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Private label: varejistas perdem ao deixarem de investir em marcas próprias, segundo o Santander

A análise do banco aponta que os produtos de marca própria podem garantir uma margem bruta de lucratividade 30% superior e preços 20% mais baratos em relação às marcas convencionais

Marcas próprias e o varejo: análise do Santander, em parceria com a Amicci, mostra um potencial pouco explorado nas varejistas brasileiras (Tom Werner/Getty Images)

Marcas próprias e o varejo: análise do Santander, em parceria com a Amicci, mostra um potencial pouco explorado nas varejistas brasileiras (Tom Werner/Getty Images)

Janize Colaço
Janize Colaço

Repórter de Invest

Publicado em 21 de setembro de 2023 às 15h20.

Última atualização em 22 de setembro de 2023 às 13h27.

As varejistas brasileiras poderiam ter um desempenho melhor se ampliassem esforços nas chamadas private labels (ou marcas próprias, em português). É o que aponta um relatório do Santander Research, em parceria com a Amicci (a empresa de tecnologia de varejo private label), e divulgado com exclusividade pela EXAME Invest.

O banco analisou a participação das marcas próprias entre as varejistas alimentícias e de farmacêuticas. As empresas brasileiras ainda estão atrás na comparação com companhias de outros países. Enquanto na América Latina a estratégia tem uma participação nas vendas de 3%, na Europa e na América do Norte, em contrapartida, o número sobe para 30% e 17%, respectivamente.

Segundo o estudo, as varejistas podem ter uma margem de lucro 30% superior na oferta de produtos de marca própria, na comparação com os convencionais, devido ao maior poder de negociação com os fabricantes. Além da margem maior, outra vantagem são os preços. Os analistas afirmam que seriam até 20% inferior a de outros produtos, fazendo com que eles sejam porta de entrada para o consumidor devido ao preço atrativo. 

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Para Ruben Couto, analista-chefe de Consumo e Varejo do Santander, enquanto há queda na participação de private label em hipermercados e supermercados - que historicamente eram os principais propulsores das marcas próprias no país -, nos modelos de atacarejo, a expansão dessa estratégia fica abaixo de 1%.

“À medida que o modelo cash & carry (atacado-varejista, em português) continua a ganhar destaque no país, tornando-se o principal formato de varejo alimentar com o qual os consumidores se envolvem, ele introduziu desafios significativos ao crescimento da penetração das marcas próprias", destacou no relatório.

Apesar disso, o banco não descarta que o cenário possa caminhar para algo diferente. “À medida que o atacado assume a liderança no espaço de varejo alimentar, não seria exagero esperar que elas aumentem os esforços na oferta de marcas próprias nos próximos anos”, salientam.

Varejistas e marcas próprias

A situação das marcas próprias entre as empresas cobertas pelo Santander não escaparam da análise. Entre as alimentares, destaque para o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que apesar de não ser a favorita do banco, foi a “pioneira” na oferta de produtos PL. Com um portfólio desenvolvido, a empresa se destaca com marcas próprias como Qualitá, Taeq e Club des Sommeliers. “Em 2022, 21% das vendas de alimentos da empresa foram compostas por produtos PL”, apontam.

Entre as varejistas de medicamentos, a Raia Drogasil (RADL3) está na dianteira quando esse é o assunto. “A RD possui um extenso portfólio de produtos e marcas de PL e, entre os varejistas desse segmento, tem a maior penetração em suas vendas, com 9%, segundo dados de 2022”, afirmam. Entre as marcas próprias do grupo, estão a Needs, Natz, Nutri Good e Care Tech. Há, ainda, opções rotuladas como Raia e Drogasil, vendidas em cada uma de suas duas bandeiras.

Novos preços-alvos

Além de analisar o desempenho das private labels entre as suas varejistas cobertas, no mesmo documento o Santander atualizou seus preços-alvos e recomendações. 

No segmento alimentar, a preferência do banco é pelo Grupo Mateus (GMAT3) em vez de Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3). Além disso, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) teve recomendação de compra rebaixada para manter.

“Agora temos preferência pelo GMAT3, que, em nossa opinião, oferece uma combinação atraente de sólido momento de lucros de curto prazo e valuation descontado – aproximadamente 15% em relação aos seus pares sob nossa cobertura”, explicam os analistas do banco.

Já entre as varejistas de medicamentos, a Pague Menos (PGMN3) permanece como única com recomendação de compra, à medida que o Santander observa um "valuation caro" na Raia Drogasil (RADL3).

Confira as atualizações abaixo:

  • Assaí (ASAI3): preço-alvo de R$ 18 (2024E) versus R$ 19 (2023E), mantendo a recomendação de compra;
  • Carrefour (CRFB3): preço-alvo de R$ 15 (2024E) versus R$ 20 (2023E), mantendo a recomendação de compra;
  • Grupo Mateus (GMAT3): preço-alvo de R$ 10 (2024E) versus R$ 8,10 (2023E), mantendo a recomendação de compra;
  • Pão de Açúcar (PCAR3): preço-alvo de R$ 5,7 (2024E), rebaixando a recomendação para manter;
  • Pague Menos (PGMN3): preço-alvo de R$ 5,80 (2024E) versus R$ 5,90 (2023E), mantendo a recomendação de compra;
  • Raia Drogasil (RADL3): preço-alvo de R$ 33 (2024E) versus R$ 25 (2023E), mantendo a recomendação de manter.
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