publicado em 5 de maio de 2022 às 19h12.

Última atualização em 5 de maio de 2022 às 19h27.

O pior parece já ter ficado para trás para a Renner, maior varejista de moda do Brasil. A companhia reverteu o prejuízo de R$ 147 milhões do primeiro trimestre de 2021 em lucro de R$ 191 milhões nos três primeiros meses deste ano, um aumento de 229%. O resultado positivo é reflexo da evolução da receita líquida no período, com expansão de 65,2% -- refletindo a retomada de produtos mas também a oferta de serviços financeiros e o take-rate do marketplace -- além do investimento no que a companhia chama de um ecossistema digital. Também reflete a recuperação de rentabilidade com a companhia voltando aos patamares de produção do pré-pandemia e a menor alíquota de IR, que gerou um incremento de 26% no lucro líquido do período.

A principal marca em receita ainda é a Renner, que, somada às vendas da Ashua e à receita de serviços do Repassa, cresceu 64,4% em faturamento no período e trouxe R$ 2 bilhões ao grupo. A Camicado cresceu 64,4% no período, com faturamento de R$ 138 milhões e a Youcom faturou R$ 71 milhões, dobrando a operação de tamanho. Sobre esta última, a companhia afirma que o resultado é fruto de uma correta execução de operações, com estratégia de distribuição de produtos, além de comunicação mais digital e parcerias com influencers.

“Conseguimos conquistar ganhos significativos de eficiência. Um deles, super importante, é o de remarcações. No primeiro trimestre tivemos o menor nível dos últimos dez anos, fruto de estudos sobre tendências a respeito do que os consumidores querem e também na gestão de estoques”, diz Daniel Martins, CFO da Renner, à EXAME.

No período, o Ebitda da companhia teve evolução de 1247,6%, totalizando R$ 379 milhões. A margem Ebitda teve evolução de 17,2 pontos percentuais. A companhia também conseguiu recompor margem bruta, que chegou aos níveis pré-pandemia (55%). Novamente, além da volta dos consumidores às lojas, a companhia se beneficiou de coleções mais assertivas, fruto do investimento em uso de dados e inteligência artificial. Dentro do grupo, somente a Camicado ainda não conseguiu recompor margem na comparação com o mesmo período de 2019, um efeito justificado pela companhia pela grande quantidade de produtos importados no mix. 

Nem por isso chega a ser um resultado atingido sem desafios. O custo das vendas subiu 54,9%, principalmente influenciado pelos custos de vendas de mercadorias – impulsionados pela inflação. A companhia afirma que fez repasses no custo de produtos, mas não 100% do aumento de preços no período, além de monitorar o indicador constantemente para inadimplência para a linha de serviços financeiros. No período, a carteira total de serviços financeiros teve crescimento de 61,8% e a inadimplência atingiu 3,4% desse total. “A inadimplência reflete o cenário macroeconômico global, mas os índices estão sob controle”, diz o executivo. 

Olhando para o resultado financeiro da companhia, receita financeira da companhia também subiu no período (315,4%), reflexo principalmente dos juros mais altos, bem como as despesas financeiras, que tiveram evolução de 40,2%. São resultados que acompanham o aumento de caixa a partir do follow-on realizado, que injetou R$ 4 bilhões dentro da Renner.

Operação digital

A Renner apresentou, no primeiro trimestre, crescimento de 39% no GMV Digital em comparação com o mesmo período do ano anterior. Além disso, a companhia acelerou a operação com maior eficiência no CAC e last mile, bem como aumentou em 37% o sortimento em relação ao quarto trimestre do ano passado. Hoje, são 18,3 milhões de clientes ativos no ecossistema, um ganho de 31,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

De olho em mais eficiência para a empresa, a varejista fez em abril a aquisição de 100% da startup Uello, de logística. Mas, como ela conversa com os planos futuros de expansão de receita? O executivo explica. Além de maior eficiência operacional, de olho em aumentar entregas feitas em um a dois dias após a compra, a Uello vai contribuir para uma estratégia maior de rentabilidade.

Esse plano consiste no Centro de Distribuição de Cabreúva, que vai concentrar tanto entregas para o consumidor final quanto para as lojas físicas. Este ano será o período de consolidar e ajustar a operação para garantir que fique 100% redonda -- e a Uello deve entrar no meio dele para gerenciar o fluxo de entregas. "Os efeitos disso devem ser sentidos principalmente no ano que vem. Esse ano ainda teremos custo incremental de outros centros de distribuição e, consequentemente, despesas mais altas", diz Martins.

Ainda de olho em inovação, a companhia lançou um Corporate Venture Capital no primeiro trimestre, que tem como objetivo aportar até R$ 155 milhões em 8 a 10 eventuais teses ou projetos. A companhia já está presente no South Summit, que acontece esta semana no Sul do país, de olho em possíveis negócios que terão aportes. "Ainda não investimos em nenhuma empresa, mas estamos nos colocando dentro desse ecossistema cada vez mais para prospecção", diz Martins. A ideia não é adquirir startups, mas sim dar fôlego a companhias que têm a ver com o negócio.

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