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O que esperar do Copom: mercado vê alta de até 1,5 p.p. da Selic

Após governo furar teto de gastos, expectativa é de postura mais hawkish por parte do Banco Central

Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 25 de outubro de 2021 às 11h20.

Com o governo driblando o teto de gastos para custear seu novo programa social, o mercado já começa a precificar uma elevação mais severa na taxa básica de juros, a Selic .

A expectativa é de que a próxima reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ), que começa amanhã e termina na quarta-feira, 27, traga uma postura mais hawkish – que direcione os juros para patamares mais elevados.

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Antes do governo driblar o teto, o consenso no mercado era de uma alta de 1 ponto percentual (p.p.), que levaria a Selic a 7,25% ao ano. Agora, muitos já preveem uma reação mais dura.

O boletim Focus, divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feiramostrou que economistas esperam alta de 1,25 ponto percentual da Selic tanto nesta semana quanto na última reunião do ano, em dezembro, considerando a mediana das estimativas.

Alguns esperam uma alta ainda mais agressiva, de 1,5 p.p. – que poderia levar a Selic para 7,75%. O BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ) está entre os que acreditam em uma postura mais hawkish. Os economistas e analistas do banco projetam um aumento de 1,5 p.p. da Selic diante da “deterioração significativa” do cenário fiscal brasileiro.

Na visão do BTG, haveria uma grande crise de credibilidade do Comitê caso o BC escolha não reagir aos recentes eventos. “Acelerar o ritmo parece ser a atitude apropriada diante da alteração dos fundamentos, de forma a preservar a credibilidade da gestão da política monetária”, dizem em relatório.

O UBS BB também espera mais 1,5 p.p. de juros nesta semana e também na última reunião do ano, em dezembro. Para 2022, o banco vê a Selic em 2 dígitos, fechando o ano que vem em 10,25% ao ano–maior patamar desde 2017.

A previsão de Selic a 2 dígitos é compartilhada pelo Credit Suisse, que fala em uma taxa de 10,5% ao final de 2022. O banco também alerta para consequências no rating da dívida soberana do Brasil. “O país poderia sofrer rebaixamento em seu rating, já que o teto de gastos foi destacado pelas agências de classificação de risco como um âncora fiscal importante", afirmam.

Outro ponto a se levar em consideração é a própria inflação. O boletim Focus divulgado nesta manhã mostrou que as expectativas para a alta de preços subiram mais uma vez.

Economistas ouvidos pelo BC apontam que o IPCA, índice oficial de inflação no Brasil, deve fechar 2021 em 8,96%, contra expectativa de alta de 8,69% na avaliação passada. Para 2022, a perspectiva para a inflação avançou de 4,18% para 4,40%.

Com a alta da inflação, a Ativa Investimentos também aumentou sua expectativa para a Selic para 1,5 ponto percentual. “Anteriormente, o cenário de 1 p.p. contínuo até março de 2022 era suficiente para convergência da inflação para a meta. Contudo, a piora adicional coloca essa perspectiva em defasagem”, afirmam os analistas em relatório. A corretora prevê a Selic a 11% ao final de 2022.

Alguns, no entanto, acreditam que o Banco Central não deve ser tão duro na próxima reunião do Copom. Os  bancos Morgan Stanley, JPMorgan e o próprio Credit Suisse apostam em uma alta de 1,25 p.p. na próxima reunião.

Para o JPMorgan, os "125 pontos-base agora são os novos 100 pontos-base", em referência à indicação do BC de não antecipar aumentos de forma agressiva. Essa também é a visão da corretora Necton, que não acredita em um ajuste forte na Selic no curto prazo.

“O BC tem dito de forma reiterada que não vai correr com as altas. Temos uma informação nova, que é o rompimento no teto, é claro. Por isso, acredito que a elevação será maior que o inicialmente planejado [de 1 p.p.]. Ainda assim, o Copom não deve subir muito mais que isso”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Com a Reuters

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