Trump publicou uma ordem executiva dando 45 dias para companhias americanas pararem de fazer negócios o TikTok e o WeChat (Tasos Katopodis/File Photo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2020 às 07h01.
Última atualização em 7 de agosto de 2020 às 12h58.
A cruzada do presidente americano Donald Trump contra empresas chinesas, de um lado, e as crescentes dificuldades econômicas dos EUA, de outro, voltam a dominar o noticiário nesta sexta-feira.
Ontem, Trump publicou uma ordem executiva dando 45 dias para companhias americanas pararem de fazer negócios com dois dos mais populares aplicativos chineses, o TikTok e o WeChat. Os dois são acusados basicamente de usar dados de cidadãos americanos de forma ilegal e de espionar o país em favor do regime de Pequim. As empresas, claro, negam. Além delas, outro alvo favorito de Trump é a Huawei, líder global em redes para telefonia 5G, e já banida do Reino Unido após pressão de Trump.
Em nota enviada a EXAME, o TikTok se disse "chocado" com a ordem executiva e que a medida não teve devido processo legal. "Estamos chocados com a recente Ordem Executiva, que foi emitida sem o devido processo legal. Por quase um ano, procuramos nos envolver, de boa fé, com o governo dos EUA para fornecer uma solução construtiva para as preocupações que foram expressas. O que descobrimos foi que o governo não prestou atenção aos fatos, ditou termos de um acordo sem passar por processos legais padrão e tentou se inserir nas negociações entre empresas privadas."
O TikTok, controlado pela novata ByteDance, é um dos aplicativos que mais cresceram nos últimos meses, e está em negociações com a Microsoft. O WeChat é controlado pela Tencent, gigante de tecnologia que vale mais de 680 bilhões de dólares e recentemente ultrapassou o Facebook em valor, com negócios em serviços financeiros e em games. A China afirmou nesta sexta-feira que as empresas seguem as leis americanas, e que os Estados Unidos terão que lidar com as consequências de seu ato.
Também na nota, a empresa afirmou que "nunca compartilhou dados dos usuários com o governo chinês, nem censurou o conteúdo a seu pedido."
A disputa com o presidente americano fez as empresas chinesas de tecnologia perderem 75 bilhões de dólares em valor apenas nesta sexta-feira. E está mudando a balança dos investimentos em tecnologia. Pequim está investindo para ampliar a bolsa de Xangai, já que Hong Kong, outro polo preferencial para investidores, está em xeque com a retirada de liberdades históricas.
Há nas bolsas americanas mais de 150 empresas chinesas listadas, totalizando valor de mercado acima de 1,2 trilhão de dólares. Desde o ano passado, algumas dessas empresas chinesas que tinham capital aberto só nos EUA, como as varejistas Alibaba e JD.com, também fizeram um segundo IPO em Hong Kong, fugindo de potenciais conflitos na bolsa americana advindos da guerra comercial.
Enquanto mira inimigos externos, Trump segue cada vez mais pressionado internamente. Nesta sexta-feira será divulgado um novo dado de desemprego no país -- em abril, a taxa chegou a 15% e a grande dúvida do dia é se a taxa voltou a subir após dúvidas sobre o timing da reabertura econômica. Os pedidos de auxílio desemprego, atualizados ontem, ficaram acima de 1 milhão pela vigésima semana.
Uma nova leva de auxílio emergencial segue pendurada no Congresso. Venceu semana passda o prazo para o pagamento de 600 dólares por semana aos desempregados. O já país chegou a 4 milhões de casos confirmados, e 160.000 mortos. A Universidade de Washington prevê 300.000 mortos em primeiro de dezembro -- logo após a eleição presidencial que tem o democrata Joe Biden como favorito.