Febre suína: "acreditamos que a alta só começou e que os impactos de longo prazo da doença ainda não são compreendidos." (JBS/Divulgação)
Karla Mamona
Publicado em 16 de abril de 2019 às 15h27.
Última atualização em 16 de abril de 2019 às 15h27.
(Bloomberg) - A escalada que levou as ações da JBS a um recorde de preço ainda está longe do fim, à medida que o avanço da doença que está dizimando os plantéis de suínos na China deve forçar o gigante asiático a importar mais carne para suprir a demanda local, segundo o Morgan Stanley.
O Morgan Stanley passou a recomendar a compra das ações da JBS e elevou o preço-alvo da companhia em 46%, para R$ 20,50. O papel negociado na bolsa de São Paulo chegou a subir 11,4% nesta terça-feira, atingindo a inédita marca de R$ 19,98. Foi o terceiro dia seguido em que as ações do maior frigorífico do mundo bateram recorde.
A produção de carne suína na China, o maior consumidor mundial da proteína, deve cair cerca de 30% neste ano, segundo o Rabobank. A redução equivale a aproximadamente toda a oferta anual da Europa. Como consequência, os preços e os volumes de comércio de carne - seja de frango, carne bovina, peixes e mesmo produtos de base vegetal - devem crescer, impulsionado as receitas dos frigoríficos.
"A febre suína africana provocou uma escalada nas ações das empresas de proteína, mas não é tarde demais para comprar", analistas do Morgan Stanley liderados por Rafael Shin afirmam em um relatório a clientes. "Acreditamos que a alta só começou e que os impactos de longo prazo da doença ainda não são compreendidos."
A JBS, com operações de carne bovina, suína e de frango no Brasil, na América do Norte, na Europa e na Austrália, subiu mais de 68% desde o início do ano, superando com folga a alta de 7,6% do Ibovespa. Contudo, as ações ainda têm um preço em dólar 20% inferior ao recorde de 2009 e são negociadas com desconto em relação aos papéis da americana Tyson Foods. Segundo o Morgan Stanley, a JBS está "melhor posicionada" para capitalizar com a febre.
"A combinação de categoria e exposição geográfica, escala, utilização de capacidade e acesso ao mercado chinês diferencia a JBS", disse Shin.
Os concorrentes locais da JBS também sobem com a perspectiva de melhora na demanda. A BRF teve alta de até 7,9%, seguida de perto por Marfrig e Minerva.