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Mercado de fusões e aquisições pode alcançar US$ 4,7 trilhões em 2022, prevê Bain

Consultoria estima que movimentações podem alcançar o segundo maior valor da história

M&A: recuperação do mercado foi acima do esperado no segundo trimestre (Jonathan Kitchen/Getty Images)

M&A: recuperação do mercado foi acima do esperado no segundo trimestre (Jonathan Kitchen/Getty Images)

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Beatriz Quesada

Publicado em 19 de agosto de 2022 às 08h00.

O mercado de fusões e aquisições (M&A), que engloba operações de compra e integração de empresas, pode movimentar US$ 4,7 trilhões este ano, segundo cálculos da consultoria Bain, publicados no relatório global de M&A do primeiro semestre de 2022.

O número representa um declínio de 20% em relação ao recorde de US$ 5,9 trilhões de 2021, mas ainda seria o segundo melhor resultado da história para o mercado.

Em entrevista à EXAME Invest, Luis Frota, sócio da Bain, afirma que a explicação para a queda está na mudança do cenário macroeconômico. O último ano foi marcado por uma bonança nos mercados de capitais, com cenário de liquidez altíssima, baixas taxas de juros, incentivos e empresas capitalizadas. 

“Este ano, por outro lado, tivemos uma inversão de tendência por diversos fatores, como alta da inflação, bancos centrais subindo juros, instabilidade gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, gerando volatilidade nos mercados”, explica Frota.

O resultado foi um tropeço relevante do mercado de M&A, principalmente no primeiro trimestre. No período, o valor dos negócios totalizou apenas US$ 599 bilhões, uma queda acentuada em relação aos US$ 970 bilhões do quarto trimestre do ano passado.

A recuperação, no entanto, veio além do esperado no segundo trimestre, com as fusões e aquisições movimentando US$ 702 bilhões em abril e maio.

Frota ressalta que ainda é cedo para cravar o que motivou a virada de chave, mas é possível afirmar que investidores estão voltando a olhar para grandes oportunidades em fusões e aquisições, uma vez que empresas em todo o mundo continuam apresentando fluxos de caixa e balanços robustos.

Ainda assim, o cenário é de volatilidade “inédita”. Um exemplo da oscilação estaria no valor das empresas. O relatório mostra que, em 2021, foram alcançadas avaliações recordes de negócios, com múltiplos médios das empresas/Ebitda em 15,4 vezes. 

Nos primeiros meses de 2022 esses números caíram, mas voltaram a disparar no segundo trimestre, com os múltiplos subindo a 16,4 vezes – acima ainda do registrado no ano passado.

Considerando a instabilidade no mercado, Frota aponta que as empresas devem ter cuidado redobrado ao realizar operações de M&A este ano.

“A alta volatilidade exige cautela adicional por parte das empresas na hora de analisar as potenciais compras. É preciso entender quais cenários estão trabalhando para suas aquisições – com ou sem inflação, por exemplo. É algo que tem feito a diferença no dia a dia das empresas”, diz.

Não significa, no entanto, que as companhias devam fechar os olhos para as fusões e aquisições. Outra pesquisa da consultoria, realizada com 3.900 empresas, indicou que as maiores mudanças competitivas do mercado ocorrem em períodos turbulentos. 

O estudo concluiu que companhias que superam tempos de recessão aumentam em 14% seu Ebit (lucro antes de juros e imposto de renda) nos 13 anos seguintes a um período de desaceleração. 

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Por dentro do levantamento

O levantamento global da Bain sobre M&A no primeiro semestre indicou uma preponderância das operações de fusões e aquisições na América, que representou 52% das negociações já realizadas em 2022. 

Na sequência, a região da Ásia e Pacífico ficaram com 25% das operações, seguidas por Europa, Oriente Médio e África que, juntos, representam 23% das negociações. 

Entre setores, os negócios de saúde e mídia ficaram entre os mais prejudicados. Os  negócios de saúde, que representavam 10% da fatia do mercado de M&A em 2021 e caíram para uma porcentagem de 6% do total. Já o setor de mídia encolheu de 6% de participação no ano passado para 2% em 2022.

As operações de M&A em tecnologia, por outro lado, tiveram destaque e saltaram de 19% de participação no montante total no último ano para um percentual de 26% em 2022. O setor é, até o momento, o principal destaque do ano em fusões e aquisições.

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