Invest

Mercado de trabalho aquecido é um desafio para inflação, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central participou da conferência anual do Kansas City Fed em Jackson Hole, Wyoming, nos Estados Unidos

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (Patricia Monteiro/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 24 de agosto de 2024 às 19h11.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o mercado de trabalho apertado tornou a tarefa de controlar a inflação um desafio, já que o processo para reduzir as pressões de preços de volta à meta tem sido mais lento do que o previsto.

— Tem sido desafiador promover um processo de desinflação com o mercado de trabalho aquecido, especialmente em mercados emergentes como o Brasil — disse Campos Neto.

A fala aconteceu neste sábado durante a conferência anual do Kansas City Fed em Jackson Hole, Wyoming. Campos Neto também disse que os aumentos de preços ao consumidor estão acelerando em toda a América Latina.

— O Brasil sempre teve um histórico de inflação mais alta do que os outros mercados emergentes, mas estamos em um momento o processo de desinflação está paralisado — disse, acrescentando que Parte disso “tem a ver com: Como você continua esse processo com aperto trabalhista?”

Os formuladores de políticas liderados por Campos Neto mantiveram as taxas estáveis ​​em 10,5% após pausar um ciclo de flexibilização de quase um ano em junho. A inflação anual atingiu o limite da meta em julho, e os indicadores de atividade superaram as estimativas. Além disso, os banqueiros centrais têm monitorado o mercado de trabalho em busca de sinais de novas pressões de preços à medida que os custos dos serviços aumentam.

Os programas de transferência do governo, antes usados ​​para amenizar os impactos da pandemia no mercado de trabalho, aumentaram ultimamente, disse Campos Neto. No entanto, a melhora das expectativas sobre a perspectiva fiscal do país ajudou a reduzir as taxas de juros do Brasil no passado, apoiando a ideia de que quanto mais coordenadas as políticas fiscais e monetárias forem, “mais eficaz você será”, ele acrescentou.

Os banqueiros centrais em todo o mundo “precisam entender que a inflação está convergindo, mas o processo teve um custo significativo para a sociedade”, disse ele.

Taxa de juros

Em uma série de discursos públicos nesta semana, muitos membros do BC, incluindo Campos Neto, disseram que continuam dependentes de dados e se abstiveram de dar orientação sobre as taxas de juros. Campos Neto disse que a inflação do Brasil deve desacelerar nos próximos meses, acrescentando que o banco está disposto a aumentar os custos de empréstimos, se necessário.

Ainda assim, traders e um número crescente de economistas esperam que o Banco Central reverta a posição e comece a elevar os juros já no próximo mês.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou os altos custos dos empréstimos como um obstáculo ao crescimento, em breve nomeará um substituto de Campos Neto antes do mandato do atual terminar em dezembro.

O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, aliado de Lula e favorito para se tornar o próximo presidente do BC, disse esta semana que um aumento está na mesa para a próxima decisão sobre a taxa de juros em setembro.

Analistas consultados pelo banco central preveem que os aumentos de preços ao consumidor permanecerão acima da meta de 3% até pelo menos 2027.

Acompanhe tudo sobre:Roberto Campos NetoInflação

Mais de Invest

Pé-de-Meia: pagamento a estudantes começa nesta segunda

Barclays é multada em mais e US$ 50 milhões por captar fundos ilegalmente no Catar

Ibovespa fica no zero a zero com investidores ainda à espera de anúncio do pacote fiscal

Aposentados e pensionistas do INSS começam a receber hoje; veja calendário