Os maiores temores dos conselhos das empresas para 2024, segundo pesquisa da EY
Conselheiros iniciam ano preocupados com inflação, alta de custos e poder de precificação; para 82% dos conselheiros, análise de condições econômicas é prioridade
Repórter
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 15h40.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 16h04.
Nada tem aparecido como ponto de maior prioridade para os Conselhos de Administração de empresas do que a análise das condições econômicas. Isso é o que mostra um levantamento feito pela Ernest Young com 350 conselheiros das Américas, incluindo os do Brasil, Estados Unidos e México. A preocupação foi citada por 82% dos conselheiros entrevistados. A análise das condições econômicas também foi classificada como a maior prioridade no ano passado, mas em uma proporção menor, de 80%.
Quando perguntados sobre com o que estavam mais preocupados, 68% dosconselheiros citaram a inflação, alta de custos e poder de precificação. "Embora a inflação global caminhe continuamente para moderação neste ano, o processo será gradual. A atividade econômica continuará restrita pela pressão de custos e preços, levando os bancos centrais a manter uma postura restritiva de política monetária", afirmou a EY em pesquisa.
Uma boaalocação de capital ficou em segundo entre as prioridades para 2024, citada por 74% dos conselheiros. A pesquisa ainda aponta que o apetite global por fusões e aquisições caiu para o menor nível desde 2014, com apenas 35% dos CEOs planejando combinação de negócios neste ano. "aquisições se tornaram mais focadas no valor fundamental que o comprador pode alcançar por meio de sinergias, com o crescimento da receita sendo secundário à capacidade de impulsionar a relação custo-benefício", diz a EY. Entre os brasileiros, a alocação de capital foi classificada como a principal prioridade, sendo citada por 81% dos entrevistados.
"A disponibilidade e alocação de capital é uma preocupação histórica no Brasil, ainda mais com juro alto e, consequentemente, o custo mais elevado do dinheiro", afirma à Exame Invest Andréa Fuga, sócia-líder de avaliações, modelagem e consultoria econômica da EY para América Latina.
Prioridades emergentes
Mas o assunto que mais deveria ser debatido dentro dos conselhos, segundo os próprios conselheiros, é a segurança cibernética. Segundo 47% dos entrevistados, faltam informações e recursos para o tema dentro dos conselhos. Segurança cibernética também está entre as prioridades, citada por 68% dos conselheiros, 4 pontos percentuais a mais do que na pesquisa anterior, de 2023.
Alguns fatores aumentaram as preocupações dos conselhos com a segurança cibernética, de acordo com a EY. Entre eles, maiores exigências da SEC (a CVM americana), avanços da inteligência artificial, aumento do volume de ataques cibernéticos e mudanças geopolíticas. "A guerra na Ucrânia, o conflito no Oriente Médio e as tensões entre EUA e China podem criar condições nas quais os agentes estatais busquem aumentar seus ataques cibernéticos contra governos e setores da economia, impactando as operações e ameaçando a privacidade dos dados", diz a pesquisa.
Entre as prioridades aindaaparecem inovação e tecnologias (citada por 64%), agenda de talentos (56%) e desenvolvimentos regulatórios (49%).
Nenhuma prioridade aumentou mais para 2024, no entanto, do que a com a análise de riscos políticos. Dos entrevistados, 45% classificaram o risco políticocomo uma das prioridades para este ano contra 29% na pesquisa do ano passado. Esse aumento, segundo Andréa Fuga, tem relação com as eleições americanas previstas para o fim deste ano. "No radar estão as relações dos Estados Unidos com a China e como isso pode afetar as empresas, exportações e consumo."
Menor preocupação com mudanças climáticas?
Do lado oposto, apenas 30% classificam as mudanças climáticascomo uma das prioridades para 2024. O percentual representa uma queda de 8 pontos percentuais em relação à pesquisa de 2023. Porém, 42% dos conselheiros afirmaram que o tema precisa ser mais discutido dentro das empresas. "A percepção dos Conselhos é de que este é um tema mais para longo do que curto prazo, apesar de já haver impactos nos resultados das empresas."
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